Todo início de manhã minha vizinha do prédio da frente coloca o pássaro na janela do quarto dela
E fica lá, algumas horas... O pássaro solitário dentro da gaiola
Dali... Ele canta triste
E visualiza, platonicamente, uma vida livre
Daqui do meu quarto, um pouco mais abaixo
Eu observo o pássaro e ele me observa de volta
Enquanto ele voa dentro da gaiola
Enquanto eu ando de um lado pro outro no quarto
Somos iguais, eu acho
O pássaro e eu
Ambos sonhamos com liberdade que tão cedo não teremos
Ambos presos por grades
Imaginárias ou não
Temo que o sol que ele toma, irresponsável
Derreta os sonhos do pássaro de fugir
De experimentar o sabor que é voar livre por aí
O que será que faria o pássaro, munido de uma intensa liberdade?
Eu não sei
Acho que morreria na primeira oportunidade
As grades, às vezes, são o que fazem respirar
Sonho com o dia em que nós dois
O pássaro e eu
Conseguiremos fugir de nossas respectivas gaiolas
E bater asas, seguir um plano B
Enquanto as grades não somem
O pássaro e eu
Nos encaramos, toda manhã, dentro de nossa conexão
E entoamos nossos cantos tristes
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