Juro que eu queria voltar no tempo e achar um momento onde eu pudesse entender porque eu a escuto, a leio e nunca aprendo nada com isso. Nunca entendo nada. Sinto que em algum momento a gente tinha um amor absurdo pra se oferecer, mas agora estamos somente presas num sentimento que em algum tempo distante fez sentido, fez feliz e foi só nosso. Meu e dela. Só que agora estamos aqui....perigando cair no esquecimento, agarradas ao fiapo de esperança de que ainda vamos viver isso.
Ou tentando fazer o que resta disso o mais positivo possível pra nós.
Quando eu olho pra ela... eu não sei explicar, eu sinto como se tudo de errado alinhasse, mas depois desordenasse de novo. Ela é um minuto de silêncio pra minha cabeça, mas parece que logo depois vira duas horas inteiras daqueles barulhos que quase me fazem querer explodir. Um looping. E quando ela me olha, eu acho que ela derrete igual a mim.
Mais uma vez nós nos encaramos aqui... É só mais uma pra conta. Mais um sábado gelado, impróprio e até inóspito, mas aqui estou eu... aguardando que ela desça lá do alto do nono andar, me busque na portaria pra que a gente possa jogar juntas essa roleta russa de sentimentos. O que será de nós quando eu subir? O que será de nós quando amanhecer? Eu não sei, é muito louco esse enredo e eu, hora ou outra, tenho medo de ficar presa nisso pra sempre, de não conseguir tornar as coisas claras o suficiente ou fazer tudo isso caminhar pra frente.
Eu subo, aí vem o clássico de sempre: ela, eu, uma atração predominante, muito beijo na boca, sexo, o vidro dela desenhado com as minhas canetinhas, baseado aceso, whisky on the rocks, sorrisos, risadas preenchendo meu coração e meus ouvidos, mais doses de whisky, eu eventualmente assistindo ela cheirando cocaína, carícias, mais whisky, uma observação minha é que quando ela me beija, eu sinto gosto da química. O que me marca são os olhares dela se enchendo de perguntas, mas eu não sei expressar isso verbalmente então eu só evito de olhar pra ela e continuo deslizando e me escondendo por entre suas curvas.
Quando a gente vai pra sacada eu amo sentir o vento gelado provocando arrepios pelo meu corpo. "Por que aqui nessa cidade só venta?", eu pergunto. Ela dá risada, diz que não sabe e muda de assunto. Eu tô bêbada demais pra racionar agora. Nós transamos mais uma vez porque a proximidade entre nós é uma loucura e eu não quero parar nunca, foda-se o frio e os prédios da frente, são 2h37 agora, já estamos morando num domingo com corpos quentes embolados. Ela goza e diz que eu sou uma mulher puramente tátil - e eu tive que procurar no Google pra entender o que ela quis dizer.
A minha insatisfação vem com o gozo. É claro que é delicioso trepar com ela porque eu sei o quanto eu gosto disso, mas eu não queria que ela fosse ilustrada somente pelo meu erotismo intelectual, não quero que a gente se encare por frestas como Píramo e Tisbe, não quero mais manhãs nos envolvendo em tons sem graça, não quero mais a ausência dela me fazendo ser triste e fazendo com que eu me perca no fluxo das palavras que eu não disse.
Às vezes acho que tudo gira em torno dessa mulher e talvez sim, talvez seja assim mesmo, ela é o meu dilema, será? Eu não encontro solução pra esse problema. Eu só sei continuar aqui, debaixo dos olhares e desejos dessa mulher.
Ela me despedaça, mas ela... ela continua inteira, imbatível, inabalável. E isso são coisas que antes eu sequer percebia, realmente não via porque eu a vestia de amor, projeção e poesia... E brisa.
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