Um misto de felicidade, ansiedade e confusão me tomou essa manhã assim que eu peguei meu celular na mão. A tela acesa muito clara, já me avisava: uma ligação perdida durante a madrugada.
Dela.
Eu tenho a sorte de ter uma impossibilidade imensa em memorizar números, mas eu conheço o dela pela estética visual. Eu não saberia dizer qual é, mas sei qual é quando bato o olho, não sei explicar e foda-se.
Uma ligação perdida às 2h58.
Pensei em ligar de volta, mas já eram dez e pouco de uma manhã tranquila. Quis deixar pra lá, mas não consegui também. Comprometeu bastante minha produtividade ao longo do dia, minha concentração, roubou o resto de felicidade que eu tinha estocado. Minha capacidade de viver um único dia de paz.
Por que ela não escreveu pra mim? Por que a ligação? Eu não sei, fiquei martelando isso na minha cabeça o dia quase todo. Mil possibilidades batendo a porta. Senti preocupação, medo, saudade, tudo de uma vez. Será que ela queria voltar pra casa? Será que não queria nada? Será que ligou por engano? Será... Será .. Será... Eu só saberia se eu ligasse. Mas eu acho que não quero ligar e eu tenho uma tendência muito forte em sempre priorizar minha vontade. Eu não quero fazer disso uma competição, mas também não quero deixar ela me desestabilizar em uma única ligação.
Mas a minha cabeça virou um embaralho onde eu não conseguia pescar nem mesmo um pensamento solto sem pensar nessa ligação antes.
Não liguei. Não procurei, não sei se era isso que ela esperava que eu fizesse, mas não o fiz. Não senti vontade mas ao mesmo tempo sim.
Eu acho que tô ficando louca.
Pensei que seria bom pra mim não permitir que hoje ela tivesse qualquer um dos meus poemas decadentes de amor ao telefone.
Eu só não contava que no final do dia ela me escreveria. Um oi estranho de receber. Olhei pra tela do celular e honestamente eu não sabia o que dizer. Eu nunca sei.
Um diálogo amistoso e rápido, seguido de um "Vai fazer algo amanhã? Quer tomar um copo, uma cerveja?" - eu respondi que sim com um sorriso que ela não pôde ler, aceitei de primeira. Meu coração pulou dentro do peito, de tamanha alegria. Eu disse que ela não me desestabilizaria? Mas lá vamos nós... Pular do precipÃcio de cabeça, direto pras pedras.
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