As flores que ficavam na sacada morreram. Tuas flores... Aquelas que eu lhe dei
ainda em botão no dia do seu aniversário. Eu nunca mais cuidei delas como você
cuidava. E, aliás, eu nunca mais cuidei de mim também. O apartamento parece
maior, mais cinza, mais frio e duas vezes mais vazio, tendo em vista que já nem
eu mesma passo tanto tempo aqui dentro. É insuportável estar aqui, conviver com
este vazio, há um vácuo, um espaço a ser preenchido, um ar sufocante que habita
aqui dentro e convive comigo desde que você juntou suas coisas e saiu por
aquela porta. Ando mais sem foco agora, sabe? Um pouco mais sem sal. Durmo
menos, passo (quase) todas as madrugadas acordada me divertindo com amores de
uma noite ou duas. Desde que você saiu eu já perdi a conta de quantas fotos
suas ou nossas eu já rasguei, de quantas músicas eu tive que parar de ouvir só
por me lembrar do seu sorriso. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu tentei
te apagar. É desesperador, guria. E de qualquer forma, eu nunca tenho sucesso
nessas tentativas mesmo...
As estrelas que brilham no escuro ainda estão lá coladas no teto, eu odiava,
lembra? Mas resolvi manter da forma como você deixou, talvez numa esperança
babaca de você voltar qualquer dia desses, e brigar comigo por tê-las tirado de
lá. Eu ainda espero, mesmo sabendo que você não vai voltar. Meu casaco ainda
carrega teu cheiro, meu coração ainda carrega você, minha mente carrega cada
uma das lembranças. Ainda lembro exatamente da cantada barata que te dei no
nosso primeiro encontro e do quão bonitinho você achou aquilo e do seu sorriso,
segundos antes de me beijar. Eu lembro de tudo isso, todos os dias, ainda te
procuro pelo apartamento ou pela (nossa) cama durante a madrugada. Há dias não
vejo rostos conhecidos. Sinto-me sozinha. E toda noite é igual, minha menina. A
solidão é um turbilhão de sentimentos ruins me puxando bem pro olho do furacão,
pro centro do caos. Não há mais nenhum porto seguro aonde eu posso me esconder
e não há mais como me agarrar. E nós? Já nem somos mais “nós”.
Te liguei algumas vezes durante a semana, achei que você pudesse me atender, talvez conversar comigo ao menos por alguns segundos; Não por nada, é que você costumava ser minha melhor amiga e de vez em quando eu sinto saudade das suas broncas, dos teus conselhos. E acho que me adaptei a falar com secretária eletrônica. Já não há mais o que possa ser feito. E então, desisto, acendo um cigarro, coloco mais uma dose de uísque no copo e ligo pra um número qualquer, só pra ouvir alguma voz e enganar minha solidão. O vazio continua aqui dentro.
Te liguei algumas vezes durante a semana, achei que você pudesse me atender, talvez conversar comigo ao menos por alguns segundos; Não por nada, é que você costumava ser minha melhor amiga e de vez em quando eu sinto saudade das suas broncas, dos teus conselhos. E acho que me adaptei a falar com secretária eletrônica. Já não há mais o que possa ser feito. E então, desisto, acendo um cigarro, coloco mais uma dose de uísque no copo e ligo pra um número qualquer, só pra ouvir alguma voz e enganar minha solidão. O vazio continua aqui dentro.
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