Ela cria comigo diversas memórias que eu sei que eu nunca mais vou perder, e que acredito e confio que não sai mais mesmo dos meus pensamentos recorrentes, mas especificamente tudo que aconteceu hoje eu sei que tão cedo não vai sair mais do meu histórico de memórias mais acessadas recentemente, aquele cantinho das memórias mais gostosas, especiais, saborosas. É incrível olhar pra nós duas refletidas no espelho do quarto dela, ela grudada comigo, quase colada mesmo... Sorrindo. Rindo. Leve. A tranquilidade com que ela conduziu toda situação comigo. O som da voz dela ocupa cada canto desse quarto e eu não quero o silêncio por aqui nunca mais. Nós não temos mesmo nenhuma consciência do impacto que as coisas nos geram.
E foda-se, né? Pra variar, eu tô no nono andar nessa noite de terça.
Traguei meu baseado pra premiar a vista maravilhosa que eu tive da gente, da janela, da cidade, do quarto, do cabelo dela bagunçado, do corpo assanhado despido com voracidade, amor e cuidado, mas a gente... ela... Acredito que ela nua facilmente seria "A Grande Odalisca", "Nu Couché" ou acho seria mesmo, mesmo, mesmo "Danaë" porque o Klimt não errou uma. Perfeição. E além do mais Danaë é quase tão linda quanto ela. Ela seria arte, ela é sorte, é inspiração de samba canção, meio tom, de textos cheios de volúpia, bem querer e açúcar, cheios de mensagens de amor pra ela que eu nunca sei se ela lê. Mas são dela, só pertencem à ela.
Meus dedos sobre a pele dela, quase óleo sobre tela. Ela só não conseguiria ser "Monalisa", primeiro porque ela não sabe valer porra nenhuma e a única coisa que ela e Monalisa tem em comum é o olhar de doçura. E ela também não saberia ser "L’Origine du Monde", não nasceu pra rodar o mundo sem rumo, perdida, sem apreciação daquela bela vista e ela é linda demais pra acabar escondida na sala da casa do Lacan.
Ela tem a minha observação por completo, beira a emoção, quase uma devoção... sou fã daquela mulher por completo. E se eu achar que outra é minimamente igual, certeza que é somente uma réplica. Às vezes no ápice eu me pergunto como vivo tanto tempo sem ela, longe disso, longe dela. Nem tudo é ou deveria ser a busca por prazer, mas o que eu posso fazer se ela exala paixão pra mim? Fede a mulher que me faz gozar rápido. Que me beija os lábios com fervor. Que escorre quando eu boto. Que me bota de quatro. Mas enfim. Ela é tela crua. Prestes a exibir a imagem mais linda que meus olhos já viram. Prestes a me deixar pintar o sete, minha língua calmamente desliza na pele, o calor dessa cidade deixa a gente suando sempre ou será que só fica quente quando a gente se junta? Não sei, mas meus dedos sentem que ela umedece e eu não consigo documentar muito bem o resto, entro nela, e recebo um convite nada formal pra um mergulho entre as pernas dela, me faz perder o ar, sem querer ser engraçadinha, é que sou asmática. Mas sigo com voracidade e eu me permito pintar na minha cara fechada o mais sincero sorriso que a convida pra se permitir ser feliz comigo - também, recomeçar e ela sabe que a presença dela me deixa tranquila e calma, me conforta. Faz eu sacar que hoje não tem revolta alguma dela comigo. Sem tempo fechando. Gozou me olhando nos olhos, entrelaçou os dedos nos meus. Me faz não querer perdê-la de vista nunca mais. Não quero vê-la somente por fotos bonitas.
Tudo tão paz, colorido e bonito que parece que a qualquer momento eu vou abrir os olhos no meu quarto, caindo de dentro das mil possibilidades de um simples sonho, coberta de saudades e vontades da cabeça aos pés, em um mundo completamente monocolor. E é só isso que eu não quero.
Então pra hoje o que eu mais quero é apreciar cada detalhe dela, das molduras bonitas, de nós, da cidade, de tudo... Pra não perder nada.
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