Ela grita que me odeia - eu sei que não é bem assim - mas ouvir da boca dela me machuca, vou dizer que não? Ela diz que eu sou canalha igual seu pai, que eu posso tranquilamente ter duas, pra provocar eu digo que acho que sou bem pior, que tive duas e acho que até mais.
Me arrependi logo em seguida das coisas que eu disse. Mas eu não posso voltar atrás, as palavras já estão soltas no ar, já estão ecoando no ambiente, agora é como se eu tivesse quebrado uma taça no chão onde pisamos descalças. Ou a gente recolhe cuidadosamente os cacos e aceita que quebrou, ou acaba se machucando com aquilo ali. É igual com as palavras. Palavras mal usadas viram armas.
Olhei pela janela, andei um pouco pelo quarto e não encontrei solução, lá estava ela... E seu silêncio tirânico. Seu olhar que também não diz nada de ruim, mas não conforta. Aquele olhar que se eu filmasse, daria um belo drama pro cinema.
Naquela noite eu estraguei o roteiro que ela criou pra nós, eu não lembrei das falas que ela escreveu, deixei os segundos finais com aquele silêncio constrangedor igual pós piada de filme comédia fraco e bananinha, eu movimentei a história, roubei os créditos, tive mais tempo de tela.
Mas ela ainda pode ser a heroína dessa história. O super poder dela é me abalar completamente, eu acho que ela é a SuperFilhadaPuta.
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