Por que eu ainda me acorrento à esta história se não há âncoras ou bolas de ferro gigantes presas ao meu calcanhar?
Mas... Parafraseando Zé Ramalho, eu acho que para sempre fui acorrentada ao calcanhar dela.
Eu sinto.
Maldita.
Ah, quer saber?
Foda-se ela, também.
Fodam-se as âncoras.
Foda-se esse amor doente que está me matando por dentro.
Fodam-se as bolas de ferro gigantes imaginárias e amarradas ao meu calcanhar.
Um grandessÃssimo foda-se para ela, de novo.
Sete dias da partida dela, vê -la tocando o barco me deixa com raiva, sinceramente. Eu sei que deveria fazer o mesmo e não é saudável que eu continue à ser tão ligada nesta história. O ódio é um sentimento mesquinho e egoÃsta, mas vai por mim, o ódio move muuuuuuito mais coisas que o amor é capaz de mover. O ódio chacoalha o mundo, treme a Terra.
Sinto raiva. E isso me impede de pensar muito, de pensar com mais frieza e clareza. Eu costumo ceder muito aos sentimentos. Agir sob domÃnio total do que sinto, na emoção mesmo. E arrependimento não costuma fazer parte do meu repertório. Je ne regrette rien. Por nada. Nunca.
Hoje eu desejei não sentir nada, mas sinto porque o ódio ainda é um sentimento... Que curiosamente é produzido ali, no cérebro, no mesmo cantinho que o amor. Não dá pra entender muito. E não importa quando a gente sente o ápice de um ou do outro. E pra mim, um anula o outro.
Quebrei a caneca que costumava ser dela hoje, expurguei o ódio quebrando a porcelana verde em muitos e muitos pedaços, queria que ela tivesse atravessado a parede e ido parar lá na mesa do vizinho, sei lá, que sumisse inteiramente da minha frente. Mas não. Ficou uma marca na parede e os cacos pelo chão, criei uma lembrança que indiretamente vai me remeter à ela. Amassei os anéis no batente da porta. Me gerou uma sensação de prazer imenso, eu sou do avesso mesmo. Ela partiu. E eu preciso entender isso. Eu vou arrancar ela daqui, expulsar. Tudo quanto for memória dela vai com ela pra casa do caralho, pro inferno com esse ex amor.
Foda-se que ela não vai voltar. Mas eu queria que sim. Mas eu queria que ela reaparecesse. De seja lá pra onde ela tenha ido, que volte...
Queria que ela deixasse de existir também.
Dualidades.
Eu queria mesmo que nunca tivesse existido, na verdade... Pelo menos não na minha vida. Desde que ela zerou o contato comigo que eu luto pra isso. Pra anular. Pra apagar. Pra esquecer. Pra não pensar.
Mas como... Como esquecer?
Realmente não tenho âncoras ou bolas de ferro acorrentados aos meus calcanhares... O que me amarra e me afunda é somente o peso das minhas próprias expectativas.
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