quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Quarta-Feira: sentimento de quinta.

O rádio ligado cantarolava um meio tom de uma música que eu adoro...
"Tu vens, tu vens... Eu já escuto os teus sinais..." 
A canção te anunciou. Te anunciou, mas você não veio, não cumpriu o nosso combinado, mas meu bem, a culpa não é minha se você é um pássaro sem coragem de voar com asas próprias.
Nunca foi e nunca vai ser. Nem por mim, nem por nenhum outro desses teus amores baratos e fáceis, pra você, eu sei, tudo sempre foi muito fácil.
Mas a culpa é sua se você me sorrir, por pura maldade, o mais bonito sorriso deste Universo, a culpa é toda tua.
A culpa desse frio é tua.
A culpa da garoa fina que gela meu corpo é tua.
A culpa desta solidão que me assola é tua.
A culpa de hoje eu ser aquela pessoa que chuta corações e vai de bar em bar, cama em cama também é tua.
Eu tive todos os motivos pra enlouquecer, eu tive mil motivos pra me obrigar a te esquecer. Eu tive todas as razões possíveis pra arrancar todas as raízes deste sentimento de dentro de mim e eu sei o quanto doeria, porque isso tudo tem doído há tanto tempo que eu já aprendi a lidar com a dor, ao menos ela é presente quando você decide ser ausente. Eu tinha motivos pra te colocar no quarto escuro, jogada no meu passado, como tantas outras pessoas que eu conheci e desconheci, hoje sequer lembro nome, gosto, cheiro, toque, sorriso...  Nada.
O único problema é que toda vez que eu tento fugir disso, eu percebo que está tudo dentro de mim.
E isso também é culpa sua.


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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Pendulum

O silêncio essa hora é perturbador. A porta entreaberta, paredes brancas e sujas, todas as janelas abertas e eu ali, no meio desse meu caos emocional, espiritual, mental. Respirando pausadamente, prestando atenção no trajeto que o ar faz até meu pulmão. O silêncio é tanto que ao fundo eu consigo escutar os carros com pressa na avenida de trás e se eu prestar mais atenção eu consigo escutar os cachorros da mulher do outro quarteirão. Ela tem uns cinco cachorros e eu os escuto nas minhas noites de silêncio, um som perdido, distante. Minha boca não diz nada, não ousaria falar nada. Vou falar o quê? Lembrei-me da primeira vez que te vi. Você mais alta, eu mais ansiosa. Nós duas ali. De frente pro mar. Um abraço e um quase beijo. Não foi preciso mais que isso pra eu confirmar minha necessidade de você. Eu jamais esqueceria disso, mas eu gostaria de não lembrar o tempo todo.
Disseram na TV dia desses que não é possível viver com o coração fora do corpo, me pergunto então: como é que eu tenho vivido se meu coração está contigo? Poeticamente falando ou não, isso é algo que ainda dói. Vez ou outra eu esbarro em algum resquício de você por aí, em alguma anotação, foto ou algo que me lembre. Às vezes tudo parece com você, tudo lembra teu humor idiota. Não sei mais o que fazer com isso, com sua ausência que se faz tão presente a cada dia, com os novos toques que tu recebe. Fico me sentindo idiota por imaginar que tu vai sorrir embalada de novas músicas, novos ares, seu coração vai disparar ao som de um novo "eu te amo". E você não tem ideia do quanto isso dói. Eu morro um pouco a cada dia sem que ninguém se dê conta. Estou me matando por trás desse sorriso que eu insisto em manter. Afundo-me em outros amores na esperança de encontrar um pouco de você, nem que seja uma mínima semelhança, e acabo passando dias trancada dentro desse apartamento branco, sozinha. Vomitando textos ruins e cultivando atitudes deploráveis. Acumulando tudo que eu poderia sentir. Eu sinceramente já não sei o que fazer.
 Mês que vem faz um ano. São trezentos e sessenta e cinco dias. Oito mil, setecentos e sessenta horas. Foram noites e noites rezando pra que eu consiga deixar no passado você e toda essa história. Decidir te esquecer é bem fácil, difícil é não desejar que você se lembre de mim antes de dormir. Eu decidi por tantas vezes te esquecer e percebi que o obstáculo é justamente esse: esquecer. Difícil mesmo é seguir, levantar daqui, difícil mesmo é não desejar que você se lembre de mim antes de dormir. Nunca foi do tipo que sai por aí se apegando, e sinceramente me pergunto todos os dias qual a razão de eu estar presa nisso, existem tantos sorrisos pr'eu conhecer por aí. Vou sair, fumar meu beck, sorrir com as amigas e enfim, pelo menos por algumas horas, te esquecer.
Espero do fundo do meu coração não encontrar com nenhuma memória sua por aí.



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domingo, 7 de setembro de 2014

Dança bailarina, dança.

Caixinha de música insuportável, bailarina que dança, dança rodando, não para. Isso não me parece dança.
Ela nunca para.
Odeio essa bailarina e o som calmo e perturbador que ela ecoa por aqui. Você passa as mãos no rosto, dedos entre os cabelos, checa o celular. Diz que já vai, está tarde. Levanta-se. Meu coração dói, do jeito emocional da coisa. Tudo dói. Meus olhos pesam. Peço-te pra ficar. Você repete que já vai. E foi. Sem aceno, sem adeus, sem nada. Só o barulho da porta encostando e um “vem trancar” dito baixinho pra não incomodar o vizinho do lado. Você e essa sua calma, sua maior qualidade que agora é o maior defeito. Te vilanizei. Você me matou, atirou mais rápido do que aqueles atiradores dos filmes de faroeste que eu gosto.
Bum!!!!  
Não que tivesse feito algum som além do som das tuas palavras, eu nem disse nada, sem chances de revide. Já deu pra reparar que nessa história só eu me fodo né?
Você, menina bonita dos olhos cor de mel, jeito de abelha venenosa e sorriso colorido, me diz pr’onde que é que você foi depois que saiu daqui, de mim, diz p'ronde é que tu foi depois que me deixou aos pedaços. Diz-me pr’onde é que tu levaste meu sorriso, me diz onde é que tu colocaste minha paz. Diz-me onde é que está esse teu abraço que eu estou sentindo tanta falta. É tanta falta que já não cabe mais fingir que não. Se alguma vez lhe disse não, agora lhe grito sim e repito: é só você voltar pra tudo voltar a ser. Pra você e eu voltarmos a ser o que éramos, mesmo com todos esses nós, com todos esses desatinos. Desencontros. Reencontra-me e diz que vai ficar, coloca no cabide aquele teu velho vestido azul da cor do céu, rasgadinho do lado porque você prefere assim. Falta tanto da sua bagunça na minha organização. A cama não se desarruma, tudo permanece no lugar. Falta tanto da sua risada gostosa, da sua gargalhada preenchendo o espaço vazio, falta o brilho dos teus olhos na escuridão do quarto, falta tanto das tuas manias e teus errados. Já nem digo quanta falta faz teu beijo e teu sexo, meu corpo ainda guarda teu toque delicado. O sabor do teu beijo misturado com o teu batom doce. Me sufoca e me ignora.
Falta tanta coisa no meio da falta que tu me faz. Tanta, mas tanta coisa!
Você não diz nada, mais uma vez a sua calma. Minh’alma grita por você... Enquanto isso a caixinha de música, a bailarina, o chimarrão e meus devaneios madrugadeiros.
Dança bailarina, dança...



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