Todos os últimos dias eu tenho tentado seguir o máximo minha rotina, todos os dias a mesma sensação vazia e cÃclica. Eu trabalho, aà eu durmo, acordo, eu sento na cama, óculos no rosto, procuro os chinelos, xixi, ânsia de vômito quando escovo a lÃngua, penso que eu adoraria encontrar ela, ouvir a voz, sentir o cheiro, penso que tô um caco sem ela aqui, tomo meio litro de água gelada, fervo água pro café, estico os lençóis da cama, abro a janela, café com leite, baseado, trabalho, almoço, trabalho, trabalho, trabalho, respondo mensagens que ignorei, mais uma caneca de café com leite, fumo outro baseado, janta, assisto vÃdeos que me distraiam e durmo. Às vezes eu jogo tênis à noite. Às vezes eu saio porque quero ou preciso. Mas no geral é cÃclico. A casa permanece num total silêncio, beirando o caótico e a distância dela cria tempos como esse... Vazios.
Me impressiona o tanto que o destino deve rir de nós, meros mortais. Em como as coisas acontecem na nossa vida sempre parecendo seguir um plano muito louco, um enredo pra lá de maldoso.
Tive que sair e ir ao supermercado hoje, urgente. Me atrasei pra chamar o carro do aplicativo porque não conseguia encontrar meu celular, depois minha internet estava desligada e quando saà tive que voltar pra pegar minha bolsa com cartão e outras coisas, quando voltei percebi que tinha perdido meus fones de ouvido. Quando cheguei ao supermercado os alto falantes tocavam Jazz. Agradeci ter perdido os fones.
Lá estava o Jazz... Jazz sem dó. Foi como um carinho no coração, eu gosto muito de Jazz.
E estava tudo bem...
...Até que eu a vi.
Bem... Ali.
Na minha frente.
No final do corredor dos saudáveis, pegando pão sem glúten ou sei lá o que... Eu a vi.
Eu no inÃcio do corredor, ela no final.
Minhas pernas travaram, uma vontade intensa de chorar, de sair correndo, literalmente, um nó atado na garganta. Culpei o meu atraso pelo encontro inesperado. Eu não tive reação. Meu coração ferveu, borbulhou paixão. Tudo de novo.
Eu a vi.
Sua pele, seus olhos, seus cabelos... Tudo me remeteu à saudades. Eu a observei ininterruptamente por uns vinte segundos, sem que ela me visse. Impressionada por sua beleza magistral. Ela emana uma coisa que faz a gente ficar preso mesmo. Uma luz, um Ãmã. É natural nela isso.
A observei por alto, não tive coragem de me fazer ser vista, de me permitir um oi em tom amigo, um como vai cordial, nada. Meu coração acelerado não me permitiu pensar em mais nada. Eu, que desejei tanto um reencontro, fugi do único que tive.
Seria trágico se não fosse cômico. Um ex par romântico, num dia Ãmpar, ao som de Jazz. Que ironia!
Honestamente, tê-la visto acabou com o meu dia.
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