Nos encontramos na mesma praça de antes, de sempre. """""De sempre""""". Eu a acompanhei com o olhar enquanto ela cruzava a avenida, pisava na calçada e atravessava uns quarenta metros até mim. Me olhava fixamente com esses olhares dela de mulher confiante pra caralho, ela sabe que eu só vim até aqui por causa dela. Como eu diria que estava passando por aqui e decidi falar com ela assim... Do nada...? Eu vim porque eu quis e foi na mais pura das intenções de vê-la mesmo. Ela me mandou tantas mensagens falando em saudade que então eu decidi proporcionar um encontro.
Eu só queria vê-la.
Eu a aguardava em pé, só não fiquei andando de um lado pro outro porque me segurei bem na minha tentativa de não parecer tão retardada, fiquei feliz por controlar minha vontade de sair correndo e nem me propor a lidar com isso, não sou obrigada... mas eu já falei que só quero normalizar a minha relação com ela e seguir em frente, né? É uma busca incessante por paz, eu devo isso à mim mesma e amor, às vezes, pode ser um masoquismo involuntário do caralho. Mas hoje a sensação é de paz. Mesmo.
Esperei uns vinte minutos até ela chegar e estar dentro do meu campo de visão, o que já me pareceu metade da minha vida toda, todinha. Ela sempre parece demorar demais e hoje eu não quis subir até o nono andar e encontrá-la ali. Lembrei da placa roubada e ri sozinha, que se foda, foi satisfatório no momento e eu faria de novo, aliás não somente faria como farei, na melhor oportunidade que eu tiver. E nunca mais vou olhar pra placa sem lembrar do momentinho onde eu mesma estava desgrudando ela da parede e levando pra casa. Foda-se, foi engraçado pra mim.
E eu tô aqui, agora, porque eu quis mesmo vê-la e sei lá, tomar um sorvete, não quero vinho ruim hoje, nem graus alcoólicos, drogas que eu jogo aos pés dela, nada, nada, nem trepadas saudosas que deixam um cheiro no ar de "nossa história ainda não acabou", porque na minha cabeça isso já acabou e eu não quero nada demais. Nem mesmo quero ela, pra ser bastante honesta (comigo). Eu só quero dividir um beck com ela, falar sobre a vida, conversar, ser ouvida e escutá-la. Eu senti saudade dela e dos problemas de patriçoca de Beverly Hills dela. Não menosprezando, mas tudo nela é muito, muito fora da minha realidade e ver alguém com problemas que, pra mim, são banais me fazia achar graça, como eu disse irreais pra mim.
Ela ainda me deixa um pouco nervosa, ansiosa... Mulher quando é bonita demais tem esse efeito, como eu pensei um dia que só ela me deixaria assim? Curioso e pra ser bem honesta é delicioso saber - e lembrar- a quantidade de mulheres que me deixaram assim ou ainda mais "assim" depois dela. E eu me delicio com as possibilidades das mulheres que virão, ainda, porque eu gosto dessas conquistas baratas, de ceder às atrações que eu sinto e sou correspondida, gosto mesmo. Mas com ela... Com ela o frio na barriga e o sabor do errado na boca são eminentes e sempre soam errado sentir qualquer coisa. Não é só o lado positivo, tem o peso do negativo... Que é o que eu tento normalizar, tirar das gavetas pra não ocupar mais espaço. Eu só quero paz. E venho conseguindo até que muito bem, mesmo sentindo saudade de alguns pontos nela, nem tudo é amor, sexo e essas coisas, né? Não comigo, quer dizer, não comigo e com ela.
Enquanto observava ela fazendo o trajeto que é tão rápido e curto, mas pareceu tão longo, eu confesso que não sabia o que fazer com as minhas mãos enquanto ela chegava, eu nem sabia o que falar pra ela, eu não conseguia nem olhar fixamente, mas dessa vez os pés do rato que sou, estavam no mesmo lugar. Presos. Eu só não sabia o que fazer. Eu nunca sei na verdade, eu só queria ouvir a voz dela sem ser em um áudio, e a conversa sempre rende, mesmo eu não sendo a mais fã de interação social tããão prolongada assim com playboy.
Mas hoje eu me propus à isso... e além do mais, tem coisas que eu só faço por mim. Tanto faz.
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