Eu sinto falta de te sentir, de estar aí, mesmo você reclamando que eu te amo apressada, como se o tempo não fosse nada. E eu sinto falta de ter você por aqui, entre idas e vindas. Subindo as escadas, degrau por degrau e me encarando da porta como se a gente pertencesse ao mesmo mundo, pelo menos naquele segundo nós estivéssemos conectadas, ao mesmo tempo tudo acontecendo ali, diante dos nossos olhos e é tão maravilhoso a primeira fração de segundo onde eu te olho nos olhos e me permito reviver nosso amor. Eu juro. Eu sinto falta de você e de todas ou quase todas as sensações que você causa.
Eu nunca mais estive no nono andar e eu não sei até que ponto me faz falta estar. Saudades de você me colocando nos lábios e me degustando como se eu fosse seu vinho português favorito, aquele com nome esquisito. Penso em você, em nós e não lembro mais sequer onde nos perdemos. Mas lembro de muitos encontros onde nós nos ganhamos e fomos criando esse elo entre nós, nós atados. Essa ligação maluca que nós temos uma com a outra e nossa comunicação confusa, mas que a gente entende tão bem.
Eu sinto falta, linda. Falta de tudo que você é, de tudo que você representa pra mim. Às vezes acho que queria voltar no início, mas penso que jamais seria a mulher que eu sou hoje sem nossa história bagunçada então logo desisto. Talvez se a gente tivesse dado certo desde sempre não teríamos esticado tanto esse amor e hoje não estaria assistindo a mulher incrível que você se tornou. Te escrevi uns trezentos textos e acho que nunca te disse isso. Mas deixo registrado aqui e agora: você é foda.
Eu não somente gosto de você. Às vezes eu acredito que eu me submeto a estar na sua vida ano após ano porque te amo, não teria outra razão senão a minha explícita vontade de tocar sua pele, seus lábios, sua boca, de me enrolar nos teus cabelos claros, morar na sua cabeça, na sua b*****. Sabe? Entende? Eu quero morar em você, eu quero invadir sem querer seu sistema nervoso periférico e estar em casa um dos seus sentidos, quero ser responsável por seus pensamentos mais profundos, mais impulsivos.
E isso explica muito o meu coração acelerado, te amando apressado porque eu tenho medo de acabar a sorte do tempo que eu tenho ali. Com medo dos bons ventos que nos aproximam, fechar o tempo e mudar o clima.
Sei lá.
Sempre seremos o paraíso e o inferno uma da outra.
domingo, 30 de março de 2025
quarta-feira, 26 de março de 2025
boo! #01- O Quadro
Daniel estava radiante. Tinha conseguido o primeiro e tão desejado emprego no mesmo dia em que estava completando dezoito anos. A comemoração seria dupla, pelo emprego e pelo aniversário.
- Que sorte! - repetia o rapaz, cheio de alegria.
Durante a noite, enquanto aguardavam o jantar de aniversário ficar pronto, Daniel contava sobre todos seus sonhos, tirar carteira de habilitação, talvez um carro se der pra juntar um dinheiro, ajudar com as contas de casa e tantas outras coisas... A mãe se dividia entre escutar os planos do filho e a lasanha no forno, enquanto o pai lhe dava um sermão sobre as novas responsabilidades que a maioridade traria. Foi uma noite memorável pra Daniel, que devorou seu prato favorito, assoprou as velinhas, abraçou os pais e foi dormir. O rapaz mal podia se conter de tamanha ansiedade. Começaria somente na próxima noite.
Na manhã seguinte acordou radiante e nervoso, o que fez parecer uma eternidade até que chegasse a hora de seu primeiro turno. A mãe orgulhosa, olhava da porta do quarto o jovem arrumado para seu primeiro dia. O emprego era legal, uma empresa pequena, na cidade vizinha, não muito longe de casa. Daniel trabalhava finalizando as caixas com fitas adesivas para que fossem transportadas pela manhã. Trabalhava juntamente com um senhor da idade de seu pai ou até mais velho, não se sabe, a única coisa que Daniel sabia sobre ele era seu primeiro nome, que ele era descendente de algum lugar da Ásia e que ele era muito calado e falava somente o necessário. Não que isso incomodasse Daniel.
Como trabalhava no período da noite, não tinham tantos funcionários assim então tudo era sempre um total silêncio. Parcialmente escuro, corredores, salas, tudo escuro, mais metade do galpão onde Daniel ficava era apagado, além de naquele espaço ficarem somente ele e o colega de trabalho. E isso também não incomodava Daniel.
A única coisa que o jovem achava realmente estranho era um quadro, no corredor ao lado do refeitório. Um corredor longo e apagado, mas o quadro era iluminado por uma pequena luz diretamente voltado para ele, como se a pessoa proprietária do quadro fizesse questão de exibir aquilo, dando destaque a ele e fazendo qualquer um o enxergar com bastante nitidez. Um quadro cheio de olhos e uma única boca, os dentes pareciam em alto relevo como se fossem dentes de verdade. Daniel olhava e aquilo parecia se mexer como se olhasse pra ele de volta, ele poderia jurar que viu aqueles olhos estranhos piscarem alguma vez. Ele sempre sentia seu coração acelerar quando olhava para o quadro. Sempre. Uma sensação estranha no estômago como se aquilo fosse vivo. Como se o observasse. Senti medo ou repulsa. Não sabia distinguir bem.
- Não olhe muito para o quadro e nunca olhe o quadro de perto. Não pertence à você. - disse o velho com quem trabalhava, assustando Daniel, que achava que estava sozinho no refeitório. Daniel não quis perguntar porquê, na hora pensou que pudesse ser uma piada, uma pegadinha. Mas o tom de voz do velho foi seco e sério.
Daniel não conseguiu parar de pensar nisso. Passou o dia todo com o quadro na cabeça como se aquele quadro horrível o atraísse.
Na noite seguinte, o velho não foi trabalhar. Daniel tentava se distrair sozinho naquele galpão escuro e vazio. Já não tinha trabalho pra fazer, então o silêncio ficou incômodo dessa vez. Daniel tentava lembrar de coisas boas e de tudo que pudesse tirar o pensamento das falas do velho na noite anterior, mas nada ajudou.
Na hora do seu jantar, se dirigiu ao refeitório devagar, como se soubesse que em poucos minutos estaria na presença daquele quadro estranho.
E realmente, lá estava o quadro. Exatamente igual. Daniel não queria olhar muito, evitava. Mas a luz atraía seu olhar.
- É só a porcaria de um quadro estranho e de mau gosto. - pensava o jovem.
Mas o misto de curiosidade e medo tomaram sua cabeça, ele se dirigiu até o corredor. Parou no início e ficou lá... Encarando o quadro e... Nada aconteceu. Pensou por alguns segundos que tinha vencido o medo. Daniel riu e deu alguns passos em direção ao quadro. O corredor completamente escuro. A única luz há alguns metros dele, iluminando somente o quadro, que parecia se mover como se fosse vivo, como se aquela boca com dentes fosse capaz de devorar qualquer coisa que se aproximasse e os olhos observassem cada passo dado. De repente Daniel foi tomado por um frio na espinha tão gélido que não saberia explicar nem se quisesse, seu coração apertou, sentiu um peso estranho sobre seu corpo, sabia que não estava mais sozinho. Tentou correr e suas pernas não o obedeceram, sua voz parecia presa, se sentiu como naqueles sonhos em que não se consegue simplesmente acordar e acabar com tudo. Daniel sentiu toda a felicidade, jovialidade, vigor, sangue, tudo sendo drenado de seu corpo, uma dor horrivel no rosto e sem perceber o rapaz simplesmente desmaiou.
Acordou não se sabe quanto tempo depois, tentou abrir os olhos mas nada via, seus olhos haviam sido arrancados e no lugar dos olhos haviam apenas dois buracos negros e profundos, não conseguia se mover, gritou mas ninguém poderia ouvi-lo até pelo menos a manhã seguinte. Daniel sabia que não sairia dali nunca mais, sabia que não era um sonho, sentia a dor horrível em seu rosto, sentia o sangue escorrer pela sua face, sabia que nunca mais voltaria pra casa. Não havia mais o que fazer. A última coisa que Daniel ouviu, foi uma voz conhecida, que aparentando estar distante, disse:
- Quem olha muito para o quadro tem seus olhos e alma roubados.
quinta-feira, 6 de março de 2025
"o que não é vc não me interessa" ✓✓
Eu gosto do cheiro que ela têm porque gruda nas minhas roupas, pele, dedos, narinas e isso me mantém pensando nela mesmo quando eu tô longe. Eu gosto da intensidade que ela me reserva, amo quando ela se entrega pra mim por inteira, inteirinha, geme gostoso jurando que é minha... E quem diz que não?
Ela me suprime o ar, me faz acreditar que seu orgasmo é a mais genuína dentre as declarações de amor... E como eu adoro aquela boca gostosa gemendo e falando meu nome baixinho, falando que tá quase chegando lá e me pedindo pra ir mais forte ou mais rapidinho, lambendo minha boca um pouquinho, nossa foda é sincera. Aliás, há algo mais sincero do que nós, eu e ela, encostadas, molhadas, receptivas e desejantes, encontrando juntas o ápice da vontade... Enquanto os dedos dela se certificam que a intimidade embaixo da minha calcinha aplaude ela, pulsa, convida, deseja. Enquanto ela deságua a vontade dela nos meus dedos e quase me mata de sede e vontade. Ela é um absurdo vivo que caminha sobre a terra, que rouba meu juízo, minha sanidade, me rouba até a última hora da minha líbido, resumindo: nada é mais honesto que uma buceta molhada.
Essa é a minha opinião.
Ela é acostumada com poças de amor, mas eu sou riacho de vontade. Eu sempre quero ela de novo. Tanta buceta no mundo e eu viciada na dela.
Ela deita e rola mas minhas intenções. É foda. Ela é tipo abstinência fodida de droga, eu posso garantir que têm quase três anos que eu não uso cocaína, mas com certeza não tem nem três semanas que eu comi essa mina. Sem ela eu não fico, é sempre tudo sobre isso. Ela abusa da minha boa vontade desde que eu tinha pouca idade. O que eu faço? Eu cedo, eu corro, eu minto, eu trepo, eu juro amor e saudades.
Aliás, eu sempre sinto saudades dela sei lá.
Até ela me ligar de novo.


