sábado, 10 de junho de 2023

vinho com saudade cai bem

O elevador me pareceu um pouquinho mais rápido esta noite. A saudade também pareceu me bater mais rápido dessa vez. Me olhei no espelho algumas vezes, ansiosa como na primeira em que subi até o andar de número nove, receosa como na última vez. Não sei se estou certa de que gosto de esperar surpresas quando se trata dela, mas ainda assim lá estava eu. Corajosamente. Novamente. Sem um pingo sequer de vergonha na cara e ouso dizer até que com uma dose a menos de amor próprio também. Pela vigésima vez. Só esse ano.
Depois da centésima promessa de nunca mais colocar minhas mãos nela, meus olhos nos dela, meus pés nessa cidade... Enfim... Lá estava eu,  subindo pro apartamento dela igual louca, doida de vontade de beijar na boca, olhando pra mim mesma no espelho, sozinha no elevador, me certificando de que eu não estava usando um nariz de palhaço porque não está escrito o quando eu me sinto a mais otária do planeta vindo até o encontro dela depois de tudo, prontíssima para mais uma experiência de tirar o fôlego, a paz, a saúde mental... que seja. Uma foda a mais, uma mágoa a menos, tanto faz também, não é mesmo?
Assim que o elevador parou no nono andar, abriu as portas e eu coloquei meus pés no tapete de entrada da casa dela pensei em fugir, mas não deu tempo, não toquei a campainha e acredito que ela sabia o exato momento que eu cheguei pelo barulho do terremoto que dominou meu peito, meu coração acelerou como se soubesse o que viria após e eu acho que às vezes eu sentir isso é algum tipo de autoproteção. Talvez seja só ansiedade mesmo.
É foda.
Enfim.
Ela sorriu quando abriu a porta. Me abraçou apertado, ofegante, afobada, com uma pressa que eu nunca senti antes nela. Com uma paixão que eu gosto de sentir. Com a saudade no mesmo nível que eu.
Foi bom olhar pra ela. Foi MUITO bom olhar pra ela.
Sorrimos, então, por hora.
Sentir saudade é algo doido, né? Eu sei que a saudade que eu sinto daquela mulher não é física, que eu não posso tocar, que não é palpável mas, eu sinto incomodar igual pedrinha dentro no sapato, isso é fato. 
O amor é uma parada de mil grau, e eu gosto dela ao ponto de amenizar a distância, guardar como se fosse muito precioso uma série de lembranças, findar os medos, conversar sobre tudo com uma longa troca de mensagens pelo telefone, eu gosto dela ao ponto de proteger seu nome.
Gosto mesmo dela. Do beijo. Do vinho. De tudo.


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