quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

amor, acorda e vamo plantar um pé de amora?

Meus olhos cansados cruzaram com os olhos atentos dela, um silêncio confortável e aquele sorrisinho ameno que ela dá, que tem o mesmo calor de uma tarde de primavera. Um oi com a voz calma. Um abraço apertado, maré baixa, mar liso, tudo fluindo com calma. A luz amarelada iluminava a sala da casa dela e me gerava conforto, até. Embora aquele mesmo apartamento branco, como um todo, tenha sido palco de inúmeras brigas entre nós e estar ali, com ela, sempre me faça ter um pé atrás. Me gera alguma ansiedade essa total falta de cores, a monotonia do ambiente. Incenso, espelhos e a cor claríssima. Enfim. Eu não gosto. Um sufocamento instantâneo, parece que tudo está impregnado com nossas energias mais densas, eu não sei explicar. Uma branquidão que beira a loucura.
Mas aqui, agora... Me sinto segura em relação a situação, segura até a página dois. A cada vez que me permito vir até o nono andar, eu deixo ela escolher se vamos compartilhar momentos de pura paz, puro amor, puro sexo, puro rock:n'roll.... Há uma infinidade de possibilidades e é justamente esse o problema: eu não sei o que virá, eu não sei o que esperar, dentro dessa infinidade há de tudo um pouco, coisas boas, coisas ótimas e novas péssimas experiências pra nos mostrar que mesmo que a gente fuja disso, ainda há expectativas mastigadas e cuspidas, muitas mágoas, tantas que é difícil pra mim não lembrar, mesmo que eu tenha perdoado... Mas nunca esquecido. Pra ela também. Eu queria esquecer, superar, deixar pra trás... Ou pelo menos não estragar tanto a situação na minha ótica, lembrando que ela quase acabou comigo, quase acabou com a minha alegria, eu dediquei pra ela músicas que eu não deveria... Mas essa parte é culpa minha, e hoje eu tento tomar de volta pra mim, cada som, cada introdução, letra, tudo. Cada poema, poesia, texto. Cada um deles, quero tudo isso de volta pra que eu possa ouvir sem lembrar dela e desse seu sorrisinho que me aquecer a alma, que rouba a lá, o juízo, tudo e eu... Eu só quero paz. Quero deixar de lado os fantasmas do passado. Não que tudo que vivemos foi errado, mas é que em determinado momento eu não já não conseguia mais fazer bem pra ela. E muito menos ela, pra mim. Também tenho minhas fases.
Mas cada vez que eu fujo disso, eu me vejo emboscada nas teias dela. É sobre isso. Uma mulher aranha, me envolvendo entre suas teias. Viro presa em toda vez que eu me coloco debaixo dos olhares irrestritos dela. Eu acho isso a coisa mais irracional que eu faço. Mais imprudente comigo, acho que nosso amor é irresponsável demais. Amor é foda, amor afoga.
Às vezes eu acho que eu só venho até aqui e transo com ela porque eu só olho pro meu próprio umbigo, fica sempre nessa dúvida... Eu acho que tudo isso gira em torno do meu próprio egoísmo, e preciso melhorar isso, eu sei.




Share:

0 comentários: