quarta-feira, 22 de novembro de 2023

"Cartas 💔" 22 - Colher pra prato raso

Dizem que depois de vinte e um dias um novo hábito começa a se formar. Hoje é o vigésimo segundo dia desde que ela foi embora, então eu acho que preciso parar de acreditar nessas coisas. Não funcionou de primeira pra mim, quem sabe nos próximos vinte e um? Eu tento me desvencilhar desse sentimento mas parece que quanto mais eu tento mais ele se torna grudento, feito um chiclete que eu já não quero mais mascar, enfim.
Nada muda.
Rotinas, hábitos, maus hábitos... Nada muda.
Tem tanto espaço em mim ocupado totalmente pela saudade insuportável que tenho sentido, tanto espaço preenchido pelo vazio que ela causa.
Tudo dói quando eu lembro. Mas o que eu posso fazer se eu não achei que seria tão foda de esquecer?
Ela está em tudo. No quarto, na sala, no corredor, na cozinha... Até na porra do meu fumo. Em tudo. Mesmo. Acendo o baseado e trago angústias do meu mundo.
Vejo amor onde não tem, porque pra mim, do jeito que enxergo o mundo... Está lá.
Há amor, ainda, na cama, no sofá, o espelho do banheiro, no travesseiro, na minha rotina, há amor nos meus hábitos, havia amor também na caneca e nos anéis. Tem amor até na marca da parede, atrás do meu quadrinho.
Há amor em mim. Inteiramente, amor.
Eu sou só paz, eu sou só amor...
Eu só não sei até quando.


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