terça-feira, 13 de agosto de 2024

eu vi glitter onde não tinha, você viu glitter me achou bagunceira

Você me inquieta.
Sempre foi assim.
Desde a primeira vez que eu te vi, sempre notei esse potencial de me fazer parar mesmo, de me fazer te olhar como se você fosse a única coisa existente no planeta naquele milésimo de segundo. Você me inquieta desde o primeiro contato, literalmente, tô nem brincando. Você tem esse potencial de ser a única pessoa no mundo capaz de fazer eu esquecer de tudo enquanto você fica lá, pairando na minha cabeça igual o slogan do DVD. Lembra?
Às vezes era tão bom sentir tudo isso nascendo e vigorando dentro do meu peito. Você nasceu com isso de me gerar amor, incômodo, tanto faz... Eu já nem tenho palavras, também não sei porque insisto em escrever sobre isso se eu sequer quero que você leia. Acho que escrevo pra me livrar de sentir, porque eu só tenho isso... só tenho sentimentos, agora. Só essa vontade imensa de te deixar num canto onde eu nunca mais te encontre, eu adoraria poder fugir dos sentimento que você retém, só queimar nas minhas linhas (ou das minhas linhas) tudo isso que você me faz ser refém.
Eu já te conheço exatamente metade da minha vida, agora. O que isso quer dizer? Nada. Que eu perdi anos nisso. Olho no espelho e tenho alguns fios de cabelo brancos, você também, embora charmosa, esse negócio que chamamos de amor já dura mais tempo que a melanina dos nossos cabelos. Mas ainda assim são anos esperando sempre uma nova tempestade chegando nos teus olhos castanhos, tretas e transas intensas, você escorregou dos teus lábios palavras terríveis de ouvir, e eu acho estranho que eu ainda tenha algum afeto para te oferecer. Estranho que eu saiba que você usa comigo uma máscara de boa menina, enquanto escuto de amigos (mais seus do que meus) sobre o quanto você é capaz de ser filha da puta comigo. Foda-se, né?
Não te culpo.
Eu faria (talvez até faça mas você não saiba) pior do que você imagina.
Você é filha da puta.
E eu sou igual.
E tudo bem.
Não vou te colocar dentro da minha caixinha da moral. Mas também não posso dar moral pro que me rasga o peito.
E é justamente por isso que seguimos com isso. Mascarando as cicatrizes e dançando sobre a imagem distorcida e utópica do que sentimentos.
Você não é legal. Você não é uma boa pessoa mesmo, queria que você soubesse que eu sempre soube disso. Isso, na verdade, é o que todo mundo que conhecemos diz, que você não vale porra nenhuma. Mas eu gosto de um malfeito, lembra? Penso em você mais uma vez, não sei se em Caetano ou em Tom Zé, o tempo passou demais e eu nunca mais ouvi nada de novo sobre você.
E por mais estranho que isso possa parecer: você me causa um pouco de saudade, no entanto.


Share:

0 comentários: