domingo, 5 de novembro de 2023

"Cartas 💔" 05 - Carraspana.

Ontem à noite eu bebi como se eu fosse capaz de afogar o que sinto dentro de mim.
Aquela parada de pensar que sou capaz de afogar as mágoas.
Clássico. O starter pack de qualquer alma que sofre com a superação de uma ruptura afetiva. Não consegui. Óbvio.
As coisas não são fáceis assim como eu quero e até mesmo juro que são, pelo contrário, são difíceis e nem sempre têm alguma solução. Às vezes a melhor opção é deixar pra lá, deixar de lado, sei lá, passar com um rolo compressor por cima até sumir. E eu tentei muito, mas ao invés de conseguir eu criei um problema maior ainda, eu não consegui deixar de pensar nela por um minuto sequer, meus amigos perguntaram dela várias vezes ao longo da noite e ninguém sabe ainda que nem eu sei mais sobre ela.
De forma deslavada, menti. Eu não tive outra opção senão fugir de encarar a realidade e ficar repetindo de forma tortuosa em voz alta que eu a perdi. 
Eu já encaro a realidade pra caralho sozinha desejando esquecer enquanto eu estou só existindo, na sala vendo TV. Enquanto eu faço um café. Enquanto eu vivo... Sozinha, em casa. Desejando esquecer isso de uma forma como nunca antes desejei nada na minha vida.
Disse pra todos que ela estava bem, que era aniversário da tia-avó dela, na puta que pariu, lá no interior e eu não pude ir por causa do trabalho, depois inventei outra história e outra e outra e outra e assim me esquivei. Não quis ser honesta com ninguém, nem comigo mesma. Como é que eu vou falar em voz alta que ela me descartou e tá plena fingindo que eu morri? Sendo que eu não consigo sequer matar um sentimento dentro de mim.
A saudade dela tá me deixando sem vontade de existir, nos últimos anos eu só existi com ela aqui, então como esquecer? Como reaprender e entender o que é o contrário disso? Por onde eu começo?
Hoje choveu, eu não estava em casa e esqueci a janela aberta... molhou a cama.
O lado dela da cama. "Lado dela.".
Por um momento eu pensei na cara dela de brava que eu adorava e logo em seguida tentei desesperadamente esquecer. O rosto, o cheiro, a risada, a textura deliciosa e confortável do beijo, ela... inteira. Às vezes a nossa cabeça consegue ser o pior e mais sem piedade inimigo que a gente tem, e isso é perigoso pra caralho quando não se consegue manter o controle, a calma, sei lá.
Chorei a chuva toda e mais. Parece que a saudade transborda em dias frios. Pelo vidro da janela, eu observo as gotas que escorrem. Acendo um beck, assisto a vida passando diante dos meus olhos. Tempestuoso, o que machuca o meu peito carrega um nome... Sem ela minha vida é chata, é vida porre, sem graça.
De verdade? A saudade dessa mulher está drenando totalmente minha vontade de viver, no papo.
Acho que isso ainda vai me enlouquecer, tenho certeza disso, porque quanto mais o tempo passa menos eu consigo esquecer o cheiro dela. Acho que tô ficando doida.


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