Amanhecer numa situação que eu considero errada - PRA MIM - sempre pesa muito, eu quero fugir, eu não quero interação social, eu só quero parar o incômodo, só quero me tirar da situação onde eu não me sinto em paz. Às vezes a vinda é uma caixinha de surpresas e eu evito vir porque eu não quero mesmo ter que lidar com a possibilidade de acordar ao lado dela e ela apagar o meu brilho antes mesmo do meu primeiro beck do dia, jogando sentimento no meu colo pra que somente eu lide com tudo isso sozinha, me enchendo de apontamentos de quem me conhece até mal, eu diria. E me perguntando se eu ainda tô transando com alguma conhecida dela.
O que isso importa, porra? Que diferença faz? Nenhuma diferença. Mas ela sabe que eu tô sim. Transando com as amiguinhas dela pra caralho.
A manhã era fria, até escura. Por mais que eu me questione muitíssimo quando venho pra cá, eu gosto. Eu estou quase acostumando e não problematizando mais nada. Eu gosto dela, muito mesmo, mas gosto mais quando está de noite, eu estou bêbada, ela bêbada e a gente se diverte sem roupa. Eu não sei lidar com ela enquanto casal, mas sei lidar com a casualidade... com ela ou com outras. Eu descobri que gosto mais quando eu tiro ela do alto do nono andar pra gente rasgar a madrugada na loucura juntas, mesmo sóbrias. Nem se for pra gente mergulhar pelada, nem precisa envolver sexo. É só ocupar espaços e criar boas memórias. Qualquer coisa que quebre a rotina dela, a minha. Qualquer coisinha ao lado dela, eu gosto.
Desde 5h07 eu estou acordada, é quando meu relógio desperta diariamente me lembrando que é a hora de ir pra casa. Lá estava então a velha - e muito bem conhecida - sensação da sobriedade do erro, a seriedade do erro, o peso do erro... E o erro? Bom, o erro tá aqui, ó... Deitadinho, acomodado, íntimo... do meu lado depois de trepar comigo e de ter me chupado quase a noite toda. O erro tá aqui, totalmente nu, cru e desmascarado. E a errada, errante, sei lá... tá louca pra fugir.
Blá blá blá...
Olhei pra ela enquanto ela dormia abraçada em mim, imóvel. Nua. Linda. Que erro, porra? Que erro? Talvez não tenha nada de errado, só o fato de que definitivamente eu não quero magoá-la, mas isso tudo ainda é sobre mim, eu só tenho 100% de certeza do meu lado da história, só tenho certeza mesmo de como eu recebi cada uma das situações. E de como hoje eu só quero paz. Eu não sou capaz de reconhecer as emoções nos rostos das pessoas, gestos, nada, nunca fui, desde pequena as emoções são confusas pra mim. Tipo daltonismo. Então as coisas precisam realmente ser claras pra mim. Eu não sei adivinhar nada. E hoje eu só quero paz.
Tá paz. O foda é não conseguir me encaixar em nada na vida dela, nem encaixar ela na minha. Os amigos dela me olham como se eu fosse uma carteira de droga ambulante, mas meu nome é Jéssica. Será que mesmo depois de me verem tantas e tantas vezes entre os aniversários dela, dos pais dela, da irmã dela, dos bares, dos feriados na areia e nas aleatoriedades dos encontros... eles sabem? Não que me importe porque meu foco é ela, sempre foi. Mas será que sabem? Entende? Me pergunto somente se alguma vez eles vão conseguir interagir comigo sem interesse em algo. E mesmo eu sendo tão fechada assim ela não entende como tudo mundo me acha legal. A família toda, as tias, as primas, aquela vizinha maluca. A pivetada toda dos andares de baixo. Eu gosto da minha vida, gosto tanto ao ponto de me sentir confortável pra não mudar nada em relação à ela. Eu não encaixo ela em nada. Talvez seja pouca questão. Eu sei que se eu não parar de fazer isso, eu não ajudo também. Eu não deixo ela me conhecer de fato, nem saber o quanto tudo mudou de uns anos pra cá. Talvez porque eu não queira inserir ela meu mundo. Porra, eu gosto dela... Gosto mesmo. Gosto desde que eu era uma piveta de dezessete anos e ela uma piveta de quatorze vivendo uma parada meio vibe aquele filme "Era uma vez...". Mas ainda acho que amor não é tudo dentro de qualquer relacionamento, tem outras coisas que não passam batido. É balela. Pelo menos quando eu olho à minha volta o amor sozinho não mudou porra nenhuma. Sou fiel somente às notas de papel.
Nada.
Nem com muito esforço.
Sozinho não vence, precisa alimentar e se deixar o amor sozinho... eu rapidamente esqueço que sinto.
1 comentários:
Nice
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