Já beirava às duas horas da madrugada, eu já não tinha mais discernimento algum sobre o que era realidade e o que era brisa. Minha cabeça pesava. A realidade pesava, mesmo maquiada. Qualquer coisa era amplificada, tanto mal quanto bem. Introspectiva, maluca e morando dentro de mim, e longe de tudo. Eu só pensava em fugir. Como sempre. A sensação de não pertencimento é algo que eu venho trabalhando muito pra vencer, mas ainda é recorrente.
Paciência, só respirar mais fundo que passa.
Meu telefone tocou, a claridade da tela era horrível, absurda e estranha pra mim, e eu estranhei ainda mais ver o número dela estampado na tela.
O número.
O DDD.
O frio na barriga foi inevitável.
Nada me pareceu familiar na situação, pensei no quanto eu gosto do nome dela, dela em seu formato mais puro, pacífico, de quando ela me chama. De tudo que envolve ela. Ou quase tudo, né?
Em contrapeso eu pensei também no quanto me sinto cansada dessa situação, de como ceder pros encantos dessa mulher me tira a vontade de viver quando ela goza e logo após esquece que eu existo até uma de nós querer uma foda madrugadeira novamente. Não que seja obrigação dela respeitar e entender como eu me sinto, mas toda vez que eu venho, entro nesse apartamento e ela encosta a pele queimada dela na minha pele é como se eu tivesse que reiniciar todo processo de cura depois disso, filha da puta. Mesmo que nos momentos em que estou dentro dela... ah, honestamente nem precisa de tanto, só estar na presença dela já faz eu me sentir mais viva e feliz do que nunca. Mas o pós é dolorido aqui, pra mim, ela me causa uma ressaca fodida mesmo, pesada e foda de curar, e isso me cansa pra caralho também, a indecisão dela em sair ou permanecer na minha vida é cansativo também. Mesmo que eu não queira e até evite contato, saber que ela trepa, beija, se relaciona, fala com outras pessoas me faz querer me manter longe dela também, me faz ter vontade de sumir da vida dela. E é prazeroso estar longe, mesmo que longe eu me sinta mal e acumulando mágoas desnecessárias que só pesam quando minha cabeça tá cheia de droga. A indecisão em querer a presença dela ou não também me cansa. E pra ser honesta, a culpa é minha. Ela me torna permissiva, receptiva. Ela tem de mim o que quiser e quando ela quer, a verdade é essa e precisa muito ser dita, escrita, tanto faz e que se foda.
Eu também não entendo e muito menos respeito como ela se sente. E tanto faz também.
Mas vamos lá... Em duas horas eu estava ocupando o mesmo cômodo que ela, fedendo à droga química, pólvora e whisky. E mesmo preenchida excessivamente pela língua, dedos, gozos dela... Eu me senti vazia. Ela tocou levemente e carinhosamente meu rosto e me perguntou num tom de voz sério porque eu fico aérea às vezes e eu não soube o que responder. Eu estava mais em mim do que nunca porque essa filha da puta rouba minha brisa. O peso de encontrá-la só chegou mais cedo do que o previsto e ali, no momento, na situação eu não soube lidar e deixei transparecer. Pensei que sempre estive aqui, voando pra lá e pra cá, mas sempre aqui. Eu não respondi, sorri e a beijei como se fosse mesmo a última vez porque pra mim sempre é. E mesmo quando eu não quero estar na presença dela, eu venho, eu fico e aqui eu estou e juro, eu faço tudo ser possível quando se trata dela. Tudo. Eu mataria o presidente se ela me pedisse, sem pensar, eu só faria... Se isso a tornasse mais feliz. Mesmo que ela me tire o que eu tenho de mais precioso, a paz. Ela me perturba como nenhuma outra fez ou faz. Deve ser incrível pra ela me dominar assim, aposto. Deve fazer bem pro ego dela uma ligação e me fazer estar aqui, apesar de tudo. Mas por ela... Eu paro o mundo. Eu esqueço o mundo. Se ela tá do meu lado que se foda o mundo. Porque no momento do sangue quente eu fervo e ela nem sente. Diz que me quer com ela, mas não fria... Não assim. Tocou minhas tatuagens do braço com afeto e me questionou sobre coisas que não deveria e que eu não tô afim. Não entende porque eu não sou mais sorridente, diz que toda vez em que me encontra é como se eu fosse alguém diferente. Talvez eu seja. Talvez eu só tenha me tornado menos coração e mais eu, puro ódio e razão. Diz que preferia como eu era antes. Mas esse problema é dela, eu não vou pegar esse problema pra mim. E eu segui muda. Me diz que não me conhece mais... E repete. Acho que ela está em busca de alguma explicação. E isso me cansa. Burguesa otária do caralho. E toda vez é isso. Pra quê me procura então? Me enche de perguntas que eu fujo e dela eu já nem quero mais resposta alguma. Diz que se assusta como eu me tornei implacável e fria ao longo dos anos, mas isso a atrai. Eu sei que sim. Eu sei que atrai porque ela nunca transou comigo assim, antes, digo... com tanta vontade. Explode atração, tesão. Quando ela sabe que eu tô off e me tira do corre, ela me dá a buceta com tanta vontade que beira o desmedido. E às vezes eu acho que só quero isso, que ela só quer isso, só espero isso porque eu já cansei de esperar algo diferente. Não me dá amor, mas faz eu me sentir amada e desejada, mesmo que às vezes essa sensação passe logo após ela tirar os dedos molhados de dentro de mim. A frieza me faz transformar o amor em prazeres sexuais, em favores banais, em fodas casuais. Eu finjo não enxergar o amor que ela sente e é transparente nos olhares que ela me lança.
Mas eu, hoje, aqui e agora só consigo pensar que eu tô cansada de ser só diversão pra ela, e isso juro, isso não é nada demais... Talvez seja excesso de droga na cabeça, mas eu só precisava desabafar. Seguimos alinhadas no sexo... No beijo... No papo. Mas ainda, incompatíveis e um tanto quanto passionais.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
Piquenique em Paris
Todos as evidências e detalhes dessa mulher me impressionam desde que eu a vi a primeira vez descendo a minha rua com o cachorro dela, ela parecia tirada de um filme, tipo Amélie Poulain, é como se meus olhares quando direcionados para ela ficassem iguais aos dos casais mais apaixonados do cinema mesmo, em câmera lenta. Me encantam. Louvre em formato de mulher. Uma obra de arte contemporânea, pop art, paixão nada momentânea. Me causa fascinação, estranhamente eu não consigo parar de olhar pra ela. Mas a curadora de arte é ela. E pra mim, ela é um quadro que ilustra muito da minha felicidade, me prometeu que a exposição de Monet seria só minha no final desse ano, pelo menos por uma noite.
Quase nunca dorme comigo, rotina regrada, dieta balanceada, acorda às 6h da manhã de segunda a segunda e não fuma nada, do jeitinho "boa menina", do tipo que nunca causou uma preocupação sequer à família. Nem escolar, porra nenhuma. Nunca deve ter tirado nem nota baixa. Ela é até tilelê demais, aposta na ioga às quartas feiras, na quinta às vezes é dia de esteira e vai de LSD no final de semana, acha um horror eu beber whisky puro. É tanta diferença que nem dá pra lembrar todas, eu chego com dois pés na porta e ela sempre neutra, muita paz, até demais, em cima do muro. Mas funcionamos bem, somos especialista em fazer dar certo. Só que não tira o peso de sermos total opostos, a gente não tem nada a ver a não ser essas ideia de a gente se olhar e se querer. Eu gosto do jeito dela, focado, mas atrapalhado e bonitinho. A conversa sempre rende porque tem equilíbrio, gosto do cabelo bicolor, bagunçado e esquisito... que é tão bom de bagunçar, e dos olhos gigantes que me miram, eu transpiro amor e eu poderia saltar pra dentro dos olhares dela e ser engolida por eles a qualquer momento, bastava ela querer. E como diria Zé da Luz, ai se sêsse...
E nós duas juntas é uma vibe meio Eduardo e Mônica, também. Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?
Ela me ocorreu em um dia apático, cinza, chegou simpática, o dia era frio, as únicas cores que eu vi naquele dia foram as cores das roupas dela. E achei a coisa mais fofa ela estar usando uma meia preta e outra amarela. E a gente não tem nada a ver, ela é igual à personagem de filme francês clichê, e eu adoro os clichês, ela é tão calma, paz e amor, eu bagunço a mesa, invento regra e roubo o jogo. Mas com ela eu nem queria jogar. Só a mesa, um vinho bom e uma playlist de música esquisita que ela gosta, pra animar. Porque eu parei entende? Parei nela e em toda a situação.
Foi como se ela dominasse minhas tardes e fosse dona de todas as suas diversões, como se a chuva não fosse capaz de estragar os meus sorrisos e os dela, meu encontro com ela.
O doce batia na minha mente e a bala na mente dela. E tudo se encaixava bem, como se tudo que aconteceu fosse feito pra ser com era, ela é tão ela e as outras tão iguais. Foge muitíssimo das minhas fodas banais.
Ela é tão solta no jet, tão minha no jet. Conversa com todo mundo sem me abandonar, parece que se divide em duas. Me apresenta pros amigos como namorada, eu dou risada e confirmo que sou, mesmo eu não sendo nada. Quando fala comigo em francês eu fico apaixonada, gosto de sentar com ela no chão do quarto amplo e branco, duas loucas de ácido e fingir que estamos fazendo um piquenique em Paris. Eu a faço imaginar a cena toda e ela entra na minha e ri. A gente se diverte assim, ela da risada, fala que eu sou louca, eu peço beijo e ela responde "oui oui". O maior defeito dela é fazer eu me sentir bem em qualquer ocasião, lugar, dia, hora, nunca importa... Só me sinto feliz.
quarta-feira, 3 de novembro de 2021
Luna
O sol batia na janela do quarto dela, eu conseguia ver nitidamente os raios invadindo o quarto por entre as frestas da janela e transpassando a cortina também. Coloquei meus óculos e enxerguei a precisão invejável com a qual a baixa claridade dançava no corpo despido e adormecido dela. Me lembrou Les Coquelicots, do Monet. Sai e entrei silenciosamente do quarto algumas vezes, acendi um baseado na sacada gelada, pensei que nem pertenço a esse lugar. Eu morreria de tédio no mundo dos boy. Meu relógio já despertou, eu ouvi e ignorei, e é meu lembrete de que é a hora mais que perfeita pra ir pra casa. Satisfação é quando o alarme toca e eu já estou dentro do meu quarto. Normalmente, sozinha. Todos os dias o meu alarme toca às 5h07 da manhã. Todos os dias. E é só um lembrete. Eu sempre tô checando as horas, e normalmente nunca perco tempo.
Eu odeio muito quando amanhece, ela sabe, e sabe também que normalmente eu não me faço de rogada, pego minhas coisas espalhados pelo quarto e saio da casa dela sempre antes mesmo que ela esboce acordar, sem crise, sem problema pra ela também. Ela me conhece. Eu não tô nem aí mesmo. Dou um beijo na testa, um beijo na boca, um doce qualquer pra melhorar e adoçar o dia dela, um bilhete fofo e um beck bolado pra ela pensar em mim durante o dia todo - e eu sei que ela vai porque eu também vou, acho. - mas ela sabe que eu não sou do tipo que vai voltar a existir na vida dela e socializar com ela ou pagar de casal, zero habilidade social, eu nem sei existir direito uma vez ou outra, não mesmo, não tenho nem tempo pra socializar tanto, mas hoje... Hoje eu estiquei o dia, prolonguei a madrugada só pra testar como eu me sentiria. Nem eu sei o que eu ainda tô fazendo aqui.
E eu tô aqui agora andando pelo quarto dela pensando no quão incrível foi a noite. Mas também pensando no quanto eu quero fugir daqui, queria poder me teletransportar pro meu quarto e estar nua na minha cama, sozinha, agora, fumando um baseado e me arrependendo por ter vindo. Deveria ser proibido gozar e dormir junto. Deveria ser proibido ser apaixonada por mulher filha da puta.
E normalmente, pra ser sincera, minha bateria social esgota antes do dia rasgar a madrugada. Pra mim, só a madrugada tem encanto, eu não quero existir na vida dela durante o dia porque, pra mim, isso implicaria em tantas outras coisas que honestamente eu não quero mais ter que lidar E a gente tem que saber claramente o que quer pra si.
Mas eu já estou aqui, né? Caminhei em círculos por alguns minutos pelo quarto dela porque isso me ajuda a pensar, enquanto a observava dormir, lembrei do quanto gosto dela, pensei que gostava mais antes, mas ainda sigo pensando que ela é especial quando ela toca meu rosto, quando me beija e todos os etc's que a atração carnal proporciona. Eu tô cansada de ser só diversão pra mulheres iguais a ela. Na verdade cansada de ser diversão pra essa mulher. E eu sei que eu sou. Mas continuo me permitindo me induzir ao erro. Aos erros. Já me falaram que dormir junto apaixona, mas acordar junto que é foda pra mim. Olhar ela dormir que é foda pra mim.
E além do mais, eu não durmo muito mesmo.
Tanto faz.
Eu não gosto mesmo quando amanhece. Não gosto nada.
sábado, 30 de outubro de 2021
ação premeditada
Ligeira - foi a primeira coisa que eu notei nessa carinha de vagabunda que ela tem, não para de mexer no cabelo enquanto fala comigo, me encosta demais, fala umas coisas bem estranhas e subjetivas e ah... que se foda esses sinais, eu nunca erro. Ganhei o jogo assim que ela se aproximou de mim. Quebrou a barreira que eu crio quando acho que estão flertando comigo, porque eu sempre acho que é coisa da minha cabeça. Mulher pra mim precisa ser direta. Não tenho tempo pra perder tempo. E tão rapidamente quanto brisa passageira ela entrou na minha reta, desde a primeira vez debaixo do meu olhar eu já a desejei, eu nunca erro MESMO, depois da minha terceira dose de whisky eu acho que eu só pisquei e estava em cima dela, ela sorria, eu também.
Sortuda sou eu. Tudo vai bem.
Tirei minha camiseta num tom provocativo como quem a convidava pra tirar meu shortinho verde - favorito dela. A nudez é natural pra mim. Eu gosto de ficar nua. Agora imagina se eu não ia gostar de estar nua em cima dela? Porra! Eu olhava ela vestida e já sonhava com ela pelada, foda-se. Transar com ela foi uma ação premeditada.
Eu a olhava com tanta vontade que por um milésimo de segundo pensei que ela fosse rasgar meu shorts só pra me tirar de dentro dele rapidamente, e só eu sei o quanto eu queria sair de todas as vestimentas rapidamente. Eu adorei e me diverti pra caralho com a situação, a vagabunda sou eu. O olhar dela queimava, botava fogo em mim, ela queria e eu queria... nitidamente... Gostosinho.
Tocou meu rosto com carinho, eu queria tapa, alcançou minha nuca, e mesmo leve eu gostei do toque, desceu pro pescoço e insinuou que me enforcaria, me segurando certinho, do jeitinho que eu gosto, ri e encaixei minha buceta na coxa dela, nossos olhos se encontraram e ela me chamou de linda, contornou minha tatuagem da barriga com os polegares e deslizou as mãos dos meus seios até minhas coxas, confesso que me senti admirada.
Apertou minhas coxas e deslizou a ponta dos dedos por entre meu shorts folgadinho. Me tocou por cima da calcinha e eu molhei tão rápido que transpassou o shorts, marcou mesmo. Ela sorriu e perguntou se eu estava com pressa, eu estava, lógico que eu estava. Ela seguia com toda calma, como quem fosse capaz de ler minha cabeça tão facilmente que fiquei assustada. Sentiu minha buceta por cima da roupa e eu pensei que eu mesma poderia rasgar meu shorts só pra sair de dentro dele bem rápido, me olhava com vontade, sabe aquela expressão de mulher que quer trepar com você? Fiquei ansiosa pelo toque que não veio tão rapidamente quanto eu queria, mas juro, eu poderia pedir, eu poderia guiar os dedos dela até dentro de mim. E ela entrou no meu shorts e saiu diversas vezes. Não aguentei.
Sentada, ainda, na coxa dela puxei meu shorts e a calcinha pro lado e encostei minha buceta na pele dela, mulher gostosa do caralho. A cara dela denunciou que ela não esperava que eu fosse queimar a largada assim. Eu me segurava pra não pedir pra ela me comer logo, o arrepio na nuca ela nunca conseguiria notar, nem o frio na barriga, mas eu conseguia notar ela tão enlouquecida quanto eu, continuei num movimento lento de vai e vem, ela acompanhava o movimento enquanto segurava meu quadril olhando pra minha cara, sem desviar o olhar, olhando dentro do meu olho. Vagabunda do caralho.
Eu só conseguia pensar nela dentro de mim, não tinha espaço pra mais nada na minha mente. Só ela, na verdade só conseguia pensar nela me fodendo com a mesma cara que me olhava no momento.
Deslizou os dedos por entre os vãos do tecido e alcançou (finalmente) minha buceta. Colocou um dedo, fiquei mole, rebolei um pouco mais rápido com ela dentro, ela me abraçou pela cintura e encaixamos num ritmo gostoso, numa foda deliciosa.
"Você tá molhada do jeito que eu gosto, olha como você está...".
Queria ter respondido que ela me deixou molhada do jeito que eu gosto também. Desde o beijo eu já estava explodindo vontade de dar pra ela.
Não aguentei, levantei pra tirar o shorts e a calcinha, e ela me seguiu da cama até a minha parede preta, senti o corpo dela inteiro contra o meu, eu estava contra a parede, ela me empurrava.
Sussurrei "me fode" no ouvido dela e em menos de um segundo ela já tinha dois dedos dentro de mim. Correspondida e bem comida. Ligeira, não disse? Foi a minha primeira impressão.
Acho que foi gostoso pro ego dela eu pedir. Eu queria pedir.
Ela beijou minha boca, lambeu minha cara, ajoelhou e lambeu minha buceta sem tirar os dedos de dentro, sem parar de meter. O que me impressionou foi ela descer sem perder o ritmo. Admirei a coordenação motora em pensamento enquanto acarinhava a nuca dela e agradeci pela habilidade dela em me dar prazer ser tão compensadora quanto a cara de vagabundinha gostosa que ela tem, vale a pena. Tirou os dedos molhados de dentro de mim e colocou na boca. Gemia me chupando, um gemido abafado, gostoso. Voltou com a cara molhada e me beijou de novo. Minha língua deslizou pelos lábios dela.
Ela faz tudo sem tirar de dentro...
"Você tá muito molhada, eu já tô quarto dedo."
E depois dessa frase foi uma ou duas vezes que ela meteu mais forte pra eu gozar. A minha sensibilidade a OBRIGOU sair de dentro de mim só aí. Ela é gostosa pra caralho e eu escrevo pra não esquecer, ela vai ganhar uma gozada nas minhas siriricas toda noite quando eu lembrar disso.
terça-feira, 19 de outubro de 2021
velhas desconhecidas
Não acho o amor nem um pouco romântico, Platão dizia que era doença mental e eu acho que hora ou outra prefiro Platão a Neruda.
E estar ali, naquele sofá branco sujo ao lado do elevador me lembra quantos sonetos já dediquei à ela. Quantos escrevi sentada ali, enquanto aguardava que ela descesse linda como sempre pra rasgar a madrugada enfiada em algum baile, quebrada, qualquer lugar, mas comigo? E agora, mesmo depois de tudo eu sigo a aguardando para que ela desça e me beije. Eu sou muito comédia.
Quantas vezes chegamos bêbada e eu não quis subir para não acordar os pais dela esbarrando em tudo e decidi aguardar aqui? Mesmo sabendo que os pais dela sempre gostaram de mim. "A preferida.". Levanto, dou alguns passos ansiosos pelo hall, me olho no espelho e volto a me sentar. Eu nunca esperei tanto, mesmo, pra nada. Que agonia do caralho.
Mesmo que eu não queira, concordo com ela. Ninguém é o mesmo pra sempre. Acho que mesmo ela sendo a pessoa mais previsível que já conheci, ela não se manteve a mesma também.
terça-feira, 12 de outubro de 2021
splish splash
Ela me encara por um segundo, com o rosto encostado na porta da sala me da um oi alegre, me olha nos olhos... o rosto dela me parece um quadro muito, muito bonito, muito bem feito, uma pintura delicada que combina, combina comigo, combina com ela mesma... sei lá, não sou boa em elogios e eu mal saberia mensurar o quão linda ela é, nem se eu quisesse muito. E o olhar nos olhos às vezes eu não consigo retribuir. Eu tô sempre fugindo, dela, de mim, de tudo mas ela... Me deixa estranhamente slow por alguns segundos, meu coração treme, ela me atrai tanto que eu não sou capaz de não desejá-la com todas as minhas forças. Ela é dona dos meus desejos. Dos meus pensamentos mais malucos e gostosos. Dona das melhores memórias.
Eu a encosto na parede, ela fecha os olhos. O beijo é inevitável, minha língua encontra a dela rapidamente, eu amo beijo lento mas com ela é sempre a sensação do mais puro suco do errado que fica. De atrapalhar mesmo, o dia, a rotina, tudo, de não pertencer a nenhum quadro da vida dela e cada dia a sensação sufoca mais, me esmaga mais. Então eu a beijo sempre com muita pressa porque eu não quero perder um segundo sequer ao lado dela. E não vou. O abraço dela é casa, é lar. Eu não queria que o tempo passasse quando eu estou em contato com ela, mas passa. E passa até mais rápido que natural.
Mas ela ainda é improvável, impossível pra mim. Fora do meu quadro também. Eu juro que queria vê-la comigo rasgando as madrugadas geladas da cidade vizinha ou nos bailes em dias onde o verão deixa qualquer ambiente quente demais pra ficar dentro de casa. Queria vê-la durante a madrugada comigo entre becos e vielas. Como também adoraria vê-la comigo nos chalés luxuosos sigilosos e escondidos em Minas Gerais, resumindo... Eu só queria vê-la perto. Tê-la um pouco mais perto. Às vezes penso que queria comigo, pra mim, não no sentido de pertencimento.
Eu sempre entendi que ela não ficaria pra sempre.
E é estranho como ela me faz perder a vontade de ter várias delas, o desinteresse na troca excessiva de parceiras que não são donas de lábios, beijos iguais aos dela e me estranha notar que há muito tempo já não há itens de outras mulheres esquecidos no meu quarto. Ela matou tudo isso sem querer, sem saber. O desinteresse ou equivalente.
Acho que me encantei demais com tudo que envolve ela. E eu não consigo desacelerar, parar agora.
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
ela é mó paz, eu que não sou
Eu mal dou tempo para que ela possa respirar, assaltando ela com os meus mais diversos tipos de assuntos, memórias, histórias e saudades. Ela me faz falar demais, fala demais também, eu acho que até senti falta disso nela, da amizade mesmo, de vê-la rindo de tudo que eu falo porque eu sou boba pra caralho. Hoje eu tô à vontade, confortável, tranquila, sem pressa. Só quero beijá-la da cabeça aos pés pra matar a minha vontade absurda dessa foda gostosa, dessa mulher molhada, molhando e me olhando... e dar trabalho pra ela. E eu adoro vê-la sorrindo, tem essa também. Ela é sempre motivo de um sorriso meu, gosto de devolver o que me dão.
Eu coloco outra dose no copo dela, mais dois gelos, ela me olha com olhar de quem desaprova a atitude e dá risada, balança a cabeça, sei que ela já está alterada, eu também estou. Ela entende que minha intenção nunca é das melhores e hoje eu só quero, de verdade, mais uma sentada bem gostosa pra conta. Buceta, buceta, buceta... às vezes parece que eu só falo e penso nisso. Mas que se foda. Hoje, com ela, é só isso mesmo que eu vim buscar. Produto de consumo rápido. Quero sentir enquanto ela molha, não quero que seja tão rápido, eu vou gozar e ir embora, mas conversas e o consumo de substâncias ilícitas prolongam um pouco mais minha estadia aqui, eu nunca pretendo ficar muito.
Hoje ela entrou mesmo na minha brisa de tomar whisky. Enquanto ela bola outro beck, percebo o quanto sempre fomos uma ótima dupla, sempre em sintonia, eu fico mastigando sempre uma sensação de que uma completa a outra em diversos sentidos, eu nos vejo muito iguais, cada vez mais, ela só é um pouquinho mais sagaz, mais filha da puta, eu sou mais paz. Isso que é foda. Sempre fui, pra ser sincera. Frieza é tudo. Ela é calor demais, esquenta rápido demais, me faz suar... mas me equilibra. Calor que derrete o gelo.
Ela diz que sentiu minha falta por ali, eu não quero nem denominar o que eu senti, diz que sentiu falta da minha voz conversando com ela até de madrugada, dos meus gemidos abafados pelo travesseiro durante as fodas que atravessavam madrugadas, dos becks que a gente torrou nessa mesma sacada antes e depois de gozar, durante vários e vários e vários fins de semana quentes, outros nem tanto. Ela sabe que prefiro a cidade dela em dias assim... de chuva, lembro da primeira vez que eu vim pra cá por causa dela, da gente e acho mais simbólico, mais bonito e sempre me divirto por entre esses bairros antigos. Ela? Sempre comigo, sempre. Me impressiona ela sair do alto da burguesia dela e se enfiar em qualquer lugar comigo. Trepava comigo na laje, quando eu morava em outra cidade, porque gosta do perigo.
Ela lembra e ri dos aviões com papéis coloridos que eu fazia e jogava em qualquer lugar, principalmente da janela do quarto dela, nono andar é bem alto, né? Eu sempre fiz um monte de aviões de papel com ela, nem sei quando parei de fazer isso. Nem sei porque fazia. Aliás, nem sei quando parei de fazer um monte de coisas. Me divirto com essas bobeiras, eu tenho dessas. Diz que adora tanto minha companhia, que se fosse hoje não me deixaria, diz que sente ciúmes por eu falar tanto que sou e estou apaixonada por outra mina, eu gosto de ouvir. A mulher que eu me tornei ainda não é autoconfiante o suficiente, então eu não acredito em nada do que ela me fala, fala que eu preenchi o vazio existencial dela e eu acredito que tenha sido preenchido com meus dedos dentro, só é sincera metendo, ela mente demais, mas eu gosto de coisas que me afrontam assim. O clima é de paz, se eu atingir meu objetivo de transar com ela eu vou ficar ainda mais.
Ela gosta de me ouvir, às vezes eu sinto que a gente se conhece menos mesmo e que hoje ela não entende muito do que eu falo, normal, e acha graça o jeito que eu falo, também normal. Mas mesmo assim sempre é mó paz estar com ela, não passa nada, saudade dela colando comigo nos bailes em qualquer quebrada, destoando totalmente do ambiente, com suas roupinhas de marca.
A gente ri, a gente conversa, a gente brinca, a gente fuma, a gente fode. E eu adoro, mas percebo que nossas línguas só falam a mesma língua quando estão se tocando, entrosadas, enroscadas, o beijo dela ainda me deixa molhada, se ela continuar me beijando gostoso assim vai ter que fazer chupar aqui mesmo, sentada na sacada. Não que seja problema, não que ela não me dê uma mamada gostosa na sacada toda vez... Ela só me entende mesmo quando minha língua tá em contato direto com o corpo dela ou chupando do jeito que ela gosta, e segura, em tom carinhoso, minha nuca. Vou fazer o quê? Eu nem me faço difícil de entender, sou clara e transparente, ela que não sabe me ler.
E quando o assunto acaba - ou a gente acaba com ele - ela tira o copo da minha mão, puxa o beck, senta no meu colo... Eu adoro quando as mulheres fazem isso. Me olha com cara de que sabe muito bem o que faz, dá um trago, me olha, apaga o beck, me beija. Ela tira a regata, joga no chão, e eu lambo seus seios, deslizo pra um beijo.
Minhas mãos cravadas na cintura dela, eu quero arrancar suas roupas em um passe de mágica. Fodo ela no meu colo mesmo, deitei ela na mesa pra chupar com mais vontade. Eu domino essa mulher quando eu levo ela pras foda, é inacreditável, quando eu termino de comer eu sou capaz de recomeçar com a mesma intensidade, com a mesma fome. A filha da puta consegue, também, me dar a buceta na mesma intensidade. Nós poderíamos foder assim o dia inteiro, com essa mesma vontade. O sexo explode entre nós, foge do controle. Não aguento mulher que joga a buceta na minha cara, assim... igual ela faz.
E quando finalmente o dia amanhece, o tesão cessa, eu preciso ir embora e eu sou pescada pra fora do molhado da buceta dela, eu observo o ambiente sem a cabeça cheia de drogas, álcool e sem ter cedido ao tesão, e eu olho pra ela.... eu volto a me sentir somente um peixe fora d'água, e espero que num futuro bem próximo fora da buceta, e da vida, dela também.
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
eu evito contato visual com a medusa
Ela me cerca.
Constrói lentamente um cercado a minha volta.
Eu observo.
Assisto a jogada.
Dá a volta por um lado, corre pelo outro... puxa a corda.
Aperta o primeiro nó e eu sufoco.
Gosto de sufocar, no momento certo. O que não é esse.
Mas assisto.
E me divirto mesmo assim.
Sigo.
Me cerca...
...Me cerca.
Me procura.
Me acha.
Me perde. Mas nunca de vista.
Me cerca.
O que você procura em mim?
Não vai achar.
Sabe que não, né?
Seus olhos me cercam.
O sorriso de canto dela faz minha buceta quase implorar por ela.
Sinto-me cercada, por isso usei a palavra.
Impaciente.
Me rodeia.
Me cerca.
Me olha fixamente.
Eu nem sei se gosto disso ou não gosto.
Eu vejo. Finjo que não.
E além do mais, eu gosto, gosto da atenção dispensada a mim, até.
Me cerca.
E quando pensar que me conhece, percebe que está errada e que na verdade não sabe nada.
A cabeça dela deve ser cheia de suposição. E filosofia namastê banana. A cara não nega.
Sonsa.
Sonsa do caralho.
Não mais do que eu.
Joga a corda de um lado, joga de outro, passa por baixo, eu assisto - enquanto me divirto pra caralho - as suas tentativas.
E me prende lentamente, mas eu sou um rato... Quando mais apertado é o nó, maior é a minha vontade de fugir.
Isso se ela não conseguir lançar o charme, me paralisar, e me fazer virar estátua antes.
Tchau.
sexta-feira, 10 de setembro de 2021
chivas
Eu mal conseguia subir os degraus de tão inebria que estava. Os 40% de álcool dividido em várias doses on the rocks daquele Chivas me garantiram uma coragem jamais vista antes, uma embriaguez terrível e também um cheiro de álcool que eu mesma conseguia sentir.
E quando me dei conta de onde estava, corajosamente batendo na porta dela mesmo, em uma madrugada ordinária, querendo beijo ou nem isso, só um pouco de atenção talvez, meus pés quiseram fugir com a mesma velocidade em que eu atravessei todo espaço até ela... Eu mesma me assustei com a minha audácia e falta de bom senso, faltou muita lucidez pra mim no momento. ÓBVIO! Onde já se viu acordar alguém, ir até a casa de alguém, ser liberada sem nem ser anunciada pelo porteiro que infelizmente me conhece e me adora e bater na porta da pessoa em plena madrugada? Ainda mais porque eu acho que eu sempre fico com uma sensação amarga de que a atrapalho, mas nessa ocasião eu sei que foi egoísmo. Só que no instante em que ela abriu a porta pra mim, tudo fez sentido na minha cabeça. Ela é como um ímã pra mim, me atrai pra caralho e brilha aos meus olhos. O encanto que eu sinto por aquela mulher às vezes me assusta, ainda. E acho que vai demorar um pouco até não me assustar mais... Porque ela é tão ela, e o maior defeito é eu gostar dela. Só gostar, assim de graça, às vezes nem tão de graça. Mas gosto, enfim.
Pensei, assim que vi a porta dela, que fui teletransportada para lá pois lembrava apenas de partes do trajeto. Torci pra ela não me achar tão maluca y doida, e gostar da visita. Abriu a porta com a maior cara de incrédula, me beijou com tanto afeto e recebeu também muito de mim. Não haveria nenhum lugar no mundo que eu gostaria de estar, naquele momento, senão do lado dela, ali ou em qualquer outro lugar que fosse eu gosto do bem que ela me faz. E de tudo que a envolve, e eu só queria que ela soubesse que eu P R E C I S E I mesmo estar com ela.
O ambiente continuou escuro e tudo a nossa volta em total silêncio, e eu também, em silêncio, apoiada na parede no canto da sala eu sussurrava palavras corajosas, mal pensadas e verdadeiras, mas a única coisa que eu parecia escutar era minha própria respiração. Eu mal conseguia parar em pé, ou conter minha felicidade e satisfação em estar ali. O brilho da tela do celular dela era a única coisa que me garantia olhar pra cara dela, enxergá-la no breu da sala. O ambiente destoava da minha cabeça, tudo em ordem, eu por dentro tudo bagunçado e barulhento. Lembro da minha perna tremer muito e no momento eu pensar que talvez eu posso ser viciada na sensação que ela me faz sentir, vai saber.
A situação toda me pareceu um sonho, tamanho a velocidade da sequência dos fatos.
Só sonho mesmo pra um plano tão ruim ser bem sucedido.
Só sonho mesmo pra eu conseguir beijar a boca dela com essa facilidade.
Me beijou, poderia mesmo ter ficado bêbada só com meu beijo. E me beijou de novo, e mais uma vez, e aí eu a beijei de volta, com muito mais afeto e loucura. Acho que nem concentração para beijá-la eu tinha. Eu nem sei quanto tempo nós ficamos juntas, só sei que naquele momento eu tive a mais pura necessidade de encostar nela, na pele dela, sentir o cheiro dela... só porque ela é ela. E eu repito: gosto dela.
Saí da casa dela tão feliz que eu poderia dançar.
E sendo sincera, até hoje não sei se foi ou não, um sonho... Mas ela é sempre um sonho gostoso pra mim, sempre foi.
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
bijuteria
Nos encontramos na mesma praça de antes, de sempre. """""De sempre""""". Eu a acompanhei com o olhar enquanto ela cruzava a avenida, pisava na calçada e atravessava uns quarenta metros até mim. Me olhava fixamente com esses olhares dela de mulher confiante pra caralho, ela sabe que eu só vim até aqui por causa dela. Como eu diria que estava passando por aqui e decidi falar com ela assim... Do nada...? Eu vim porque eu quis e foi na mais pura das intenções de vê-la mesmo. Ela me mandou tantas mensagens falando em saudade que então eu decidi proporcionar um encontro.
Eu só queria vê-la.
Eu a aguardava em pé, só não fiquei andando de um lado pro outro porque me segurei bem na minha tentativa de não parecer tão retardada, fiquei feliz por controlar minha vontade de sair correndo e nem me propor a lidar com isso, não sou obrigada... mas eu já falei que só quero normalizar a minha relação com ela e seguir em frente, né? É uma busca incessante por paz, eu devo isso à mim mesma e amor, às vezes, pode ser um masoquismo involuntário do caralho. Mas hoje a sensação é de paz. Mesmo.
Esperei uns vinte minutos até ela chegar e estar dentro do meu campo de visão, o que já me pareceu metade da minha vida toda, todinha. Ela sempre parece demorar demais e hoje eu não quis subir até o nono andar e encontrá-la ali. Lembrei da placa roubada e ri sozinha, que se foda, foi satisfatório no momento e eu faria de novo, aliás não somente faria como farei, na melhor oportunidade que eu tiver. E nunca mais vou olhar pra placa sem lembrar do momentinho onde eu mesma estava desgrudando ela da parede e levando pra casa. Foda-se, foi engraçado pra mim.
E eu tô aqui, agora, porque eu quis mesmo vê-la e sei lá, tomar um sorvete, não quero vinho ruim hoje, nem graus alcoólicos, drogas que eu jogo aos pés dela, nada, nada, nem trepadas saudosas que deixam um cheiro no ar de "nossa história ainda não acabou", porque na minha cabeça isso já acabou e eu não quero nada demais. Nem mesmo quero ela, pra ser bastante honesta (comigo). Eu só quero dividir um beck com ela, falar sobre a vida, conversar, ser ouvida e escutá-la. Eu senti saudade dela e dos problemas de patriçoca de Beverly Hills dela. Não menosprezando, mas tudo nela é muito, muito fora da minha realidade e ver alguém com problemas que, pra mim, são banais me fazia achar graça, como eu disse irreais pra mim.
Ela ainda me deixa um pouco nervosa, ansiosa... Mulher quando é bonita demais tem esse efeito, como eu pensei um dia que só ela me deixaria assim? Curioso e pra ser bem honesta é delicioso saber - e lembrar- a quantidade de mulheres que me deixaram assim ou ainda mais "assim" depois dela. E eu me delicio com as possibilidades das mulheres que virão, ainda, porque eu gosto dessas conquistas baratas, de ceder às atrações que eu sinto e sou correspondida, gosto mesmo. Mas com ela... Com ela o frio na barriga e o sabor do errado na boca são eminentes e sempre soam errado sentir qualquer coisa. Não é só o lado positivo, tem o peso do negativo... Que é o que eu tento normalizar, tirar das gavetas pra não ocupar mais espaço. Eu só quero paz. E venho conseguindo até que muito bem, mesmo sentindo saudade de alguns pontos nela, nem tudo é amor, sexo e essas coisas, né? Não comigo, quer dizer, não comigo e com ela.
Enquanto observava ela fazendo o trajeto que é tão rápido e curto, mas pareceu tão longo, eu confesso que não sabia o que fazer com as minhas mãos enquanto ela chegava, eu nem sabia o que falar pra ela, eu não conseguia nem olhar fixamente, mas dessa vez os pés do rato que sou, estavam no mesmo lugar. Presos. Eu só não sabia o que fazer. Eu nunca sei na verdade, eu só queria ouvir a voz dela sem ser em um áudio, e a conversa sempre rende, mesmo eu não sendo a mais fã de interação social tããão prolongada assim com playboy.
Mas hoje eu me propus à isso... e além do mais, tem coisas que eu só faço por mim. Tanto faz.
quarta-feira, 8 de setembro de 2021
ayúdame
E ela me atraía como algo que eu nem posso ter, mas queria. E num piscar de olhos eu estava exatamente onde eu gostaria de estar: totalmente nua na presença dela. Não me lembro das palavras que a fizeram adentrar meu quarto, se houve um convite ou se a noite foi apenas direcionando ela, comigo maluca de vontade dela, não me lembro do que eu disse pra ela até aqui. Mas ela estava exatamente onde eu eu gostaria que ela estivesse. Eu passei os últimos dias desejando tê-la exatamente assim... nua em minha presença também, então posso até dizer que ela é como um sonho bom. Uma vontade conquistada. Sei lá. Não me impressiona, já tinha flagrado uns olhares dela. E não que eu não tivesse planejado, e desejado, exatamente isso... Eu calculei - e imaginei - cada passo dela até mim, pra ser sincera. Só não esperava que fosse acontecer tudo tão rápido. Mas eu quis essa situação. E fiz de tudo para que fosse possível e realidade. Agora é pura apreciação.
E a filha da puta estava lá, segurando meu copo favorito com uma dose e dois gelos bastante derretidos... Tirei da mão dela, dei um gole e apoiei na mesinha. Eu amo whisky, a liberdade e vagabundas que nem eu.
Ela sorria aquele sorriso tímido que ela tem e que eu adoro, me olhava com os olhos que devoram, de sempre, os que eu gosto, também, e anseio. Era um contrapeso. Mas ela... Ela não conseguia esconder a cara de safada que tem, a vontade de tomar bucetada que ela sentiu naquele momento e por mim ela poderia me rasgar no meio que eu não ia nem ligar, só vai! Mas ela, calma, lá estavam aqueles olhares que me fodem sem nem ao menos precisar me tocar... aos montes, jogados e eu adorei, pra ser honesta, e os recebi como se fossem os primeiros, faziam minhas pernas tremerem. Deliciosos, assim como ela e como a gente. Os olhares dela foram os culpados por eu estar totalmente despida e maluca.
Eu estava totalmente nua, de costas, no colo dela. Eu a olhava no canto da minha visão, enquanto ela me fazia apreciar o momento com toques leves e provocativos... e eu via o ângulo mais lindo que já tive dela. A pele dela coberta somente pela luz vermelha do meu quarto. Meu bairro silencioso e sem graça do lado de fora. Virou minha memória favorita logo de cara.
Eu molhei as coxas dela num movimento lento de vai e vem porque, pra mim, já é impossível ficar parada normalmente, imagina o quanto foi impossível ficar parada enquanto ela me tocava, e eu somente desejando que seus dedos sobrestivessem logo a vontade absurda que eu senti de tê-la dentro de mim, naquele instante. Os dedos dela insistiam em deslizar lentamente sobre minhas tatuagens como se eu fosse uma obra de arte, ou pelo menos foi assim que me senti ali, naquele segundo, eu adoro mesmo o jeito que ela me olha. Como se quisesse me conhecer mesmo.
Caralho.
Eu escorria, acho. Pulsava.
Me senti inquieta por um instante, me senti praticamente incapaz de esperar até ela terminar de me tocar e passar a trepar comigo, no papo. E eu não fui mesmo capaz de esperar, me levantei rapidamente e ela tão rapidamente quanto eu se levantou também e me colocou de cara pra parede, instinto acho, nada seria mais rápido que isso, puro instinto, antecipou meus passos... Minha respiração já estava ofegante, eu dei uma risadinha como quem demonstra que já está dominada e é como se eu não pudesse evitar ou esconder a vontade que eu sentia dela. Não que não fosse óbvio o suficiente ou eu precisasse esconder qualquer coisa àquela altura, afinal ela estava nua e me caçando pelo meu quarto, né porra?! Mas a necessidade de provocação me fazia explodir por dentro, eu tinha pressa, vontade que não cessa, meu corpo e meus olhares eram quase como um pedido de ajuda.
Um grito por socorro mesmo. Achei que a qualquer momento eu poderia gritar "me fode" ou "socorro". Sei lá.
Mas ela... ela não me ajudou.
Os dedos seguiam sobre as escritas do meu peito até a Amy no meu braço direito, ela beijou, então, meu ombro, subiu pra nuca e escorregou pro meu pescoço com a língua... Foi impossível não virar para beijá-la, meu corpo parecia implorar por ela. Eu fervia. Me virei, minha língua encontrou o caminho para dentro da boca dela tão rápido que repito: sexo é a forma de se relacionar com alguém mais baseada no instinto que há. Nunca duvidei.
E então os polegares dela passaram a deslizar lentamente sobre as escritas abaixo dos meus seios, eu lambia os lábios dela como se eu fosse uma gata, enfiava minha língua na boca dela como se eu a desafiasse a concluir o motivo pelo qual ela estava comigo, naquele momento. Como se eu quisesse logo o resuminho, sem nenhum etapa antes. Tem mulher que a boca na boca, a língua na língua já me faz pirar, já me molha, eu já fico querendo tirar a língua da boca e enfiar em outro lugar.
Ela aperta meu quadril, me puxa pra mais perto, ela não é nada boba, me grudando nela, me olha, me beija. Me olha de novo. Esfrega a buceta dela na minha.
"Filha da putinha..." - ela sussurra - "Gostosa..."
Eu sorrio em resposta.
Eu, né? Sou mesmo. Vagabundinha com ímpeto.
Ela me beija enquanto desliza uma das mãos pela minha barriga, desce até minha buceta e entra, escorrega pra dentro de tão molhada que eu estava. Tira o dedo de dentro da minha buceta e leva a boca. O olhar dela perde totalmente a timidez. Eu mal consigo continuar o beijo depois disso, ela me ganhou, ela me encara, o ar parece mais denso, difícil de entrar pelas narinas mesmo. Tudo que há em meu corpo é vontade desesperada de dar muito pra ela e devorá-la, de volta, logo após. Sem pausa.
Ela volta os dedos pra dentro de mim e me beija em seguida... Eu rebolo para que os dedos entrem melhor, percebi o quanto isso deixou ela maluca, acho que ela não esperava que eu não passasse de uma vagabundinha mesmo. Ela gosta, mete mais forte. Me coloca de quatro, lambe meu rabo, não tem pudores e medidas. Ela sabe como me deixa fora de mim... E eu sou maluca por mulheres assim.
E quando eu finalmente gozo... É mais um pedido de ajuda... Ela não para. Queria gritar que não aguento mais, mas eu aguento... Aaah, eu aguento.
Me fez desejar somente uma mulher, mesmo que num milésimo de segundo.
Meu quarto quente segue inspirando paixões que passam rápido.
À essa altura nada mais se passa em minha cabeça, ela já domina meu cérebro, mesmo que só ali... E a ajuda? A ajuda não veio. Ainda bem.
terça-feira, 31 de agosto de 2021
Capitu
"Te amo, tô com saudade... Quando vem me ver?"
A mensagem que chega no meu celular me faz sorrir, mesmo que eu saiba que ela mente o tempo todo, e me jura paixão como quem não é capaz de enganar tanto. Eu a conheço... Mas ela estranhamente me convence tão fácil que às vezes eu nem me reconheço, me faz render muito fácil, me convém demais, me ganha com meia dúzia de palavrinhas gostosas. Eu sou predestinada à escolhas deliciosamente ruins, e repetir os erros quando os mesmos valem a pena. E tudo que envolve ela vale sempre muito a pena. Eu gosto dela, mesmo que eu fuja disso, eu sei que eu gosto dela e acho que ela é meu erro favorito. Eu gosto da gente e de tudo que nós temos no segredo e sigilo dos vários motéis ruins espalhados pelo meu bairro. Todos os elos que nos ligam, coisa e tal.
Eu gosto do jeitinho tão reservado e discreto que ela tem de me comer com os olhos, só com os olhos, me fazer molhar sem me tocar. Me come lentamente sem que ninguém, além de mim, perceba. Tenho como hobby me fazer de sonsa, eu dou pra ela na minha mente cada vez que ela cruza o olhar com o meu. Eu adoro fingir que não percebo a intenção dela também, pra ver se ela deixa mais explícito, pra ver se ela é mais direta. É impossível negar que eu não sei o que ela quer. Eu sei, e até que muito bem porque eu quero o mesmo, a diferença é que ela esconde mal, então ser direta é o que resta pra ela. Eu sou manipuladora, hora insegura, hora egoísta e gosto muito dessa atenção. Faz bem pro ego, né?
Eu não tenho paz a partir do momento que ela aparece, eu preciso conseguir tudo o que eu quero, eu estou geralmente desacompanhada, ela tem toda liberdade do mundo pra querer ou não estar comigo, mas se eu souber que ela está lá é automático, eu a procuro. Quando ela me acha primeiro, é tão bom e tão delicioso observar enquanto ela invade meu espaço, tocando meu braço, mexe no cabelo, ela quer muito o meu olhar, ela me atrai, me cerca, me ganha, ela arrasta meu olhar quase tanto quanto eu arrasto o dela. Me tem na mira, e é abate toda vez. Um sorriso dela e uma mensagem no WhatsApp é chave pra ela me ter por inteira em menos de dez minutos, um convite é o que basta pra ela sair comigo de qualquer ambiente escuro e ir direto pra luz vermelha do meu quarto, disfarçando as trepadas noturnas abafando o gemido no travesseiro. Eu sou ótima jogadora, uma armadilha em formato de mulher, eu sei ganhar a atenção dela sem precisar de muito, mas eu sei que eu só consigo o que eu quero porque a vontade é mútua, intensamente e inevitavelmente mútua.
Ela é gostosa, do tipo que eu uso as memórias celulares sempre ao meu favor, tipo agora... Se eu fechar os olhos agora eu consigo sentir com exatidão as voltas que a língua dela dá na minha, a textura molhada dos lábios dela descendo pelo meu pescoço, por entre meus seios, a mão tava na minha nuca, mas ela desce pra barriga, momentos esses que ela sabe que eu sou fã de contato visual, lambe minhas coxas, me chupa até eu implorar ela dentro e então ela volta, sobe, fica por cima de mim, eu obviamente já estou rendida à está altura... Ela segura meu pescoço, um dedo a mais, entra mais forte, e então ela ganha um dos meus olhares mais desesperados, que seguem deixando explícito meu corpo reivindicando um banho de língua, uma botada mais forte e ela cede também.
"Goza comigo?" - Ela se masturba enquanto me come, acho incrível a concentração que ela tem. Não recuso o pedido.
Ela olha dentro dos meus olhos e é atraída, puxada pra dentro de mim, como um ímã mesmo, eu rebolo no ritmo da música que toca e eu sinto que posso dominá-la nesse momento, quase que como hipnose. Dizem que na hipnose você não faz nada que não faria normalmente. Posso chamar também de encantamento, sinto que tenho sobre ela um enorme poder de atração... Mais uma vez eu tô burlando as leis. Longe do flash das pessoas que nos conhecem eu tô queimando o mato com essa bandida. Me atraio demais pelas que adoram ser segredinho, fazer o quê? E posso ser sincera? Dar gostoso e com vontade é só armadilha, só pra me auto desafiar a melhorar cada vez que ela me tem nua em suas mãos... Mas eu só o faço por mim porque o problema sou eu mesmo que nunca resisto à ela e morro de saudade de vê-la despida de roupas e preocupações, louca, sentada, louca entrando em mim do jeito que eu gosto. Saudade bate em dobro quando eu lembro dela molhada e do meu rosto afundado entre as pernas dela, sou afogada com amor e ondas de tesão que buceta dela envia. Sinceridade é tudo né? Quando me vejo entre as pernas dela o ar é pouco. Eu nem sei mais como parar de desejá-la, mas é ela quem propositalmente é atraída pra jogar meu jogo.
segunda-feira, 30 de agosto de 2021
⚠ ¡Peligro! ⚠
Eu queria tanto que o mundo todo tivesse a mesma perspectiva que eu tenho dessa mulher porque ela é maravilhosa mesmo, no papo, maravilhosa sem dó, nem medidas, sem limites e sem sombra de dúvidas. Então eu escrevi textos aos montes pra ela, escritos exclusivamente a partir das memórias deliciosas que nós criamos, pra ilustrar tudo que eu acho dela, momentos que só eu a tenho e só ela me tem também, pelo menos ali, nua sentada no colo dela, enquanto ela desliza os dedos sobre minhas tatuagens, eu gosto de ser de alguém. Dela então... nem se fala. E contar, pra nunca esquecer, sobre as formas que somente eu a vejo. A gente sendo a gente, fodendo gostoso como sempre, ela é uma delícia de companhia e seríamos uma delícia de casal, caso a gente decidisse ser um, algum dia. Embora eu adore esse nosso casual com cada vez mais intimidade. O maior afeto que eu quero dela é cafuné e ela me fodendo beijando minha boca, só isso e eu fico de boa.
Ela consegue me fazer falar por horas, sem cansar, sem achar que eu atrapalho, ou achar que não tem sequer conexão tudo o que eu falo, me faz ter vontade de contar histórias que eu nunca contei pra ninguém, ela me abre tipo concha porque eu sou fechada pra caralho. Ela derruba meu muro em silêncio e com muita paz. Nem faz alarde. Sabe como e tudo que faz. Eu gosto de mulheres assim, me atrai. Mas por essa em específico eu sou puro encantamento. Pura atração, desde a primeira vez em que a vi. O tesão já veio pronto, eu nem construí.
¿Eso es peligroso?
Eu gosto tanto quando a gente foge e fica a sós, foge pra foder, foge pra se ver. Já falei disso tantas vezes e de tantas formas, mas é que toda vez que eu me encontro vestindo de volta todas as peças de roupa que ela me fez ter uma vontade incontível de tirar, umas horas ou minutos atrás, eu me encanto com o jeito que ela me olha, me faz sentir especial como nunca e desejada (por ela) como sempre. Ela me observa, sorrindo, puxa qualquer conversa que me entretém, e eu sigo vestindo peça por peça. Sem muita pressa. Louca pra que hoje seja uma daquelas vezes em que ela tira tudo de volta antes de eu terminar de colocar ou me encosta na parede, desliza uma das mãos por entre as minhas coxas, entra no meu shorts, puxa minha calcinha pro lado e me come em pé mesmo, me obrigando a ir embora molhada. E eu nem fui embora e já tenho vontade de voltar, é complicado. E quando eu volto é sempre delicioso igual foi de primeira, como que fala que eu não quero mais? Como que eu juro que não volto? Se eu quero muito. Se eu penso muito sobre nós. Eu estaria milionária se eu pudesse vender um pouco da saudade que eu sinto do abraço dela, do cheiro e dela no meu quarto. Ou vender a vontade que eu tenho de foder com ela.
Meu querer por ela, nua ou não, é um querer sem freio, não me contenho nunca ao lado dela. Mas não posso negar que eu me divirto pra caralho lembrando dela nua na minha cama, e da minha língua deslizando da barriga, subindo lentamente, até os seios... Tudo com ela é mais gostoso. Ela molhando, me olhando... Me ganha em tudo.
Eso es peligroso.
terça-feira, 24 de agosto de 2021
fala comigo
Ela levou uns cinco minutos pra subir, e isso porque meu prédio é o primeiro da fila. No terceiro minuto começou a ficar incômodo e inquietante pra mim, a porta que eu mantive aberta enquanto aguardava que ela subisse gelava minha sala. Ela passou de menina à mulher problemática tão rápido que eu quase não pude acompanhar, ela não me acompanhou também. Eu quase coloquei música em plena madrugada pra rasgar o silêncio e eu conseguir não pensar em mais nada, só por um segundo.
Ela encurralou o rato. Me impressionou. E não foi nem entre as pernas, o que me impressionou mais ainda. Ela me assalta com qualquer tema tão bem que eu não me disperso mais, eu não fujo. E olha que eu fujo de mulher bonita. Nem contato visual.
E pra ser sincera... Eu não queria interagir com ela num espaço de tempo tão curto assim, entre um encontro e outro. Mas ela encurralou o rato. Eu não conseguiria fugir do meu próprio quarto.
Corri e descolei a placa da parede. Não que eu tenha a intenção de deixar ela chegar tão longe quanto dentro do meu quarto, mas...
Pensei que ela deu sorte de eu estar em casa, deu sorte de eu não tá com qualquer outra aqui, vendo um meteflix. Ela não me tiraria de dentro da buceta de nenhuma outra mulher, hoje. Não mais. Pelo menos esse poder eu recuperei e o tenho em minhas mãos. E nem vindo aqui na minha porta ela conseguiria isso.
Cinco minutos pra subir. Demora do caralho. Lá fora um frio de quatro graus. Maluca e filha da puta.
Cinco minutos... E lá estava... Degrau por degrau. Os olhos grandes e castanhos da cor da tempestade que chega cruzaram com os meus e eu não senti nada relevante e além do mais o tempo já está tão fechado que logo penso que ela não teria muito trabalho. Abaixa a máscara e me dá um sorriso, o mesmo cabelo no tom que eu amo, isso foi só observação mesmo, porque ela é do tipo que não muda nunca, o frio deixou a ponta do nariz dela vermelha, eu achei engraçadinho. Lembrei do tempo que ela passou no Canadá e de como o inverno lá deixava ela parecendo uma rena. Eu sempre gostei muito de brincar e falava que era por causa das drogas. Por um segundo eu até gostei de vê-la, só nós duas, ali.
Mas esse segundo passou rápido, no segundo seguinte meus olhos estranharam vê-la, foi como se eu fosse capaz de repelir ela. Não exatamente repelir, até porque ela já estava aqui e eu não mandaria ela embora. Mas quando eu quero, eu sou mesmo, já tive muitas ocasiões que eu fui repelente pra caralho com ela. Eu me tornei menos babaca com o passar do tempo.
- Sua terra faz frio. - Eu dei risada, ela sabe muito bem como ganhar um sorriso meu, dos sinceros. Sorriso é intimidade das brabas pra mim, mas ela ganha sorriso sem muita intimidade. Eu nem nasci aqui pra ela chamar de minha terra. Mas lembrei de como eu achava engraçado o jeito que a avó dela se referia ao nome da cidade onde eu moro, toda vez, por anos a mesma piada bobinha quando falava comigo ao telefone. Até quando eu me mudei, quando eu voltei. A mesma piada. O sotaque da avó, eu passei tardes inteiras escutando aquele sotaque característico de quem mora na região dela. Eu adorava escutar as histórias. Sei lá. Senti saudades da avó dela. Lembrei do quanto eu fui a favorita da família dela toda, do pai burguês, bêbado e às vezes chato, da vó, daquela prima com quem eu fumava um beck sempre, eu era a favorita até da vizinha velha maluca excêntrica que morava no andar de baixo, continuei sendo a mais queridinha dela mesmo quando ela quase pegou a gente se pegando no elevador. Mal eles sabiam o mal que a gente se fez enquanto casal, dos traumas criados aos montes... aquele rolê todo que nem tenho mais o que falar. A galera gostava muito de julgar, analisar a nós e a nossa relação baseados somente em rede social. Eu nunca fui flor que se cheira, ainda bem que eu sou mó paz hoje. E acho que ninguém conhece ninguém de forma extremamente intensa e verdadeira. E pra ser sincera, eu acho que filtros do Instagram deixavam a gente bem mais feliz do que a gente foi, de fato.
- Hoje é a noite mais fria do ano, eu acho. - respondi, ainda rindo. Pensei em perguntar logo porque ela veio antes mesmo dela se acomodar no meu sofá, mas penso também que soaria rude e na agonia instantânea que me dá por eu não querer saber, mas hoje achar suportável a presença dela invadindo meu espaço. - Tá tudo bem? Eu pedi um vinho pra gente. - todo aquele rolê do vinho ruim que ela gosta e deixar ela tranquila pra falar. Todo mundo fala pra caralho bêbado né?
Ela ri. O clima fica leve quando ela ri, eu gosto quando as pessoas se sentem bem.
- Você é foda... - balança a cabeça contrariada. Acho que ela não esperava que eu me tornasse tão receptiva e como eu sou do avesso ainda não entendi se foi um elogio ou uma crítica.
Me deu um novo isqueiro.
Tomou a garrafa de vinho toda.
Contou da multa que levou por eu ter fumado na escada do prédio.
Riu da placa.
Chamou o Uber... E foi embora.
Não tinha nada de relevante pra falar comigo.
Até eu entender que o mais relevante que a tenha feito vir foi eu mesma.
Maluca do caralho.
quinta-feira, 5 de agosto de 2021
easy like sunday morning
Ela é daquelas que uma mensagem no direct, quando há mensagem escrita, eu sei que basta. Pouco contato e muito tato, é só um encontro desses que a gente sai de casa pré disposta, na maldade mesmo, na vontade, daqueles normais (pra mim) onde eu já saio de casa caçando assunto, pedindo, querendo, rotineiros, às vezes eu ser sexual e chamariz de probleminha me incomoda, um pouco. O básico. Encontros onde eu somente positivo os convitinhos, hora eu faço os convitinhos e assim seguimos, nossos encontros só são encarados, vistos com muito tesão, duas bucetas molhadas, aquele beijo gostoso de fazer o coração balançar mesmo e uma vontade tremenda de dar e não tem nenhuma intenção de gerar casais. Mas ela... Essa tem potencial. Queria, viu? Meu olho brilha, entende? Ela me soa diferente, chamativa, especial. Do tipo que vira a cabeça da gente. É desgraçadinha. Gostosinha, bonitinha, delicinha. Tudo demais e me impressiona. Melhora a cada vez. Me tira do sério.
Já teve situação dela me fazer ficar pensando por um bom tempo na rebolada que ela dá comigo dentro, lembrando do quanto eu amo assistir enquanto eu entro... e no quanto me excita foder ela sentada, ela goza e escorre pro meu pulso, me trava lá dentro. Queria que ela me ensinasse como não parar, como conseguir tirar meus dedos de dentro dela, minhas mãos dela. Ela é puro tormento, fogo que arde, pulsa, ficar muito tempo sem encostar nela é quase como abstinência, mas não somente isso. Falei de contextos sexuais, mas já teve situação onde eu fiquei pensando nela um bom tempo e a única coisa que aconteceu foi um beijo de quebradinha numa noite que eu só fui buscar um chá. Um beijo rápido, não durou sequer um minuto, mas isso já bastou pra ela ter controle quase que absoluto da minha mente. O corpo dela quando encosta no meu me deixa excitada na hora, juro, às vezes até antes do beijo... não é possível que ela não sinta o mesmo que eu. Química viciante.
Essa já tem tudo, já ganhou o mundo então agora basta um rosh na quebrada, ela ama uma festinha particular nas favelinha, ama atenção de favelada e se não rolar outro lugar, ela transa tranquilamente em vielinha, basta uma sessão de whiskyzada, um funkzinho e ela brota, aparece do nada e some igual fumaça, tá comigo e sabe que vai foder fofo, dormir fofo, transar forte, transar fofo, transar forte e dormir forte, pouco importa... Ela simula o afeto tão bem e eu sou presa fácil de um sexo gostoso, sempre atraída facilmente pra toda armadilha em formato de buceta. Eu gosto é de treta. Gosto muito. Sou dessas, que se foda. Vou mentir pra quem?
E eu tô sempre nas mesmas localizações, nem é tão difícil assim de me encontrar. Fala sério. Saio de casa tendenciosa, como eu disse. Se ela quer me achar, ela vai. Zero vontade de perder a chance de transar com ela.
Eu não quero nem saber.
E eu gosto assim... Com ela? Com ela só rola se for assim, só pode ser se for assim, entre nós é aquela vibe de que nem o número do telefone precisa estar salvo, já salvei o número dela e por uns dois meses eu não a vi e ninguém falou nada, eu não chamei, ela não chamou pura falta de assunto mesmo, então penso que salvar o número me deu azar. Mas quando tem assunto, ele rende, só é desenrolado mesmo pessoalmente, seguido de um jet sempre muito bom e depois é resumo. Nem quero falar o quanto ela é gata, tem uns cem moleques e cem mulheres no mesmo direct com essas ideia e eu tenho certeza que de elogio ela tá saturada, então o que agrega eu usar a atenção que eu ganho pra falar que ela é gata? Mas ela é, e puta que pariu e como é! Eu não tô nem aí, eu sou do tipo que vou bolar um beck pra ela e fazer ela rir. Prefiro elogiar as gozadas molhadas e deliciosas que ela me dá. Ou a visão que eu tenho dela de quatro, Ela é mais atacante que eu. Tem quase quem quiser e eu adoro quando ela me escolhe. E hoje... Plena sexta feira, eu dei sorte. Filha da puta, gostosinha. Fala manso, fala calmo. E eu amo o jeitinho que ela fala comigo. Nua então? Pode até chamar meu nome completo que eu não ligo. Ela é boa de tomar tapinha na bunda. Cachorra do jeito que ela é, a coleira que eu vou dar pra ela é meus cinco dedos no pescoço. De piranha - igual a mim - o rato não foge, isso que é foda. Ouvi isso essa semana. Hoje o rato come queijo adoidado. E que se foda mesmo.
Ela consegue fugir do banal e não ser nenhum pouco entediante, ela não deixa o clima mudar. Diversão de doze horas e talvez um pouco a mais quando a gente se empolga.
Essa sabe seduzir, soube me atrair. Essa desgraçada sabe entrar e sair de qualquer quebrada, me surpreende, otimiza meu tempo, meu amor, tenho amor pela buceta dela.. Me encontra sempre... Sente meu cheiro de mulher que ama dar pra ela, só isso explica. É o tempo de eu tomar um doce e ela brota do meu lado, conhece meus aliados, chega em mim e joga a verdade na cara, quer fuder comigo sempre, pelo menos sempre quando me encontra, pelo menos lembra de mim quando me encontra... e ela? Como esquecer?
Enquanto ela me quiser eu vou fazer o que? Só ceder.
segunda-feira, 2 de agosto de 2021
mas isso outra vez?
E antes mesmo que eu pudesse parar, desacelerar um pouco, processar e lidar com toda desarrumação mental, emocional que foi eu tê-la encontrado - e lidar, também, com o fato de ter fugido - em uma noite que tinha tudo pra ser incrível, mas que soou tão adversa pra mim, ela estava lá... na minha porta.
Eu não sei o que ela faz aqui.
E só pra pontuar e falar a verdade talvez o excesso de droga na minha cabeça aquela noite tenha feito eu me sentir um pouco mais atacada e desrespeitada do que eu realmente posso ter sido. Eu vou acreditar que sim, que foi só uma percepção distorcida da realidade, momentaneamente, devido ao efeito do mdma. Todo playboy quando me olha me vê como um milheiro de papel, os amigos dela então... Mas eu estava lá, por ela, pela consideração, por dinheiro, não importa. Eu estava mesmo me permitindo acreditar que me enganei, tentando dar uma segunda impressão pra quem tira com a minha cara e com o jeito que eu falo, socializando e fingindo que eu não sabia o que eles queriam. Nunca foram meus amigos de volta. Mas tá bom. Suportável. Eles não fazem parte da minha vida, eu já nem sei se eu quero falar sobre isso outra vez. E eu decidi começar a tentar ver o lado bom das situações e das pessoas, mesmo que naquela situação quando eu penso sobre tudo eu realmente não acho mesmo que eu tenha feito a coisa errada ao fugir. Literalmente fugir, pá puff... Teria sido pelo nono andar se eu fosse o James Bond, igual deu lá no meu teste MBTI. Eu estava ali e de repente eu não estava mais, rápido e fácil assim. Rato foge. Rato é muito bom de fugir. Pareceu uma atitude ruim, situação engraçada e mesquinha até pra mim, mas eu vou me respeitar sempre, qualquer pensamento ou vontade minha por mais maluca que possa soar eu vou respeitar acima de qualquer consideração, minha consideração vem comigo em primeiro lugar. Aquele rolê de fazer o que for melhor pra mim.
B l á b l á b l á.
Mas eu não sei o que fazer agora, eu não consigo pensar em nenhuma rota de fuga, não tenho nenhuma carta escondida na manga, eu não sei o que ela faz aqui.
Eu recebi a mensagem dela no whatsapp avisando, com uma foto da portaria do prédio onde eu moro, cinco minutos antes de ela tocar o interfone da minha casa sem parar à quase uma hora da manhã no meio da semana mais fria do ano.
Pensei em não atender por dois minutos inteiros, cento e vinte segundos pensando em sumir, mas ela continuou insistindo e eu lembrei o quanto eu quero parar de ser cuzona com ela. Pensei em descer rápido igual uma bala e beijar a boca dela com toda paixão do mundo, a mesma paixão que eu guardo no bolso só porque é impossível esquecer, mas que eu já nem sinto queimando, pensei, novamente, no quanto eu quero parar de ser cuzona com ela... quando eu me lembro da gente, eu lembro que já jurei tantas vezes parar de ser assim com ela e por quantas vezes eu não peco e me permito ser comandada pelo ego? Hoje vai ser diferente, não por ela... mas por mim.
Optei por fingir não ter visto a mensagem, fingi surpresa ao atender o interfone. Eu nunca ouvi a voz dela no meu interfone, foi uma novidade confusa pra mim. Eu não fiquei confortável com a visita e o principal fator é eu não saber a motivação da presença dela aqui, e é bem estranho olhar ela e meu bairro juntos no mesmo quadro. Parece que não encaixa.
Que porra ela está fazendo aqui? Qual é o problema dela?
Faz quatro graus na rua agora e ela está lá fora no frio madrugadeiro da cidade cinza, admirei a coragem. Essa mulher é mais louca que eu, sempre foi. Caralho. Eu sou só mais sangue frio, mais estrategista, eu fazia as coisas na intenção, na vontade de magoá-la mesmo, sempre propositalmente, sempre pro lado mais errado e dolorido da coisa... Sentir um impacto negativo era melhor que não sentir nada, né? Eu só fui mais filha da puta, mas a louca da relação sempre foi ela. A mais fervida, estourada, a maluca... Acho. Ela era o lado mais emoção, mais no estilo fazendo as coisas sem pensar muito, só pra continuar fazendo coisas uma pra outra que só geravam coisas ruins, um sentimento ruim de digerir e que mesmo não sendo tão benéfico pra nós, ainda era um sentimento. O ódio mantém a gente ligado a alguém, né? Acho. Ódio ainda é um sentimento se você alimenta. Imagina agora quando é ódio e amor juntos? Tudo demais... Alimentados demais. Sentido demais porque com ela eu nunca consegui sentir pouco. Eu nunca consegui gostar pouco de nada. Ódio, paixão, ciúmes, razão, emoção... se você misturar tudo isso dá eu e ela. Eu sou pura paixão, razão e erro.
Que se foda... nada muda os fatos agora, né?
Ela tá esperando eu apertar os botões pra abrir a primeira portaria, ainda, tem aproximadamente meio minuto. Por incrível que pareça, meio minuto parada, sem fazer nenhum tipo de barulho ou movimento, pra mim, é muito tempo. Eu calculei, calculei e pela primeira ela encurralou o rato e não foi nem foi entre as pernas. Olha só.
Eu não sei porque ela veio, por um segundo pensei na placa roubada, por um segundo pensei que ela poderia ter seguido a recomendação dos órgãos mundiais de saúde e ter simplesmente FICADO EM CASA. Ela não teria vindo lá da casa do caralho só por causa da placa, sei lá. Eu não teria ido até lá se eu soubesse que o único saldo positivo e ápice daquela noite seria eu ter roubado a placa, enfim. Ela nunca veio até aqui por mim, também. É importante lembrar. Tampouco viria por culpa de uma placa de R$9,90.
E eu não sei lidar com ela na minha porta. Sabe quando parece que quanto mais a gente tenta amenizar mais desconfortável a situação se torna? Então.
Eu permito a entrada.
Ela não deve demorar até estar tocando minha campainha. Ainda estou surpresa e admirada em como ela pela primeira vez encurralou mesmo o rato e o obrigou a lidar com a situação instantaneamente, no ato mesmo, sem fugir... ela não entenderia nem que eu explicasse.
Não importa mais o motivo pelo qual ela veio, hoje eu não vou quebrar os acordos de paz.
sexta-feira, 30 de julho de 2021
falando besteira pra queimar a brisa
Eu nunca a encontrei durante a luz do dia, embora eu ande sempre pelas mesmíssimas ruas, cidades, bairros, becos e vielas, em qualquer horário do dia ou da noite, em qualquer dia da semana, nunca, nada. Nem sinal dela. Só a encontro quando ela quer, só quando ela quer aparecer... Odeio deixar ela no controle, mas no caso dela eu não tenho muita escolha mesmo. Durante o dia: nem sinal dela. Ela é o melhor exemplo do que me parece um sonho bom, só de noite mesmo pra eu conseguir encontrar. Nem é reclamação, é só uma observação, nada demais. Só queria escrever sobre isso e sobre ela, e lembrar que no fundo eu até curto meeeeemo esses encontros exclusivamente noturnos, a noite tem seu charme e juro, eu tô aqui analisando tudo na mais pura calma e observação mesmo, uma pontuação engraçada sobre nós duas. E só. A noite pertence à essas possibilidades improváveis. A noite joga no meu colo várias dessas oportunidades. E pra ser bem sincera eu adoro muito, muito... muito a vera. Até demais. Sou dada ao problema, ao carnal, sexual demais.
Nunca a encontrei no silêncio também, e sendo bastante honesta ainda bem.
A voz dela e o paredão rasgam o silêncio e caralho... Eu odeio silêncio. Ela sabe, me conhece pouco mas sabe. Agradeço.
Fico imaginando como seria ela cortando o silêncio do motel ou do meu quarto, com o gemidinho mais gostoso que ela pode e quer me dar. E eu sei que ela quer me dar. Mas até então isso era só minha imaginação, né? Mas que inferno de mulher... fiquei com vontade.
Em todos esse tempos onde ela complementa a beleza noturna da quebrada, eu só pensei/lembrei nela durante a noite também. Ela tem cara de chance única, papo de aventura noturna, quero essa bandidinha gostosa na minha cama pra já. Presença mais que vip. Tô maluca pra introduzir ela ao meu mundo maluco, só por hoje.
Olha ela... Tomou minha bala e nem sabe, dropou meu doce e nem sabe. Gosto é dessas, das que me dão atenção, das que me encostam só pra demonstrar intenção, já dá pra saber que ela é das diretonas, embora ela me toque muito e chegue pouco.
Eu acho ela linda. Gata pra caralho. Gostosinha, combina comigo... me atrai, né? Vagabundinha, putinha... Gosta de ser xingada, né? Tô ligada, o básico. Ela é dessas, queria ser menos amorzinho e respeitosa e ser mais direta, mas infelizmente espero atitudes... Eu não sei lidar com essa cara que ela tem de quem fode bem, qualquer vagabunda com cara de safada eu dou minha atenção, essa então... Tenho vontade, passo tanta vontade, ela já me fez imaginar tanta coisa entre nós.... Só sacanagem. Odeio quando uma mulher me faz ficar imaginando como é o bota-bota porque eu torço pra descobrir rapidamente se a realidade é tão gostosa quanto parece na minha cabeça. Amo.
Eu sou inocente demais, já falei sobre isso? Raramente chego em uma mulher, deve ser insegurança mesmo, deixo ela chegar. E eu fico maluca, excitada mesmo com mulher que toma iniciativa sem medo, me quer? Fala comigo, eu gosto da sensação de ser desejada, aquelas coisas. O não ela ja tinha, o não eu já tinha também... Eu não vou explanar pra ninguém mesmo, jamais falaria, nem que minha resposta seja não, tenho esse defeito de ser extremamente paz e discreta. Bololo comigo é só na cama, sou sem estresse... e no máximo vou escrever um textinho bobo e inocente sem citar o nome dela. E além do mais... Ela chegar tem todo aquele rolê de fazer bem pro meu ego, né? Todo aquele rolê de reverter inseguranças, amo transformar inseguranças em certezas. E não somente isso, eu nunca vejo maldade em nada... Mas sou bem maldosinha, bem filha da putinha. Gosto de ser cantada embora eu interprete TUDO sempre primeiramente como amizade, até ela me alisar demais, até ela falar que também tem vontade, aí a conversa muda, quando ela fala comigo eu já quero levá-la pra minha casa, automaticamente. Queria vê-la no meu quarto preto, com a cara parede. Mas queria isso do nada. Agora mesmo. Queria minha luz vermelha iluminando a cara dela AGORA. Tem coisa pra mim que do nada me soa como necessidade. Hora necessidade tranquila, hora necessidade extrema.. eu só paro quando eu consigo. Mas dado a essa condição - da timidez - eu normalmente espero a iniciativa da filha da puta pra consumar o ato. Pra se ter ideia eu demorei sei lá, uns três encontros pra perguntar o nome dela, e só o fiz porque ela pediu meu isqueiro emprestado. Mexeu no cabelo, falou comigo como se tivéssemos toda intimidade do mundo dentro do bolso pra gastar uma com a outra, até então a gente nem tinha mas essa noite... Ela me encostou demais... tá demais isso. Demais. Ai ai. Me tocar é invasão de espaço e vindo dela... Gosto também.
Eu sou tão fã das nossas conversas - quase sempre - quando estamos bêbadas, despidas de tudo que nos prende. A gente tem cada conversa mirabolante juntas, loucas, e geralmente tanto faz... mas hoje eu tô maldosa. Eu sempre a encontro quando minha mente tá incapaz de manter uma conversa. Ela é foda, maravilhosa, quantas vezes eu tava quase entrando na rua mais escura da minha mente e ela me salvou com aquela voz gostosa que me faz fabricar um montão de putaria boa de imaginar? Me trouxe de volta? Várias. Ela é brisa boa. Sabe quando você sente sintonia, intimidade logo de cara? Comigo isso é raro. Nome nem é tão importante quando a presença é gostosa, essa eu chamo de gatona, bebezona. Com ela sempre foi assim, presença confortável... Nada com ela parece problema. Nada com ela me cheira a mal estar ou brisa errada. Deliciosa. Cavala. Tenho nem altura pra essa mulher. Facilita na cara, joga na cara. Eu prefiro assim, não sou das mais fãs de jogos longos da sedução e muito menos de cantadas esporádicas. Torço pra ela ser direta. Já falei da minha dificuldade de identificar sentimentos? A timidez é barreira. Um dia eu venço isso.
Ela me pediu o isqueiro hoje, já fico idiota igual adolescente, eu tenho tanta vontade dessa filha da puta que se ela soubesse não mexeria comigo. Ou mexeria mais só pra ver o que acontece.
O isqueiro não foi a toa. Assunto daqui, assunto dali. Hoje ela não aguentou... Hoje ela me escolheu, e por que eu? Sei lá. Mas hoje...finalmente eu vou descobrir como fica essa cara linda que ela tem, no Sol, até estourei uma champanhe pra comemorar. Hoje eu vou fazer questão de abrir a janela, deixar a luz invadir o espaço mal iluminado só pra olhar pra ela, hoje ela vai ganhar bucetada de café da manhã, que se foda... Não era buceta que ela queria?
Tô só falando besteiras... que ela nunca vai ler.
quinta-feira, 22 de julho de 2021
tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você
3h19
O que aconteceu com o rato depois que a brisa do ácido passou, e ele conseguiu algum nível de raciocínio - e o mínimo de consciência, amor próprio mesmo - e fugiu da gaiola, mais conhecida como o nono andar, o apartamento dela? Pra onde ele estava indo? Qual o motivo do rato ter fugido?
É... rato não pensa. Rato faz. Rato calcula tudo tão rápido, mas não pensa. Só analisa a melhor rota de fuga e foge, porra. Rato é bom de fugir. Acho que rato não tem muita inteligência mesmo, mas é perspicaz... certeiro. Não sei. Só sei que foi assim. Ridículo, pode falar.
Há inúmeras ligações dela, minha bateria está quase no fim e eu não vou atender. Mesmo. Vinte e três ligações. Ela deve achar que eu fiquei louca, mas acredito que a opinião dela não me soa muito importante agora, não é mesmo? Nunca fiz o melhor pra ela, ela nunca esteve em primeiro lugar, isso é o meu maior defeito: egoísmo.
Eu tô aqui na minha idiotice e no mais puro e simples prazer em fazer merda, me divertindo pra caralho com a situação, sempre fui maldita, brincando com coisas sérias, queimando sentimentos, paciências e desgastando humores por hobby. Eu só penso em cifrão, hoje é esse o motivo pelo qual eu vim, e pra ser sincera não haveria outro motivo para vir, hoje. Cash rules everything around me. Sigo o fluxo. Conto com a sorte.
Mas... é muito louco o que eu sinto quando atravesso do hall pra dentro do apartamento. Quando foi que o local de maior acolhimento virou prisão, tortura? Sei lá, mas só consigo pensar que essa social está chata pra caralho e eu nem deveria mais estar aqui. Não fico a vontade, algo no ambiente me deixa alerta e nada, naaaada confortável. A brisa foi legal, mas olha só o mal que a sobriedade ou quase isso traz: sentimentos assim. Meu cérebro já gastou todos hormônios de felicidade e equivalentes há algumas horas atrás e nem o md consertou o mal estar. E agora eu tô aqui... o que é que há? Eu me sinto constantemente deslocada, onde quer que eu esteja, e pra ser honesta ela se tornou praticamente uma estranha pra mim, uma estranha com quem eu já tive o ápice de intimidade? Foda... Foda-se, as pessoas mudam constantemente e acho que ela já não me conhece também, nenhum pouco. Eu não pertenço à lugar nenhum, me sinto livre igual incenso, mas aqui... Aqui menos ainda. Aqui, além da não ter sensação de pertencimento, há a sensação de desconforto. Por algum motivo eu me sinto sempre atacada pelos amigos dela, sempre. Não é impressão e sempre foi assim. E eu não entendo quase nada do que ela ou os amigos falam, nada contra, mas também nada a favor. Neutro. Mundos diferentes. Eu sou fechada, eles não conseguem derrubar o muro, não é antipatia, mas sorriso é a maior intimidade e é sempre importante ressaltar que não temos nada em comum, nada juro, sem exagero. Isso nos distancia. E eles... Eles não me entendem também, típico, e eu sei o porque eles gostam de mim. O básico. O de sempre. O normal. O esperado.
Mas eu... Estava lá. Eu caí em mim e eu estava mesmo lá, caralho eu vou mesmo escrever sobre isso de novo???? Vou. E não é nem mais um formato de desabafo, é só explicação rasa, nem devo.... Mas eu quis. Quis escrever pra ver se eu vou rir disso depois, da fuga ou talvez eu só queira contar e tirar isso logo da minha cabeça e esquecer de vez essas minhas atitudes ridículas.
Minhas mãos soam, eu a encaro por alguns segundos e o olhar dela me pedia para tirá-la dali. Ela iria pra qualquer lugar comigo, naquele momento... e eu poderia levá-la. Fácil assim. Tudo que eu já quis muito, tudo que eu esperei muito nas minhas mãos. Mas... mas eu não a quero comigo em lugar nenhum. Onde ela se encaixa na minha vida? Em qual cenário? Nenhum.
E foi aí, exatamente nesse olhar que ela estragou tudo. Minha respiração ficou acelerada e de repente um misto de ansiedade com desespero e eu estava lá ridiculamente correndo MESMO, juro, sendo clara: fugindo, correndo no asfalto frio do bairro de playboy dela rumo à minha casa... Saí de volta pro hall, desesperada, apertando o botão do elevador cem vezes, antes que alguém perceba, antes que alguém pergunte o que estou fazendo. Não tenho resposta, tenho é necessidade de sair daqui. O elevador não veio. Rato não pensa, caralho, rato foge. Eu fui pelas escadas, no sexto andar acendi um beck já achando graça da situação, eu roubei a placa que indicava a mangueira de incêndio. Eu coleciono placas e isqueiros. E aparentemente amores mal resolvidos e situações emocionalmente traumáticas também. A superação é problemática mesmo, mas o pós é ainda pior. Pra ser sincera, eu queria só normalizar a situação.
Eu adoro essas saídas estratégicas, sem ninguém notar. Juro, foi assim mesmo. Na base da fuga que eu saí de lá, eu precisava somente respirar, e NÃO estar entre paredes, presa no concreto, eu não consegui evitar, eu não consegui. Me senti presa mesmo, foi exatamente assim que me senti. Dentro de uma caixinha quadrada com paredes de cores frias, me senti mesmo igual o rato correndo o dia inteiro dentro da gaiola, me senti tentando respirar num ambiente sem oxigênio, cada vez menos, até sufocar. Eu olhei pra ela e foi como se eu estivesse entre pessoas que nunca vi, e ninguém me conhecesse também... Eu não consegui evitar. Por um momento eu senti que saltaria do nono andar só porque essa seria a saída mais rápida. Rato não pensa... Eu não consegui evitar. Não pulei, mas atravessei dois bairros inteiros correndo, até encontrar meu amigo, só porque eu não queria estar sendo tocada por ela, pelas mãos dela, não estar debaixo do olhar dela.
Ela, ela, ela, ela... Do que adianta eu me arrepender se não vai mudar nada? O arrependimento é só mais um peso pra carregar. Je ne regrette rien, caralho. Não há arrependimento, apenas confirmações e tudo que vier depois disso é apenas consequência dos meus próprios atos, importante estar ciente. E a minha parcela de culpa eu assumo, mas culpa é peso também. Quero deixar claro que eu gosto de me colocar em situações embaraçosas para ver qual a melhor forma de fugir. Alice não entendeu quando eu contei, percebi pela expressão que ela fez. Mas eu tenho muito disso, de fugir mesmo, de correr, de não estar perto, de respeitar minhas vontades, dessas coisas todas, acho que perdi o toque, o tato, e tudo o mais. A cena foi assim ela se distraiu e puff, eu estava lá, descendo calmamente as escadas. Mas fugindo. Bem típico do rato conseguir sempre escapar de qualquer forma, em qualquer situação. Escapista até na forma como eu saí do apartamento, maior estilo Harry Houdini, criando uma realidade muito melhor pra mim, onde ela não exista, até que então ela deixou de existir mesmo. Isso é fuga prática dos lugares e não somente das situações. Eu sempre vou fazer o que eu julgar melhor pra mim, sem calcular as mágoas ou más impressões que vou deixar pelo caminho. Sempre dá pra lidar com isso depois, mas eu quase nunca quero.
E sobre minha fuga: tô longe ainda, mas o desespero em estar ou parecer vulnerável faz com que eu não pare de correr, cada segundo ali me matava, odeio estar entre desconhecidos e eu poderia mesmo ter pulado do nono andar. E ainda assim eu não conseguiria chegar em casa correndo nem que eu fosse o próprio Usain Bolt.
Mas eu... eu sempre corri, né? Eu só penso em mim blá blá blá.
Eu tô cansada.
Ela me liga de novo. Vinte e seis ligações dela, dá pra acreditar? E eu não quero atender. Eu não estou revidando nada, nem retaliando nada. Eu não quero ela na minha vida, essa é a real. E esse sentimento de não sentir nada é esmagador. Acho que eu esperava amar aquela mulher por uma vida toda, é levemente frustrante e ao mesmo tempo satisfatório saber que não. Sem afirmações vazias, eu fugi porque percebi que fui atraída para uma ratoeira emocional. Será que ela não percebe que ficou um pouco tarde pra ela se mostrar apaixonada por mim? Eu queria zerar todo tipo de situação entre mim e ela. E só. E o fiz.
5h09.
Sentada na calçada me permito uma pausa, quero muito terminar o beck, uso a bombinha, já respiro melhor. E aí está o grande detalhe que estragou de verdade minha noite: meu isqueiro não está mais no meu bolso, devo ter deixado no sexto andar e isso me estressa ainda mais, era meu isqueiro favorito... mas eu não vou voltar atrás. Não teria perdido meu isqueiro se eu tivesse ficado em casa. Eu ainda vou rir de tudo isso. Minha terapeuta sugeriu um pouco mais de positividade, então: pelo menos ganhei uma placa nova. Ela brilha no escuro.
Sorte a minha, né?

















