segunda-feira, 15 de março de 2021

ratoeira emocional

Em todos os meus trinta anos de vida eu nunca me senti tão presa a alguém nesse mesmo nível em que eu me sinto presa nela.
Às vezes eu tenho uma leitura errática e contestável da situação, vejo como se eu fosse realmente incapaz de viver uma vida feliz e em paz, sem nenhum resquício dela, sem nenhum reflexo de tudo que passou. Mas o foda mesmo é que a sensação de me sentir rato vem não somente quando eu fujo, mas também quando eu fico... Porque quando eu fico eu percebo o quanto ela é ratoeira, ela é só armadilha em formato de mulher que me atrai e me deixa presa ali, igualzinha a todas as outras. E quando eu me soltar eu sei que eu vou me prender de novo entre as pernas dela, ou de qualquer outra porque eu sempre fui assim. Acho que só quero ser experiência pra mulher que me atrai. Mas com ela... Sempre vou me arrepender, mas depois o arrependimento passa e eu vou voltar mais uma vez. E depois de novo. E aí? Adivinha. Amanhã eu não vou responder porque eu sempre entro numa brisa de devolver todas os perdidos que ela me deu, e então ela vai se sentir usada, vai me achar escrota, mas também vai passar e novamente... foda-se, é sempre a mesma merda. Cíclico. 
Mas hoje... bom, em mais um momento de loucura me encontro na presença dela sem nem mesmo entender porque eu tô aqui.
Quando o queijo é bom o rato volta também? Não sei. Penso que sim, eu nem sou a mais fã de queijo, mas enfim. Mas é de novo e sempre isso. Que agonia do caralho, parece que é sempre involuntário o mal e o bem que me faço.
Eu não tenho mais nenhuma ligação com essa mulher - e faz tempo...-  mas o exato segundo em que os lábios dela se calam e o silêncio se torna parte majoritária da conversa é sempre o pior pra mim, por trás da minha cara fechada nesse segundo, e juro só nesse segundo há uma mulher coagida, presa na teia da aranha que ela é, faz eu me sentir mesmo apenas um inseto perto dela.
E ela protegida com um simples olhar frio e armada com um silêncio consegue me esmagar dentro do ambiente. Entre o silêncio e aquilo que o corta, bom... Eu prefiro as acusações.
Eu ainda fico na defensiva, como se eu tivesse que prestar conta de algo, provar algo pra ela sempre. Autodefesa, será? O olhar dela me desafia (eu amo ser desafiada) ao mesmo tempo em que usando acusações mesquinhas ela mira no meio da minha testa e atira, mas o silêncio dela é o que me mata. Me acerta em cheio. Eu me vejo dando espaço demais pra ela ser tão filha da puta comigo. E com ela, o silêncio nunca foi algo confortável e sempre ficou uma sensação chata no ar, e em mim sempre há aquela velha vontade imensa de fugir, sair correndo mesmo (se for preciso) e deve ser por isso que ela sempre tranca a porta do quarto. Priva minha liberdade.
Hoje o problema não é nem entender o motivo pelo qual eu vim, que se foda que eu estou aqui, mas entender o motivo que me faz continuar vindo. Acredito que além de muita droga na cabeça, carência emocional, um monte de mina que eu não quero, umas idealizações vazias e minhas, que ela nunca preencheu, exista também uma sensação de pertencimento mútua e gigantesca pra conta. Como se nós duas, eu e ela, estivéssemos mesmo predestinadas ao looping de erros. Como se em algum momento tudo entre mim e aquela mulher simplesmente fosse começar a funcionar, assim... Do nada. Então a gente insiste em usar o sexo pra consertar coisas que já não tem mais como dar certo, porque já deu muito, mas passou. E deu tudo tão errado depois que nunca mais nós conseguimos fazer dar certo de novo. É tipo continuar comendo o mesmo sabor de pizza quando se está enjoado.
Mas voltando pra foder essa buceta todo mês, eu percebo o quanto sou só um rato induzido à armadilha emocional e à toda essa problemática que a gente impõe sobre nós mesmas.
Peso que nunca precisou, acho. Eu sou leve demais.
Ela não me larga, eu não largo ela, há muito tempo isso mas mesmo assim ela vive sempre repetindo que a gente sempre faz uma troca: ela me dá chá de buceta e eu retribuo com chá de sumiço. Nunca mente, a desgraçada é tão assertiva, e eu nunca fui muito justa e que se foda. Mal sabe ela que o sexo é só válvula de escape, eu transo com todas as outras que ela acha mesmo, mas o meu foco ainda é esquecer daquela mulher como pretendente de companheira pra vida e esquecê-la também durante minhas siriricas.
E eu já tô cansada pra caralho de falar sobre isso, cansada de falar sobre ela, sobre um mesmo tema, sobre uma mesma trepada, sobre uma mesma mulher.
Sobre essa mulher.
Sobre ela.
Sobre nós.
Ela.
Sempre, sempre ela... E sempre foi também. Sempre foi ela, desde o primeiro momento em que a vi e olhando hoje nem parece que a gente usou filtros do Instagram pra ocultar as mágoas, esperando uma felicidade que a gente nunca sentiu realmente. Eu sempre menti bem demais.
Hoje eu não sei porque eu vim, mas a maré é alta e o tempo tá fechado... os olhos castanhos dela indicam o clima ruim. Tempestade que chega e para. O humor dela é uma roleta russa, há dias em que ela me faz ficar tão conturbada ao ponto de eu achar que pra tudo eu preciso pedir desculpas ou sempre achar que tenho que dizer algo mais, como se fosse uma necessidade. Mas eu nunca digo nada, minhas palavras pra ela são poucas e sempre muito bem selecionadas.
Chega de acusações, de ter sempre que se defender, chega de mensagens dela com teor provocativo, caçando discussões que nunca nos levaram à lugar nenhum. Mantendo mágoas de estimação, discussões banais e sensação de que eu corro em círculos.
Ela é problema, problema do tipo que eu já quebrei a cabeça demais tentando resolver e hoje eu só quero a paz que ela nunca me trouxe.
Nada mais.
Iboa.


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