7h10. Uma manhã amena e preguiçosa nasceu e os olhos dela sequer se fecharam. Eu acho que ela deveria cortar as drogas e os vícios ruins, mas acho que isso também iria incluir nossa relação.
Eu odeio quando amanhece, mas dependendo da situação eu acho até melhor. Mesmo sabendo que quando me encontro aqui, já não há mais salvação.
Ela me olha com todo afeto de quem me ama há no máximo duas horas, mas na verdade esse bololô já tem tantos anos que às vezes me questiono o que é que há. Como deixar pra lá mesmo sabendo que a história é minha também e eu posso fingir que isso nunca existiu se eu quiser? Posso fingir, mas sei que está lá... Vivo. Com dois olhos gigantes e atentos, escondido no cantinho da minha memória quase deletada, no escuro. Deve estar absorvente mais Sartre do que eu lá de cima dessa pilha de memórias incríveis reduzidas à poeira. Eu posso esquecer o nome do perfume dela, mas jamais esqueceria o cheiro. Eu posso deixar de pensar no quão simétrico e bonito é o rosto dela, mas jamais esqueceria das expressões em cada uma das situações que já vivemos, dos extremos. Dos lugares escuros onde o nosso amor já colocou os pés. Das manhãs ensolaradas e claras onde ela me abriu uma brecha terrível pra realidade de que o tempo não pararia pra nós. Desfilamos nas horas rápidas, mas tão rápidas que arrastamos isso pra uma eternidade de tempo. É foda.
Não é incrível como ela consegue, ao mesmo tempo, ser a mulher mais incrível e mais filha da puta do mundo? Eu acho.
O custo de esquecer é muitíssimo alto, e eu sempre invento de pagar parcelado. É nisso que dá: recaídas, recaídas, recaídas. Pagamento de taxas de juros emocionais muito mal resolvidos.
Ela gritando pra falar que me ama, eu continuo achando que é mentira porque não sei entender direito o que ela sente, na minha cabeça essa mulher só fode e mente. Eu nem sequer absorvo nada gritado.
A distância entre o passado e o presente que vivemos é tão curta, mas o futuro está tão longe das nossas mãos.
Metade de mim ia amar nunca tê-la conhecido. E outra metade de mim gostaria de esquecê-la.
Mas uma pequena parte de mim, avulsa e independente ainda segue maluca por ela. Segue fervendo o amor no peito, segue enlouquecida e entorpecida de amor.
É... Eu acho que nunca vou aprender porra nenhuma com isso.
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