quarta-feira, 14 de agosto de 2024

tô precisando de mim, perdi o contato

Gosto de curiosidades aleatórias. Sempre fui de me apegar aos porquês, ao questionamento, de entender como tudo que é alvo da minha curiosidade funciona.
Estive pensando, agora pouco, enquanto passava em frente à farmácia do centro que fechou recentemente: e se eu fosse capaz de juntar todos os comprimidos, as cápsulas, as drágeas que eu já tomei nessa vida pra parar de ficar triste, qual seria a quantidade que eu conseguiria juntar?
Não gosto de coisas sem respostas, então pensei bem, pensei, pensei e bom, vamos lá, hoje são dois ao dia, mas já teve um tempo onde eram sei lá, oito. Tiveram alguns dias onde eu esqueci, desisti, fugi ou simplesmente não quis. E teve dias que eu só acendia um baseado e torcia pra isso passar. Teve uma única vez, aos vinte e três, que eu tomei vários de uma vez e acho que essa não vai contar porque eu vomitei tudo depois.
Assim que cheguei em casa, corri peguei lápis e papel, abri a calculadora... acho que tomei aproximadamente 6.840 cápsulas, comprimidos e drágeas. 
Arrendondei vai, 7.000.
Me espantei porque porra, sete mil vezes eu engoli isso numa esperança de não ser mais triste, olhando bem é uma porrada de tristeza pra engolir. Um monte de tristeza, saudade, frustrações desmotivadas, ou sei lá o quê pra fazer sumir, né?
Mas aí... Ainda tomada por uma curiosidade quase infantil, pensei: E se eu pudesse empilhar essas pequenas doses de felicidade artificial e suposta vontade de viver qual a altura que isso alcançaria?
Ri por um momento, quem mais pensaria nisso, senão eu? Lembra que eu falei que sou tomada por uma curiosidade que é muito singular, né?
Mas é sério... quantos quilômetros têm a minha maluquice?
Setenta metros. É sério.
Por cima, assim. Setenta metros.
Será? Bom, pelo menos é o que a minha calculadora e conta maluca chegou.
Ri e pensei que setenta metros é um prédio de aproximadamente vinte e quatro andares, cara. Não é possível!
Mas olhando no mapa online isso não chega a ser do início até o final da minha rua, ou da portaria do meu prédio até a praça na rua de cima. Ué.
Fiquei mais impressionada pelo fato de ser tão curto e ao mesmo tempo tão alto que sequer refleti que caralho: eu tenho setenta metros de espectro e cabeça maluca.
Misericórrrrdia.
Quando eu falo misericórrrrdia eu lembro que preciso parar de imitar o sotaque das pessoas que eu eventualmente conheço por aí.
Enfim. Vinte e quatro andares, gente.
Será que o prédio onde fica a sala do Doutor Álvaro tem mais de vinte e quatro andares?
Por ora, eu não me lembro, mas lembro que o consultório dele fica no décimo segundo andar, que é metade de vinte e quatro, então a subida e descida do elevador são setenta metros de viagem? Setenta metros de ida e volta, subindo e depois descendo, só pra pegar o papel que me prescreveu: tomar sete mil vezes na vida pra tentar ficar menos triste.
Que loucura.

Doutor Álvaro,
eu sinto muito, mas esse tanto de comprimido, drágea e cápsula não deu muito jeito, sabe?

E se eu tomar em gotas?


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