sábado, 24 de maio de 2014

Nunca reaprendi a existir.

Acho que quando nascemos pra este mundo, nós viemos carregados e sufocados de coisas de vidas passadas.
A nossa mente já vem com uma porção de coisas de outras vidas, sabe? Talvez alguns sonhos, medos e até lembranças de coisas que nessas vida a gente nunca viveu, sorrisos de outras almas e grandes amores que muitas pessoas não vão poder reviver nesta vida. Se minha teoria estiver certa eu acho que você é um desses amores, dos grandes. Acho que o grande barato da vida é isso. Ou foi isso. Oi ainda será isso.
Só não consigo entender... Tantos e tantos anos te buscando... Pra quê? Pra te desencontrar em cada novo encontro. Eu sinto falta do seu beijo, do seu sorriso e do seu ar. Sinto falta de você deitada do meu lado, da sua respiração acelerada e expressão calma que você costumava ter enquanto dormia, do jeito como tu ronca bonitinho quando está cansada, do seu cabelo dourado bagunçado e incrivelmente lindo pela manhã, leoa da minha vida.. Sinto falta da sua vida confundindo e se fundindo à minha, me trazendo desassossego de uma forma tão calma e pacífica que eu chego a confundir essa sensação com paz, quando você entrou na minha vida o caos pediu arrego.
A linha da sua vida é ligada à minha, somos o errado que deu certo. E errado de novo, logo após.
Minha alma ainda é ligada à sua, somos um e sempre seremos.
Eu ainda vou chorar as mesmas lágrimas que você e também sorrir ao lembrar das nossas memórias tão lindas, compartilharemos ainda dos mesmos sorrisos. Teu cheiro ainda está impregnado em cada célula que compõe meu corpo, em cada fio de cabelo. Está aqui, está em mim.
Penso de verdade que somos apenas uma, sem nenhum exagero...daqui até a eternidade, nossos destinos foram traçados por nós mesmas.
Talvez os romances mais bonitos tenham sido inspirados em nós, como Romeu & Julieta ou qualquer outro romance onde o mocinho se fode muito esperando pela mocinha. Talvez nessa vida eu tenha nascido vilã, e você, mocinha. E teu jeito tenha mudado tudo em mim. Penso assim e sorrio... Engraçado como a presença de alguém pode mudar tanto uma vida inteira.
Ainda não me desfiz das nossas fotos e não desarrumei nada do que você deixou. Não sei nem quando farei isso, então por enquanto tudo continua exatamente igual. Acredita que teu casaco vermelho ainda está pendurado atrás da porta? Lembra como você era louca por esse casaco? Lembra do jeito como ele te deixava linda? Eu era muito boa em fingir que odiava, e sempre dizer que ficava brega. E você sorria e me beijava. Devo admitir que você ficava linda no casaco ou em qualquer outra coisa que usasse, até naquele pijama furado ridículo que você costumava dizer que usava quando eu não merecia dormir do teu lado, eu sempre dava risada...
Você nunca me disse adeus, por que? Penso que talvez um dia você volte e vá odiar meu cabelo raspado e minhas tatuagens novas, dizer que odeia minha cara de rebelde quando to careca.
Eu mudei.
Você também deve estar muito mudada. Deve continuar chata do jeito que sempre foi. Você nunca deveria ter me deixado.
Fico pensando que qualquer dia você vá me encontrar de novo num café qualquer, sentar ao meu lado e comentar sobre o livro que estou lendo, como na primeira vez. E se você fizer isso, logo aviso, vou te achar chata e efusiva da mesma forma, mas vou lhe passar meu telefone e sorrir quando você ligar pra falar mal do meu livro, talvez dessa vez eu realmente leia o livro que você me indicar. No dia em que você fez isso, eu te odiei tanto que salvei seu número como "menina louca do café", com a ideia fixa de nunca mais te atender. Inevitável. Te atendi em todas as vezes que você ligou. Nunca lhe disse, mas na manhã seguinte àquele show que você me levou daquela sua bandinha chata e favorita, eu acordei explodindo felicidade. Nunca em toda minha vida tinha sido daquela forma. Lembro-me exatamente da forma como você me olhou aproximadamente três segundos antes de eu te beijar, de como seu beijo encaixou perfeitamente com o meu. E do quanto eu quis te ver todos os dias daquela semana. Lembro-me exatamente do quanto você riu de mim quando descobriu que eu sou alérgica a flores, quando me mandou aquele buquê de tulipas no meu aniversário, e eu passei a noite toda espirrando e a gente teve que procurar um antialérgico qualquer pela sua casa. Lembro-me do quanto você estava bem e feliz quando eu te levei até o terraço do shopping do centro pra ver o pôr do Sol e te pedi pra ser minha, de forma oficial, você pensou por uns quatro segundos e me disse sim. Me fez completa e sua naquele momento. Eu sinto falta das horas que a gente gastou no telefone falando sobre como tinha sido o dia, o tempo, a vida alheia e sobre nós, sobre nossos planos. Tínhamos muitos planos, né? Onde foi que deu errado? Me diz: Quando foi que você optou por desistir e me deixar sozinha?
Penso que talvez essa tenha sido o destino, rindo de nós, a vontade (ou crueldade) divina manifestada num dia de chuva e numa batida de carro, fatal. Eu sei você não teve escolha, nem chances. Às vezes acho que a culpa é minha por me recusar a te buscar e discutir com você alegando que você trabalhava demais. Lembro que quando você disse que me amava, eu não tive tempo pra responder, foi tudo muito rápido e eu só escutei um barulho antes da ligação ser cortada. Isso me persegue desde então. Quantos “eu te amo” caberia naquele espaço de tempo? Quantos “eu te amo pra caralho!!!” eu deveria ter te dito antes de você partir? É doloroso, você não faz ideia do quanto isso dói. Só eu sei o quanto eu rezo todos as noites pra que você se levante daí e volte pra casa, mesmo que seja só pra reclamar que eu fumo demais, que eu to sempre chapada e rindo da sua cara, que eu nunca deixo nada organizado, que eu comi aquela sua torta saudável que tinha um gosto péssimo, qualquer coisa. Volta. Encontre-me pelas ruas, no início de uma manhã qualquer, me diga que a saudade não deixou você ficar longe de mim, ou me encontre em uma livraria e critique meu gosto, por favor, pequena... Só me encontre. Não precisa nem se desculpar pela ausência. Volta e diz que foi tudo uma brincadeira de mau gosto e que não houve acidente nenhum, que o carro esmagado que foi noticiado no jornal não era o teu, e que o sangue espalhado nos destroços não custou tua nossa vida. Vem e me acorda pra dizer que tudo isso é só um pesadelo e que amanhã de manhã nós vamos tomar café juntas.
Por favor. A vida já nem faz sentido sem você. Veja bem. Tua falta é algo desesperador, eu enlouqueço um pouco mais a cada minuto sem você dentro dessa casa. É insuportável o peso da tua ausência do lado esquerdo da cama ou até nas coisas mais mínimas que existem.
Eu te espero, por favor, me reencontre em breve, se por acaso não nos encontrarmos mais, até nossa próxima vida então, minha pequena! Eu te amo, eu te amo muito.



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