sexta-feira, 10 de setembro de 2021

chivas

Eu mal conseguia subir os degraus de tão inebria que estava. Os 40% de álcool dividido em várias doses on the rocks daquele Chivas me garantiram uma coragem jamais vista antes, uma embriaguez terrível e também um cheiro de álcool que eu mesma conseguia sentir.
E quando me dei conta de onde estava, corajosamente batendo na porta dela mesmo, em uma madrugada ordinária, querendo beijo ou nem isso, só um pouco de atenção talvez, meus pés quiseram fugir com a mesma velocidade em que eu atravessei todo espaço até ela... Eu mesma me assustei com a minha audácia e falta de bom senso, faltou muita lucidez pra mim no momento. ÓBVIO! Onde já se viu acordar alguém, ir até a casa de alguém, ser liberada sem nem ser anunciada pelo porteiro que infelizmente me conhece e me adora e bater na porta da pessoa em plena madrugada? Ainda mais porque eu acho que eu sempre fico com uma sensação amarga de que a atrapalho, mas nessa ocasião eu sei que foi egoísmo. Só que no instante em que ela abriu a porta pra mim, tudo fez sentido na minha cabeça. Ela é como um ímã pra mim, me atrai pra caralho e brilha aos meus olhos. O encanto que eu sinto por aquela mulher às vezes me assusta, ainda. E acho que vai demorar um pouco até não me assustar mais... Porque ela é tão ela, e o maior defeito é eu gostar dela. Só gostar, assim de graça, às vezes nem tão de graça. Mas gosto, enfim.
Pensei, assim que vi a porta dela, que fui teletransportada para lá pois lembrava apenas de partes do trajeto. Torci pra ela não me achar tão maluca y doida, e gostar da visita. Abriu a porta com a maior cara de incrédula, me beijou com tanto afeto e recebeu também muito de mim. Não haveria nenhum lugar no mundo que eu gostaria de estar, naquele momento, senão do lado dela, ali ou em qualquer outro lugar que fosse eu gosto do bem que ela me faz. E de tudo que a envolve, e eu só queria que ela soubesse que eu P R E C I S E I mesmo estar com ela.
O ambiente continuou escuro e tudo a nossa volta em total silêncio, e eu também, em silêncio, apoiada na parede no canto da sala eu sussurrava palavras corajosas, mal pensadas e verdadeiras, mas a única coisa que eu parecia escutar era minha própria respiração. Eu mal conseguia parar em pé, ou conter minha felicidade e satisfação em estar ali. O brilho da tela do celular dela era a única coisa que me garantia olhar pra cara dela, enxergá-la no breu da sala. O ambiente destoava da minha cabeça, tudo em ordem, eu por dentro tudo bagunçado e barulhento. Lembro da minha perna tremer muito e no momento eu pensar que talvez eu posso ser viciada na sensação que ela me faz sentir, vai saber.
A situação toda me pareceu um sonho, tamanho a velocidade da sequência dos fatos.
Só sonho mesmo pra um plano tão ruim ser bem sucedido.
Só sonho mesmo pra eu conseguir beijar a boca dela com essa facilidade.
Me beijou, poderia mesmo ter ficado bêbada só com meu beijo. E me beijou de novo, e mais uma vez, e aí eu a beijei de volta, com muito mais afeto e loucura. Acho que nem concentração para beijá-la eu tinha. Eu nem sei quanto tempo nós ficamos juntas, só sei que naquele momento eu tive a mais pura necessidade de encostar nela, na pele dela, sentir o cheiro dela... só porque ela é ela. E eu repito: gosto dela.
Saí da casa dela tão feliz que eu poderia dançar.
E sendo sincera, até hoje não sei se foi ou não, um sonho... Mas ela é sempre um sonho gostoso pra mim, sempre foi.


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