terça-feira, 30 de agosto de 2022

olhos ressaca, texto sincero

E mais uma vez eu estava lá, olhando pra maquiagem dela borrada. Me sentindo extremamente cansada. Longe pra caralho de casa, me colocando em situações que eu não gosto. Em lugares que eu não suporto. Beijando o rosto e ouvindo opinião de gente que eu nem gosto. Me colocando inteiramente dentro dessa situação chata e viciosa... Abrindo a porta no chute dessa situação insuportavelmente cíclica. Viciante mas sem propósito, sem empatia. É só isso mesmo que ela espera de mim? Uma troca mútua de decepções e retaliações sem nenhum sentido? Ela só me chamou aqui pra me cobrar por coisas que eu odeio ser cobrada? Por coisas que não tem cabimento ela me cobrar? Mais uma DR sem R. Sem fundamento.
Eu não escrevo pra responsabilizar ela por nada - pelo contrário - eu escrevo para que eu possa ler amanhã ou qualquer hora dessas, com a cabeça mais fria, o coração mais sossegado e perceber que eu tô me deixando ser levada, pra me lembrar que barco desgovernado o mar engole, afunda ou leva pras pedras. Ela às vezes parece criança quando entra na fase de desafiar adulto e eu otária que sou... sigo me permitindo que ela me leve no limite da explosão emocional, o próximo passo é ela encobrir os erros dela citando os meus. 
Eu não gosto do cheiro dela misturado com o cheiro do álcool porque sei que nunca vem positividade logo após, só a mesma sensação bosta de sempre: cheia com todo o vazio que ela me preenche, solta e desprendida na zona do total desconforto e a certeza de que a noite vai acabar comigo tirando ela do rolê sendo extremamente otária, deixando marcas no braço dela porque ela me ataca, talvez ela sinta tesão em ver minha face tomada pelo ódio, então ela fala coisas que não deveria e chama as falas de "verdades", faz a paciência tatuada no meu dedo não servir de nada. Eu não tremo. Não cedo e não deito.
Meus olhares arrependidos olham pra ela... olhos ressaca. Lá estavam os esperados olhos castanhos tempestuosos que me imploram por alguma atenção ao mesmo tempo em que me fazem sentir extremamente preterida, rejeitada mesmo. E eu odeio quando ela faz isso. Mas quando ela entra nessas brisa errada de que eu nunca quero nada com nada, supondo ou manipulando meus sentimentos.... isso me gera raiva, mais nada importa pelo menos não pra mim - queria ser baseada em sentimentalismo, mas não consigo... ela é presa nesse looping de tentativas burras de lidar com tudo de uma vez, com muito mais do que o emocional dela - ou o meu - permite. É complicado. Eu não sei lidar, e às vezes nem quero também. Eu quero mesmo é fugir pra não olhar pros olhos dela quando as cobranças chegam, quando os contras são bem maiores do que os prós. E ainda assim... Eu não a culpo. Foda-se. Eu sou explosiva, mas já não quero vingança. Sorte minha e dela que eu só falo merda, pego ela pelo braço, encho o saco e não tô nem aí pra opinião dela. Reconheço meus erros, aceito meus defeitos. Peço desculpas e não estou tirando meu peso de culpa, minha parcela das escolhas erradas. Nada. Mas a minha vida é só minha e o que ela pensa sobre mim, não me importa. Só de tentar me julgar ela já está errada... eu não escuto grito e não batalho pra caber no espaço de ninguém. Além do mais, eu só consigo saber e entender o que se passa na minha cabeça... mas daria quase qualquer coisa pra saber o que se passa na cabeça dela por que no papo? Eu não estaria transitando entre minha cidade e esse apartamento do nono andar se eu não fosse louca por ela. Eu venho porque sinto saudade, já me questionei pra caralho isso, mas é só vontade. Venho porque ela me quer aqui, também. E infelizmente ainda há alguma busca por algo, seja lá o que for... Nem que seja uma trepada certeira, um beijo na boca. Às vezes eu acho que não quero olhar pra ela novamente nunca mais... e eu vou vivendo tranquilamente até olhar novamente pra ela de novo, até ela se fazer presente e eu achar que eu poderia mesmo olhar pra ela em todos os dias da minha vida. A distância entre nós tem um sabor amargo, difícil de engolir.
Distâncias físicas.
Distâncias que só existem na nossa cabeça.
Distâncias.
Eu sigo aqui, consciente e cúmplice de tudo que eu mesma me faço. De cada sentimento que eu faço ela sentir. De como eu sou maldosa e fodo com a autoestima dela, em contrapartida na maioria das vezes que eu a encontro, sou derrubada sem paraquedas lá do topo das minhas altas expectativas, pelo menos aproveito a queda, o frio na barriga e o vento na cara.
Amanhã é outro dia... Então amanhã eu que lute e hoje quero mais é que ela se foda.
Iboa.


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