Toda vez que eu penso sobre ela eu escrevo uma nova carta de amor, um pouco mais apaixonada, reafirmando os laços, várias linhas falando - ou tentando falar - sobre os sentimentos e tudo que vem com isso que de fato ela me faz sentir. Com o novo. Com tudo de novo. Com a sensação acalorada da vida e de viver, que ela traz pra mim. Sentir é algo louco e eu não sei se entendo muito bem, se lido de forma madura e honesta - principalmente e em primeiro lugar comigo. Me deixa pensativa como ela consegue ser mil e uma possibilidades, mas ainda assim conseguir me fazer achar que nenhuma está ao meu favor. Nunca. Nem quando conversamos horas e horas sobre nós eu consigo sentir que a conheço de forma mínima, nem quando eu tô completamente nua na presença dela, nem quando ela está dentro de mim exercendo a maior intimidade que existe pra mim, nem quando eu tô tirando dela o que a veste, peça por peça, sem pressa. Nem mesmo quando eu tô trepando muito, muito mesmo com ela em cada canto, em cada cômodo, em qualquer posição, consumindo seu sexo e horas de sexo incansáveis e tão, mas tão conectadas, fabricando atração e tensão sexual tão nossa, tão animal... ainda assim consigo achar nossa relação um tanto quanto impessoal.
Eu adoraria que ela morasse somente nos meus textos de amor, queria que ela fosse somente o calor e o teor dos meus textos de putaria que em sua maioria nem são dedicados para ela, mas foda-se. Eu gostaria que ela fosse exatamente como eu a vejo... mas eu sei que eu enxergo mais cores nela do que de fato ela tem, eu sei - também - que a deixo mais cinza do que ela merece ou que realmente ela é. Mas se a história é minha, eu posso colorir ela como vilã pra que eu possa ser a mocinha, porque toda vez que eu penso sobre nós eu sinto que ela me destrói por dentro, eu sinto que ela me abala, me abate, que ela rasga meu coração no meio e o devora quente e cru... Ali mesmo, na maioria das vezes no nono andar, no quarto, na sala, em qualquer lugar mas dentro da casa dela. Sempre nessa cidade. Vir pra cá se tornou uma azia, uma dor de cabeça... uma possibilidade mínima de dar certo.
Eu tô extremamente cansada dessa relação, sinto que o amor não deveria ser isso, não deveria ser assim e às vezes desisto até mesmo de pensar ou desejar que o amor seja com ela, tudo isso me soa como um genérico do amor, uma imitação, uma quinquilharia inútil e barata que comprei na shopee. Ela faz o amor ser uma colher para pratos rasos. Lágrimas de vidro, sempre lá a mesma mágoa, a mesma lágrima que não cai, a mesma rusga. Ela me leva do inferno ao céu, do céu ao inferno e eu torço para que um dia eu consiga recuperar o controle disso, me sentir eu de novo.
Mas... é isso.
Eu disse que não viria, mas eu vim. Disse que não faria, mas fiz. Respeitando os limites que impus pra mim, mas totalmente consciente do que eu poderia encontrar aqui. E toda vez que eu penso em vir e venho de forma amistosa, ela me faz questionar por que é que eu tô aqui. Não estou dizendo que não embarco nas discussões, que ela não me ferve, que eu não bato porta, aponto dedos, julgo, sou escrota, que eu não fujo dela e dos finais dos encontros com ela, eu fujo de dar errado ou que eu não venha planejando ser filha da puta... o problema mesmo é que ainda assim continuo vindo pra ver até onde isso vai me levar.
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