Os lábios dela colados em mim em plena madrugada caótica de São Paulo, ruas escuras, movimentadas, agitadas, letreiros coloridos atraiam meus olhares. A mente chacoalhava. E ela? Ela consegue ser mais bonita que a brisa de ácido, mais brilhante, mais viciante, mais apaixonante, mais colorida, um pouco mais minha a cada beijo roubado, dado. O caos da cidade cinza consumia a gente, sem que nós pudéssemos fazer nada. E ela? Ria da adrenalina e me beijava de forma continuada. Era como se ela pudesse tirar as preocupações da minha cabeça e me fornecer doses homeopáticas de paz e amor puro em meio ao intenso caos interno e externo que tínhamos em mãos ali. Não há preocupações quando estou com ela porque ela preenche meu pensamento com total maestria. Meu corpo quente e a peça fria debaixo da blusa, gelada.. e ela diz que eu deveria "ter deixado essa porra em casa". Que nada!!! Se alguém entrar em desacordo conosco eu cuspo fogo, sem pensar, sou granada e ela é o pino, sem ela explodo, vivo sem trava, ela gosta disso, eu sei que gosta... Acho que se atrai em mulher problemática. Ela só se irrita quando eu a chamo de mandraka, irritação e stress que passa quando eu dou sessão de bucetada. Ela me traz uma calmaria gigantesca no abraço, é laço que me prende no amasso, não me deixa dar palco pra nenhum perreco do nosso lado... Então logo concordo que deveria ter "deixado essa porra em casa".
Seus lábios doces e molhados me fazem acreditar que não há nenhum outro lugar onde eu gostaria de estar, de entrar... Senão aqui. Ela é isso. Somos isso. Fazer o quê?
Ela é meu amor simples e banal de fim de mundo, talvez meu último. Talvez eu não seja capaz de amar mais ninguém igual. Talvez nem queira. Ela é amor que fortalece e eu não quero desejar outra mulher nunca mais nesta vida.
A selfie que ela tirou comigo no meio de uma rua qualquer capturou a fumaça do baseado e minha expressão mostrava a vontade de passar ao lado dela o máximo de tempo que nos fosse permitido. Hoje. Pra sempre. Tanto faz. Nosso amor transcende o tempo, a distância, o espaço físico. Atropela tudo. Rolo compressor atropelando o passado. Nada e ninguém consegue competir com esse sentimento, não crio espaço...
Era uma sexta feira gelada que a gente tava rasgando São Paulo na loucura e na coragem, então não dá nem pra dizer que o frio incomodava, com ela tão perto nada nunca é ruim. Nada, entende? Ela é calor e amor. Meu amor. Dupla imbatível, tipo Carlitos e Gail, Bonnie e Clyde. Mas Bonnie e Bonnie.
Amor banal, verdadeiro, puro, original. Dado de forma sincera, espontânea. Ela segue sendo minha, mesmo que aqui, eu sigo sendo dela em todo lugar... O mundo está acabando, o tempo encurta a cada fôlego que eu tomo... O mundo está acabando, só nos resta amar... Ela ri. A pupila dilatada olhando pra mim... Os olhos fechados quando ela sorri. E quando vejo os olhos apertados, me pergunto o que mais eu ia querer além da realidade e raridade desse amor? O que eu mais eu precisaria? Porra nenhuma.
"O mundo está acabando" - eu digo, e repito... e ela? Ela segue registrando nossos momentos verdadeiros, para que a gente não se esqueça nunca o quanto somos felizes juntas, somos muito, sem a necessidade de validação de outrem, vivendo no nosso mundo real, o que temos aqui é só amor, mas é amor puro, nosso, sincero, honesto, parceiro e respeitoso...
E nada mais.
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