Às vezes ela entra numa procura por mim, uma busca desesperada, me assusta, ela é covarde porque sabe que eu não sei falar não para ela, que eu vivo imersa na saudade que eu sinto dela, e aí quando ela me encontra, me faz mudar rapidamente de opinião quanto a tudo que nos envolve, eu não sei manter minha ideia de afastamento quando ela tá na minha frente, no cara a cara, olhando no olho, quando a pele dela entra em contato com a minha pele eu não sei fazer diferente, eu volto atrás, daí ela me usa, eu transbordo afeto porque eu a amo de fato. Aí ela me esquece com a mesmíssima velocidade com a qual me encontra, eu quase nunca sei lidar com isso então eu infantilizo tudo, viro a maior cuzona, taco o foda-se, taco muito em outras, faço pior com ela, eu ignoro, eu sou filha da puta, mas eu sei que faço isso porque eu não sei mais o que fazer para esquecê-la - também - por aí. Eu não supero essa história, eu não mudo o roteiro, eu não deixo ela desaparecer entre as pessoas que entram e saem da minha vida, eu não consigo deixar ela pra lá. Por mais que eu tente, ela sempre me dribla, sempre está um passo a frente de mim. Mais cedo ou mais tarde ela me alcança.
Ela me esquece em qualquer canto, em qualquer gaveta, me deixa nas mensagens não lidas, arquivadas, esquecidas, me esquece num canto escuro da saudade, sozinha. Me faz sentir como se eu estivesse morando na Sibéria, em Yakutia, no Alaska, na Antártida, sei lá, no lugar mais frio e foda de ser habitado na Terra, no lugar mais depressivo do mundo. Ela me faz achar o amor impossível, inóspito. Drena minha felicidade e minha paciência. Mais nada. Frio e só, solitária como nunca estive, como nunca imaginei estar.
Faz frio lá fora e aqui dentro o vento bate nas paredes e dentro da minha cabeça, ela rouba mesmo minha felicidade, invade meus pensamentos, monopoliza meu sentimento, o nome dela segue perdido, congelado na minha mente. No frio que faz minha cidade hoje.
Eu adoraria não sentir, não pensar, não querer, não desejar mais nada com ela.
Mas faz frio. Entende?
E o que eu posso fazer se é verão quando ela volta? Se a presença dela deixa tudo quente, e ela se desculpa, penso que ela é otária, diz que também sente muito e que faz tudo por ciúmes, eu acho que é falta de amor. Não há outra explicação para ela me deixar tão de lado assim, senão o fato de que ela só quer diversão, distração. Senão o fato de que ela é só mais uma filha da puta no mundo.
Eu sempre me perguntei como é que nasce o amor, que cor tem, que cheiro exala quando se ama, que som faz, qual a temperatura que tem o amor, além do calor conhecido que emana o corpo dela na minha cama e do rubro no meu rosto. Pra onde é que vai o amor quando se acaba? Acaba? Amor deixa de existir? O que é que vira depois de tudo? E o que é o desamor?
Nunca soube responder.
Será que desamor é essa sensação incômoda, chata, que fica quando ela vai embora?
Enfim.
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