Analisar.
Perscrutar.
Investigar.
Dissecar sentimentos como quem tenta costurar o vento. Como quem enxerga o invisível.
E sinceramente? Eu tô cansada.
Cansa existir.
Cansa socializar.
Cansa entender, também.
Cansa mais ainda esse vazio que me habita com cara de pressa e gosto de ausência.
Como que eu vou falar do que sinto se até o que eu sinto parece.. errado, desalinhado? Se eu não me encaixo nesse sistema onde o sentir tem manual e fórmula? Se eu sequer consigo entender o que as outras pessoas falam sobre sentimentos? Eu acho que sequer sei interagir com outros seres existentes, não mais. Perdi o toque.
Penso demais, sinto de menos. Ou será o contrário? Sei lá. Tem horas que acho que desaprendi a ser gente. Será que eu nunca soube sentir ou foi exatamente isso que perdi? Sinto medo de que eu tenha desaprendido a sentir. Mas Alice me disse que o medo também é um "sentir". E só isso já me dá uma ponta de esperança.
E eu sigo aqui, buscando...
Uma infinita busca de mim mesma, buscando onde é que foi parar o meu toque, minha pele viva, meu “eu” de verdade. Onde será? Acho que fui deixando partes de mim pelo caminho, tipo aquelas roupas que a gente tira no meio da pressa e nem lembra onde deixou, sabe?
Mas não quero aceitar isso assim, de boa, como quem diz “é, fazer o quê...".
Quero me caçar. Eu gosto de um desafio, de encontrar e recuperar coisas perdidas... Sei lá.
Quero ir atrás da parte de mim que ainda sabe sonhar com gosto, com cor, com lágrimas, saliva, suor. Quero berrar até quebrar o eco que se esconde onde meu peito ainda sonha sem pedir desculpas.
No fundo acho que eu só queria encaixar.
Ser normal — seja lá o que isso for.
Sentir.
Expressar.
Acho que às vezes eu só quero me lembrar que tem um coração aqui, batendo baixinho, vermelho dormindo, teimoso, quieto...
Mas tá vivo.
Ainda tá vivo.
Ainda pulsa.
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