sexta-feira, 9 de junho de 2023

say you're leavin' on a seven thirty train and that you're headin' out to Hollywood

Ainda hoje em dia é difícil olhar pra ela sem ficar sentindo o sabor amargo que tem essa sensação chata de que ela já foi uma mulher que eu desejei muito, que tive muito, que dei muito de mim, o gosto do que já vivemos, esse nosso quase romance que, felizmente ou infelizmente, dura até hoje. Não que eu me arrependa, mas o que é que fica quando chega o fim? Só essa sensação vazia de não esquecê-la mesmo tendo amor, pele, tato em todas as vezes que nos encontramos, quando a gente cruza o olhar eu sei que quero beijar a boca dela até acabar o ar, beijar a boca dela até ficar com calor, é muito claro pra nós ainda hoje a paixão ainda nos queima totalmente por dentro e por fora. Se fosse diferente qual o sentido dela voltar depois de tudo isso? Qual sentido de eu colocar meus pés no nono andar mesmo jurando não voltar toda vez, de eu colocar meus lábios nos dela e me deixar levar pela situação?
Às vezes penso que a gente não se entende mais, que não falamos a mesma língua, tirando quando minha lingua encosta a língua dela eu acho que nós não nos comunicamos com clareza e precisão, que juntas fica impossível viver a vida em paz porque não tem um diálogo sequer que não acabe com ela jogando na minha cara as mágoas que ela mantém, cultiva e cuida tão bem, não tem um encontro que eu não fuja dela igual louca por falta de paciência pra dar explicações sobre coisas que eu nem quero. Toda semana que eu a encontro depois ou eu seco minhas lágrimas na calcinha, pele e pêlos de outra mulher ou eu queimo uma sessão inteira de terapia falando sobre ela por mais de quarenta minutos seguidos, quase que sem ser interrompida, eu mesma sou incapaz de me escutar, gosto de pintar ela como a filha da puta da história, então sigo ouvindo que eu não deveria me sujeitar a essa merda toda. E eu concordo... Até eu tê-la comigo no mesmo ambiente, no mesmo ritmo, na ponta dos meus dedos, dentro ou fora de um quarto, com o acesso liberado eu escondo o medo que sinto de qualquer hora eu desapegar mesmo dela e da nossa história e não sentir mais nada, de não conseguir sentir isso de novo, de não sentir mesmo mais nada nunca mais, de não fazer a gente ter algum sentido, e não faz mesmo porque nós somos um ciclo falido onde somos, também, viciadas em reabrir, às vezes me sinto mesmo forçando uma situação que na maioria das vezes nem sou eu quem procura, mas que sempre me encontra de uma forma ou de outra. E eu sempre a recebo de braços abertos porque eu não sei sentir de outra forma senão amar essa filha da puta pra caralho, muito, com toda intensidade que eu conheço.
Enfim, é foda.
Tô cansada de desejar nunca tê-la conhecido.


Share:

0 comentários: