Não havia nenhum movimento que ela fizesse que não fosse sincronizado com meu olhar atento e observador, suas mãos mexiam nos botões do painel do carro, trocavam a música, aumentava o frio do ar condicionado, sei lá, eu só conseguia prestar atenção que ela ia fazendo isso, virando o volante, olhando os retrovisores, acelerando... tudo ao mesmo tempo, conversando comigo e ainda intercalando com toques na minha perna, carinho na nuca. Ela consegue fazer uma porrada de coisas ao mesmo tempo, que engraçado, eu só consegui prestar atenção mesmo nos toques dela e na proximidade que ela gerou entre nós e que já me dava sinais de que o fogo que ela sentia dentro de si cruzaria qualquer barreira física, invadiria meu espaço e assim, rapidamente me queimaria também.
Onde quer que fosse, eu sei que ela me teria nua muito fácil, ela me levaria pra qualquer lugar que fosse, no mundo, eu juro, naquele espaço de tempo entre o beijo e meu desejo ela conseguiria me levar até pro Alasca mesmo eu estando de shortinho, se ela assim o quisesse.
E assim foi.
Mas foi ali no final da rua da minha casa mesmo. Eu senti os lábios macios dela tocarem os meus mais uma vez, à meia noite e trinta e seis. Eu ia me despedir, mas as mãos dela deslizaram devagar pelas minhas coxas despidas, a língua dela deu tantas voltas na minha e aquilo não me pareceu um beijo de despedida. Na verdade, só no beijo eu já queria estar deitada com ela por cima. Meus dedos por entre seus cabelos pareciam um passeio guiado unicamente pelo meu instinto, pela minha vontade. Ela arrepiou e sorriu, a ponta dos seus dedos subiu intimamente até me sentir molhada, escorregando nos meus próprios desejos. Ela me encarou por poucos segundos, eu olhei de volta, aí ela disse que morria de tesão na minha cara de brava e voltou a me beijar mais intensamente. Dali pra frente, nada mais foi calmo. Eu não sei beijar de boa e aliás, pra que? Beijo na boca é sempre beijo na boca e eu adoro.
O fogo nos consumia, exatamente como eu imaginei que faria, e nossa vontade não era tranquila, será que ela imagina o quanto eu esperei por um momento assim, algum dia?
Já no banco de trás, ela entrou em mim e sentia minha pulsação...com minha calcinha afastadinha pro lado e eu arrepiei, senti meu corpo derretendo, senti uma conexão imensa com ela. Quando eu sentei no colo dela, ela sabia que tinha me ganhado. Eu sei que ela sabia.
Nós duas dentro do carro que parecia que ficava cada vez menor, cada vez com menos espaço pra se viver as vontades agigantadas e acumuladas.
Mas insistíamos em fazer caber.
Quando vivo essas coisas penso que ainda bem que eu não tenho responsabilidade alguma em ser uma mulher que presta, me permitindo viver uma impetuosa vontade com ela.
Até agora não sei porque tudo aconteceu ali, poderíamos ter subido e queimado o fogo no meu quarto. Mas acho que tem coisas que são pela emoção, sabe? Meio impensado.
Enfim.
Ela escreveu a inicial do meu nome no vidro embaçado, com um coração do lado, depois do orgasmo.
E eu achei isso fofo pra caralho.
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