"c tá onde? eu tô com saudades, tô indo te ver."✓✓
A mensagem deu como visualizada em menos de cinco minutos depois que eu cliquei em enviar. Estranhei a velocidade da visualização e respirei aliviada por ela ter recebido e principalmente lido às 21h37.
Escrevendo...
Escrevendo...
Escrevendo...
Que saco.
Me pareceu uma eternidade. No papo? Tudo que me parece muito demorado me soa ansioso assim. Eu não tenho paciência, em nenhuma quantidade, nada, zero, até tatuei na mão pra me lembrar de ter - quando necessário, se eu ter paciência não sobrepor às coisas que eu acredito. Mas ainda não sei ser paciente. É uma virtude, mas ainda é uma virtude que eu não tenho. E acho que nem sempre a gente nasce destinado a ter todas as virtudes. Seriam as virtudes conquistáveis durante a vida? Não sei, mas nesse caso em específico acho que paciência foi exercitavel porque eu não tive outra escolha senão esperar. Blá blá blá.
Enfim.
Eu nem sou tão impaciente assim, no geral, em relação à isso, à resposta de mensagem, internet, nem me considero muito social, mas é necessário lembrar que eu manifestei minha vontade de ir ao encontro dela quando eu já estava pra lá da metade do caminho em direção à casa dela, naquele último segundo que minha bateria permitiu, no último fio, na garupa da moto do meu amigo à milhão, cortando o vento, tentando ler mensagem, sem saber o que me encontraria lá quando eu chegasse. Eu dei tempo de sobra pra ela mandar outra mulher - caso ela estivesse com outra mulher - embora. O mesmo que ela faz comigo. Mas hoje foi minha vez, hoje eu tô o puro suco do egoísmo e falta de bom senso. Na pior das hipóteses eu a esperaria na casa dela, na sala, no sofá, no hall, na varanda, no quarto dela, foda-se, eu a esperaria sentada no meio fio, rondando pelo bairro super deslocada, me perguntando "que porra eu tô fazendo aqui?" (como sempre), se fosse necessário. Em qualquer lugar, eu só quis encontrá-la. E ela sabe disso.
Ela me respondeu com a localização, sem falar mais nada. Entendi que era uma sinalização de eu que eu poderia aparecer a qualquer momento dentro daquele espaço de tempo, sem crise. Ah mas eu ia mesmo, eu fui. Foi tipo uma forma de falar "vem" nas entrelinhas. Ela não estava em casa e considerando que eu acho a maior parte das avenidas daqui iguais me cheirou como um desafio encontrá-la. Eu só li o nome do lugar, li o endereço rapidamente, e avisei que estava indo ao encontro dela, juro, onde quer que ela estivesse numa noite gostosa no meio da semana. Porque onde quer que ela estivesse eu sei que era exatamente o lugar perfeito pra eu estar. Era onde eu precisava estar. Porque com a gente funciona bem assim. Eu gosto de surpresas. E eu não perderia mais a oportunidade de vê-la nunca. Hoje menos ainda, considerando que me soou mais uma vez como necessidade.
Me encontrou num lugar onde nunca nos encontramos antes, e meu olhar se encheu de alegria ao reconhecer ela sentada à minha espera. Acho que a encontrei pelo cheiro de mulher que vira minha cabeça do avesso, me abraçou bem forte como quem não ia soltar e a recepção foi como eu esperava mesmo, quente, calorosa e feliz. Me beijou a boca e me apresentou pros amigos que eu não conhecia. Me perguntou se eu queria beber uma dose ou ir pra casa. Escolhi casa. Desesperada pra estar na presença dela e somente dela. Mais nada. Tenho dessas, uma necessidade intensa de ficar só com ela. Sou muito restritiva, e acho que isso talvez seja um problema. Eu não sei socializar com muitas pessoas ao mesmo tempo, fico com preguiça. Mas com ela... Eu posso ser só eu. Com ela eu consigo falar sobre tudo e nada, e rir. E respirar sem me preocupar com nada.
Descobrimos juntas que a placa do sexto andar já foi reposta. Ela perguntou se eu queria roubar a de outro andar, só pra variar e eu achei fofo de um jeito que não vou tentar explicar porque só eu entenderia, recusei a oferta embora infringir qualquer tipo de regra ou lei sempre me pareça muito atraente.
Ela é ótima em me desarmar. Em me animar. Fiquei realmente feliz em vê-la.
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