segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

dez verões

Nos amamos de maneira extrema, intensa e absurda por dez verões inteiros. Por dez verões sem pausa ela foi capaz de me roubar o ar e devolver no mesmíssimo segundo, de me subtrair a paz e me devolver no encontro seguinte como se eu não tivesse sentido nada de ruim, como se ela não fervesse de ódio comigo e com esse jogo chato de gato e rato.
Dez verões entre suspiros, abraços, gemidinhos gostosos, amassos, beijos roubados ou presenteados. Minha vida foi entrelaçada com a dela por dez verões. Inteiros. Inteirinhos. Juntas dos becks e beijos na viela até manhãs conturbadas ou tardes de Sol, corpos marcados e cheios de areia. Dez verões inteiros queimando de amor, fervendo ciúmes sem necessidade, coisa que era comum pra mim quando eu tinha menos idade.
Dez verões inteiros com o amor borbulhando no peito e ainda assim ela fala que eu sou incapaz de amar alguém por muito tempo. Um ano ou outro também houve amor entre as estações sem calor. Dez verões assistindo a gente saindo de menina pra mulher, tão rápido quanto o Sol se põe, tão rápido quanto o verão acaba.
E olha que eu só conto os verões regados à vinho barato, prensados, flores... na sala dela ou no meu quarto. Dropamos mil doces, felicidade e um sexo foda era tudo que a gente esperava e mais nada, sem ambições, fomos de bike até a Lua, saímos de órbita nuas na cama por diversas ocasiões. Febre do amor. Just a love fever, baby!
Ela tem um sexo diferenciado que satisfaz tanto. Me come de um jeito que eu não esqueço até hoje. Transando loucas e amando igual. Entre vindas e idas, e depois idas mais longas ainda, eu... De alguma forma ainda me mantive aqui. E às vezes quando eu volto é difícil encará-la, por isso às vezes é difícil ficar. Ela tem um quadro com meu coração na varanda ou sala de jantar, porque de vez em quando eu me sinto apenas um item colecionável pra ela, às vezes só amar não me basta.
Dez verões.
Fritando.
Dez verões inteiros, fritando.
Próxima demais pra conseguir esquecer de tudo. Longe demais pra reviver tudo na mesma intensidade.
Dez verões criando e quebrando novos hábitos, viciada no cheiro antes e depois de estar toda gozada, molhada, no gosto do beijo e dos lábios, na companhia, na voz, em abraçar ela apertado, dez verões sem sair do seu lado, dez verões comendo ela em pé em qualquer canto dessa casa, dez verões me deliciando com ela pelada. Dez verões de amor e ódio, dez verões com a buceta dela no topo do pódio. Dez verões.
E tudo bem.. tudo bem... Tá paz.
Continuo desejando secretamente que ela me ame no inverno também, e deixe eu fazer do meu coração uma casa quente pra ela morar, sem mais atritos.
E tudo bem... Tudo bem, eu acho.


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