Ela abriu a porta e me abraçou apertado. Me desejou um "feliz ano novo, atrasado." e me convidou pra entrar. O de sempre. Vinho, baseado, buceta, fingir que sempre tá tudo bem, conversas zen, mais vinho, mais baseadinho, mais sexo pra curar a parte ruim do que vivemos e assim... Continuadamente. Ciclicamente.
Eu não tô falando que eu sou boa, né? Que eu não sou filha da puta, que eu não estou sempre disposta à temperar sua vida insossa gerando algum tipo de decepção na cabeça dela, que eu não tumultuo a rotina dela, que a insegurança que ela sente em relação à nós duas não é, também, minha culpa, nem falando que meu lado da história é o certo, mas se ela se preocupa... Ela que escreva seu próprio ponto de vista contra mim, enfim. Eu realmente nunca tive o menor talento e disponibilidade pra ser vítima dessa história.
Mais uma vez eu lá... no nono andar. Mais um texto mimimi onde eu vou culpabilizar ela pela minha incapacidade de esquecê-la, de abandonar essa história. Outro encontro sem sentido, pautado somente em cima da saudade que EU sinto.
Que sentimos...?
Já não sei.
Um ano totalmente novo começando com escolhas totalmente velhas.
Velhas e ruins.
Na verdade, acho que não muda nada de um ano pra outro. É só mais uma volta da terra no sol. Eu nem sei se realmente tenho o que comemorar, tendo em visto que estou aqui. A gente inicia o ano fazendo promessas porque é padrão, todo mundo faz. Diz que não vai mais comer fritura, promete que vai caminhar mais, diz que não vai mais fazer tal coisa, promete que vai tentar ser uma boa pessoa, diz que vai cortar o refrigerante. Eu só queria voltar a ser a mesma mulher de antes, quando eu vinha pra cá, trepava com ela sem limites e não tinha nada pra me arrepender. Saudades da pessoa que eu era. Sem remorsos, sem âncoras, sem bom senso algum. Só querendo buceta e fumar um. Saudades quando eu não ponderava nada e ela não era frequentemente tomada por acessos de raiva. Eu volto pra ver se o amanhã vai se diferente. Talvez amanhã eu consiga achar um ponto entre nós que a deixe tranquila e confiante em relação ao que eu sinto, um ponto que me faça sentir mais próxima dela. Talvez.
Penso que sonho com o dia que conseguirei cortar esse cordão invisível, mas praticamente tão físico quanto o umbilical, que nos une emocionalmente, psicologicamente, afetivamente. Mas aí menos de cinco minutos depois penso que seria um pesadelo não colocar meus óculos de sete graus e enxergar ela totalmente nua com uma definição e coloração absurdas, com uma visão muitíssimo pessoal, sinceramente....
Sempre beijo seus lábios acreditando que pra ela meu coração continua sendo somente um objeto de decoração. Entra ano e sai ano, e eu só percebo que estar aqui é uma escolha ruim quando meus dois pés já estão aqui... Na sala da casa dela.
E tudo bem... Tudo bem, eu acho.
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