domingo, 30 de outubro de 2022

mil sóis

Ela me encontrou de quebradinha, na caladinha, nossa clássica fugidinha. No sigilo porque minha vida particular e o que eu faço fora dos olhares dos outros não interessa a ninguém. Fora da rotina, bem longe da minha casa, lá estava ela... bebendo e agindo na emoção, coisa que nem sempre eu faço, mas mesmo não sendo muito boa com emoções, minha razão foi pro espaço assim que ela me mandou convite e localização. "Vem?" "Vamo!" Eu vou, óbvio que eu vou. Ansiando trepar com ela, quem sou eu pra falar não? Tendo em vista que eu adoro um convitinho sacana, uma trepadinha gostosa no meio da semana, eu aceitei logo de primeira, tesão, solidão ou só falta de vergonha na cara? Eu não sei, mas encontrá-la foi aceitar o que pudesse vir desse encontro e eu adoro, muito mesmo, a companhia dessa mulher, marcha no que é!
No quarto trancada com ela, ela me contou que sonhou comigo, deu saudade e no fundo, ela sentia e até mesmo sabia que me encontraria ainda naquele dia mesmo. Os olhos dela se fecham quando ela sorri e eu acho graça quando ela fala essas coisas. Além do mais, qual  é o convite que ela me faz e eu consigo resistir em paz? Nenhum. Ela me tira dos problemas, me deixa off algumas horas na semana.
Adoro implicar com ela e falar que ela só tá querendo buceta e não tá sabendo pedir. Ela sabe que isso não é mentira e por isso também ri. O que ela quer de mim que ela não tem, tirando meu coração? Nada. Não atinge o coração, mas tem a preferência da meu corpo. Minha boca é viciada em lamber ela inteira, devagar. E no resumo, o que ela quer eu adoro dar pra ela, com vontade, fora da regra. O que ela quiser a gente faz. Combinado ou não, quando acontece é tão sempre muito bom. Ela é a única mulher nesse mundo que me faz atrelar, confundir aquele sexo bom, um chá de buceta com paixão.
O gosto dela, enquanto molhada, me satisfaz. Sinto uma sede violenta dessa mulher e do beijo molhado dado nos lábios, lambida na boca e na cara, sem pressa, sem nada. Ela é gostosa, deitada de costas pra mim ganhando dedada é mais ainda. Gemendo baixinho com aquela voz gostosa, é mais ainda. Rebolando esfregando o rabo em mim é mais ainda. Eu poderia listar uma infinidades de coisas que a gente faz que é gostoso e "mais ainda".
Ela andava nua pelo quarto, maravilhosa, extremamente gostosa e toda rabiscada, a luz vermelha pintava e destacava as expressões de desejo no meu rosto, no rosto dela. Ela me acha engraçada, eu a acho mais ainda principalmente quando ela fala que vai acabar com essa minha vida de desprendida, de vagabunda, de farra sentando na minha cara. Eu taco nela com vontade, com saudade, com cuidado. Buceta vicia? Talvez a dela sim, depois do orgasmo, ela me chupou muito molhada, enquanto eu gravava videozinhos, fudendo e fumando meu baseado, afim somente de registrar o momento, sem expressar muita coisa. Depois em pé, na minha frente, percebi os olhares dela percorrendo meu corpo despido, de forma incansável. Me senti realmente um quadro raro, parte de uma moldura linda - que somos nós. Repito a pergunta, então: chá de buceta ou paixão?
Eu nem proponho defesa porque ela não somente me comia, mas me devorava - também - de forma incansável e calmo. Muito nosso.
Ela ferve no meu corpo, fazendo festa como a paixão, como eu e ela dentro do carro, do quarto, de qualquer espaço. Quente como o momento onde eu entro nela, subindo os graus dos dias frios de São Paulo, fervendo o ambiente, eu olhava pra ela, entre os lençóis, dentro dela era tão quente quanto mil sóis. Ela engole e me cospe de volta pro mundo completamente derretida, fazendo com que eu escorra amor. Ela é foda, a moral é minha se eu der pra ela eu fico sem. E sim, buceta gostosa vicia pra caralho. A gente encerra a noite na luz vermelha do meu quarto, discutindo poesia barata, com ela fumando na janela, experimentando loucuras em uma madrugada.
Vou tomar outra multa por causa dessa filha da puta.


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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

cínica manhã cinza

 "Bom dia!" - Eu gritei e ela sorriu, genuinamente feliz em me ver. O estado de apaixonamento em que ela se encontra, ainda - assim como eu - a fez beijar a minha boca com disposição, um misto de afeto e desejo que eu nunca senti antes com ela. Fiquei nervosa. Tremi mesmo. Praticamente me agarrou assim que me viu, sem muitas etiquetas ou regras na recepção, só amor e beijo na boca. E eu adorei. Minha saudade me fez abraçar aquela mulher tão apertado que o choque foi inevitável pra nós, foi físico, carnal, quente, fez um barulho imenso no coração. Contato, às vezes é só disso que eu acho que a gente precisa. E por isso, dado a intensidade que somos nós, eu e ela, perto demais, os medos, os receios, traumas ou sei lá, às vezes voltam. E eu não quero mesmo encontrá-la porque eu preciso sentir e entender que, pra mim, seguem sendo encontros onde eu nem quero ou devo dar algum significado, são encontros onde eu me levo por inteira e tento me preservar o máximo possível pra não voltar em pedaços, mas eu continuo me permitindo porque eu nasci filha da puta até comigo e muito corajosa. E também não deixá-la em pedaços do alto da vida dela lá no nono andar. Porque eu sou eu, e só posso ser eu e ela não ia se atrair por mim se fôssemos iguais. Eu sei que ela sente o mesmo.
Ela sabe que eu mudei pra caralho e hoje em dia eu a trato com amor e cuidado, mesmo ela sabendo que eu não vou viver dentro do cercadinho limitado onde ela quer que eu viva porque isso só vai fazer eu sumir ou virar um ponto de interrogação na vida dela, um buraco negro, verdadeira mulher mistério. Então confesso que vez ou outra ainda me perturba um pouco encontrá-la, me assusta um pouco mesmo que eu não fique remoendo os sentimentos e sensações ruins, nem projetando que tudo pode ser mesmo bom, tudo paz, mar de rosas e tudo mais. Talvez seja minha maior convicção: a capacidade que todo mundo tem de conseguir ficar em paz. E o direito de lidar com tudo da forma que for melhor pra si.
Enfim.
Faz um tempo que eu tô mó paz.
Faz um tempo que ela tá mó paz.
Faz um tempo que ela não me chama de estoicista de merda.
Faz um tempo que eu não transo com ela de forma voraz, também. Ela me excita no mesmo nível que me assusta. Aliás, acho que tenho atração física por estar em risco. Só nisso somos iguais. Uadauel.
Faz um tempo que ela senta em bares quaisquer acompanhada de qualquer outra mulher que não sou eu, me mandando mensagem falando que o sábado a noite não tá como ela realmente gostaria que estivesse, me contando depois que essas mina patriçoca que ela se envolve suga o humor dela. Dialogo longo até eu mandar um "Se eu te der um montão de beijo na boca resolve? ✓✓".
Atraída 100% pelo perigo, repito.
E foi exatamente assim que ela pôs fim ao espaço de tempo que eu não vinha até ela na velocidade de um foguete da NASA.
Ela faz o momento ser o certo, eu gosto das fugidinhas que damos, das risadas que damos, das fodas que damos e já demos.
A selfie que ela tirou comigo no espelho do banheiro do quarto dela capturou a fumaça do baseado e minha expressão que deixava claro a vontade de passar ao lado dela o máximo de tempo que nos fosse permitido. Hoje. Resolvi o humor dela com muita língua, maconha e dois dedos. Ela me excita no mesmo nível que o perigo.
E eu nem sei dizer se ela fica mais gata de noite ou de dia.


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