sábado, 7 de maio de 2022

sufoco

Parece que eu só pisquei mais forte e de repente eu já estava com meus amigos no meio do baile, depois pisquei mais forte ainda e lá estava ela, só ela, nem precisava mais ninguém... subindo viela por viela, envolvidona comigo e eu tacando beijo na boca dela. Sem parar.
Ai ai.
O outono deixava as noites do outro lado muito mais frias que o habitual. Baile lotado mesmo assim. Bailinho gostosinho, mas o clima quente mesmo era só entre a gente, eu e ela. Bêbadas inconsequentes escondidas lá no alto da favela. Só eu e ela, dez gramas de maconha, um copão de whisky com energético, entre uma dose e outra de Jack de canela, bebida escolhida por ela com a desculpa de que era pra esquentar. A gente ainda tem quase a garrafa toda, e eu tô tão quente que já tirei a blusa nesse frio do caralho - nem senti o frio, pra falar bem a verdade. Mais um beijo e ela vai ter eu no colo dela sem camiseta porque eu sou bem dessas mesmo... quando quero.
Toda vez em que ela me beijou a boca essa noite, toda enroscada braba que a gente deu... pensei que eu ficaria bêbada - caso já não estivesse - só de beijá-la. A língua molhada, azul de bala deslizou na minha e me deixou afim de levar ela pra casa na mesma hora. Instantâneo.
Mais uma dose de Jack? - ela me perguntou como se indicasse que não transaria comigo ali, e tudo bem. O dedo dela já quase dentro, ela já estava quase entrando na minha calcinha porra, ela é filha da puta, penso que só não quero que ela negue buceta porque eu tô bêbada e tô maluca. Transar com ela agora é igual necessidade, só quero, só vou, só preciso.
- Mais uma dose e casa? - respondi.
 Mais uma dose pra esquentar. Pra não deixar a gente perder o ritmo. Não vamos.
- Posso compartilhar algo bobo? - ela acenou com a cabeça que sim e fez aquela carinha dela de atenta que eu não aguento - Aqui é meu lugar favorito no mundo. - falei acendendo a metadinha de beck enquanto ela nos servia outra dose - eu gosto do visual, da altura, de ser escondido, de poder tipo... tá aqui agora com você, sei la, olhar pra tudo isso sem a gente ser vista. Gosto da sua companhia também. 
Ela riu como quem achou que pudesse ser mentira ou cantada, mas era verdade. No céu a Lua era a única iluminação que nós tínhamos lá do alto. A lua, meu isqueiro e as luzes que vem do baile lá embaixo.
- Você traz toda mina que você pega pra cá e fica falando isso? - Dei risada e neguei, mas sei que isso também é verdade.
Com ela é tipo tudo sempre paz, o jeito que rola com ela é natural. Desde o início, é diferente a paciência que ela tem comigo. Eu gosto. Me deixa confortável, me faz querer tá perto.
Olha o céu comigo sempre que o ar parece pesado pra respirar.
A atração carnal também é inquestionável. Do tipo rara, do tipo que todo beijo que ela me dá na boca deixa a minha buceta molhada. Eu quero ela grudada em mim, em cima de mim, eu quero afundar meu rosto nas coxas dela, eu quero carimbar minhas digitais em cada centímetro do corpo dessa mulher, deixar saliva por tudo, eu quero lamber as costas dela do rabo até a nuca, com dois dedos dentro. Animal assim, claro e direto assim. Eu quero transpassar ela mesmo, rasgar ela no meio, sem limites. Desmedido. Carnal mesmo. Ela me deixa pirada.
Eu tô maluca.
Ela é do bonde, eu gosto é disso, conheço há tanto tempo e do nada a gente passa a transar repetidamente pra caralho no sigilo, é isso?
Me olha com cara de tímida das vezes que me encontra no jet e eu percebo que conheci alguém mais sonsa do que eu. Vai buscar goró comigo e me beija em toda viela possível até a adega. Trajeto de dez minutos vira vinte e cinco, todo mundo percebe mas a gente não deve porra nenhuma pra ninguém, né?
Lá no alto ela tinha cheiro de minha dupla, de par ideal. Parou e me olhou no meio do beijo "sua carinha de sonsa engana" e três tapinhas leves no meu rosto, tipo de elogio que eu gosto... beijou meu pescoço. Ah mano.
- Tira a mão de mim vai, caralho. - Eu disse séria, ela sabe que eu sou perrequeira, ela responde colocando mais ainda as mãos em mim, cravando as unhas nas minhas coxas. Desde quando implicar tanto com alguém virou forma de flertar e eficaz? Menina maluca, eu gosto. Transa comigo na mesma brisa que eu tô, isso que é foda. Bebe comigo, dança comigo, fica comigo, usa comigo. Eu só queria tirar ela dali logo.
Odeio o sorrisinho debochadinho dela, mas adoro causar o mesmo. Ela gosta de surpresas então às vezes eu apareço do nada, só falta o laço, mas ela gruda em mim sempre que me vê, o laço é ela, eu dou o nó e ela aperta. Grude certo. Bala certa. Eu viro fã, me faz sorrir um dia todo e no outro eu já quero mais. Mais sorriso e beijo na boca.
O resumo disso é: dessa vez eu levei essa maluca pra minha casa, a gente se agarrou tanto que o motorista do aplicativo não entendeu nada, subi pro apartamento com ela me beijando a boca, com uma parada entre um lance e outro e minha mão irresponsável se enfiando dentro da calça sentindo ela tão, mas tão molhada... Pareceu que nós nunca chegaríamos no final da escada. Sufoco.
- Quer água? - perguntei na sala.
- Quero ser chupada... 
Ah para, vai virar minha cabeça assim... Precisou falar mais nada. E eu também não quero escrever mais nada. Só quero falar que não paro de pensar na gozadinha inundada e gostosa que ela deu em pé comigo atrás da porta do meu quarto. Espero ansiosamente repetir em breve.
Ai caralho, nunca mais escrevo bêbada.
Uadauel e tchau!


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