quinta-feira, 30 de novembro de 2023

"Cartas 💔" 30 - Laços Multiplicam Traumas

Nada vai se resolver em um mês.
Não sei quando foi que eu achei que tudo ficaria em maré baixa depois de uns dias.
E eu juro que tentei muito, que pensei muito... Mas lá se foi quase um mês inteiro desde que ela decidiu meter o pé dessa história. Quantas desventuras de amor eu vivi no silêncio da minha consciência? Ou da falta dela? Vários!
Quanta saudade trinta dias conseguem abrigar?
Há quantos anos eu escrevo textos de amor para ela?
Quantos poemas ela ganhou, ao telefone?
Quanta falta agora eu sinto de ouvir ela falar com aquela paixão amadora - que eu sempre amei - sobre tudo aquilo que ela gosta e acredita...
Quanto tempo até eu esquecer disso tudo?
Quanto tempo até eu superar a porra dessa história?
Fiquei sabendo hoje, sem querer, através de um amigo em comum que ela voltou a morar com os pais no litoral, que comprou outra caneca nova e igual. Que ela anda muito chata, não parece normal.
Eu também não.
Como esquecer se eu sou dominada pela saudade dia após dia, hora após hora?
Eu vejo que talvez os defeitos nem sejam tão chatos assim, só eu que fui implicante. Hoje eu acho que se ela acendesse um cigarro aqui, eu me juntaria ao lado dela e aceitaria um para que eu pudesse dividir algum momento com ela. Tudo é muito irônico. A amiga dela fumou aqui, onde eu impliquei que ela fumava. E não me incomodou.
Ainda torço para que ela não me esqueça.
Por que eu não vou esquecer, aliás.... Como esquecer? Se isso me mata a cada dia um pouco mais? Se eu já chorei tantas e tantas lágrimas com sabor de água do mar que acho que esse quarto virou um aquário, é possível que eu tenha virado um peixe que nada nas próprias lágrimas? Um peixe francês, soturno e muito triste... sei lá. Ela me magoa por hobby, mas eu não penso em dar troco nenhum dessa vez... eu preciso fechar a conta.
Tudo é muito irônico, mesmo... Eu transo com a amiga dela para esquecer alguém que eu vou lembrar pra sempre, e não importa o que eu faça, não importa a atitude que eu tome, isso segue o curso dos desfechos típicos, vida corre normal, eu ainda acordo, durmo, escuto os pássaros cantando na minha janela, ainda gosto das mesmas coisas, ainda escuto as mesas músicas e ainda acredito nas mesmas ideologias.
Ela, mesmo que eu a enxergue diferente, ainda é ela.
Eu continuo sendo eu, ainda, e eu sei que há uma imensidão de mim... em mim... meu nome ainda é caos mas eu nunca mais quero ter que me apresentar pra ninguém.




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