domingo, 26 de junho de 2022

esquece tudo que complica e esgota

A vibração do celular foi o que desviou, roubou minha atenção.
Respirei fundo uma vez.
Duas.
Três.
Quatro.
Diversas vezes.
Diversas, juro.
Meus olhos não conseguiram desgrudar da notificação na tela do meu celular. Eu sabia que era ela, eu não sei como sabia... mas sabia. E a sensação de tê-la "próxima" à mim ainda é uma perturbação instantânea pra minha cabeça, me faz confrontar uma série de vontades, uma inquietação dentro do meu peito, uma vontade desmedida. Ansiedade. Eu me conheço o suficiente pra saber que eu vou fazer exatamente o que ela me pedir pra fazer. E tudo bem porque eu nunca faço nada que eu não queira fazer. E também sei que só quero ir até a casa dela trepar com ela até umas hora porque agora eu posso, porque é gostoso, porque agora o jogo inverteu e ela decidiu que me ama pra caralho, muito tempo depois de eu querer muito a proximidade com ela, depois de tanto tempo eu faço isso só pra ela ver que o mundo gira. É puramente oportunidade, ela jogando oportunidades no meu colo e eu deixando a ocasião me tornar uma verdadeira filha da puta porque pra ser honesta mesmo... Estar com ela não é uma vontade que eu tenho diariamente, mas eu a quero quando ela se torna acessível. Só por querer. Ela me quer quando me faço acessível, também. Eu não gosto de relações difíceis, aliás eu não gosto de nada muito difícil, e ela sabe como conseguir tudo o que quer de mim sem fazer muito esforço. Olha o tamanho do espaço que eu dei pro monstro que eu mesma criei. Monstro de estimação, às vezes embaixo da cama, às vezes na cama comigo. E tudo bem, embora a paixão às vezes me faça vê-la com mais doçura, ponderando tudo. O amor AINDA me faz colocar uma colher de açúcar nas decisões que a envolvem.
Mas tá paz, ela sabe que tudo que eu faço com ela - ou não faço - é porque eu quero. E exclusivamente tudo que faço é sob vontade, preferencialmente a minha. Então tem se tornado cada vez mais fácil e frio eu lidar com meus problemas quando eles batem à minha porta, quando eles estão bem na minha frente... mas nesse texto não tem nada de novo, já antecipo que nada de novo acontece aqui. Mais do mesmo. Eu não neguei o convite, já vou avisando... Hoje é mais um dia onde eu tô jogando todos os meus outros dias de paz pelo ralo, comprometendo meus dias de sol, minha saúde emocional e mental, ou seja: fodendo meu equilíbrio como um todo. Foda-se. Eu precisei lidar com isso e quando percebi lá estava ela, um resquício, um vestígio dela, a notificação - até inesperada - estava lá... Pipocando na tela do meu celular. Eu não consigo ignorar e deixá-la sem resposta. A situação me obriga à ter um posicionamento.
Lá estava ela. A mulher que faz eu me superar no quesito fuga, seja da forma que for. De fugir com ela, pra ela ou até mesmo dela. Ela me vence. Passa em cima de mim igual rolo compressor, no papo. Queria me mudar pra Marte, mas lá também talvez ela me ache. Ou melhor: talvez lá, também, eu me permita ser facilmente encontrada por ela. Enfim. É tudo sobre o que a gente se permite, e esse texto fala somente do meu exercício do livre arbítrio e zero senso de certo ou errado.
Na tela o número que rouba minha paz e eu não vou salvar nunca mais, mas ainda assim eu sei de cor. O DDD diferente do meu. Três palavras que direcionam a noite, mesmo. Ela me enfia no bolso com três palavras.
"Vem me ver?". Sim, hoje foi só isso mesmo que ela precisou me dizer. O convite mesmo com várias intenções me soou amigável, verdadeiro, embora eu saiba que o impacto negativo vai me foder demais depois, mas eu aceito. Tanto faz. Já tive tantos impactos negativos que um a mais ou a menos não parece fazer tanta diferença assim.
Meu relógio apontava 1h39 de uma noite quente e bastante ordinária. A mensagem, agora aberta, ainda aguardava a resposta. Calculei em quanto tempo conseguiria me livrar dos meus amigos e da minha companhia, adoraria que eu pudesse o fazer sem ser percebida e aparecer rapidamente lá... Bem na frente dela. Olhando a cara de surpresa que ela faz quando eu broto do nada depois da meia noite. Cedendo primeiramente à minha própria vontade, mas ainda assim aceitando qualquer convite dela. Qualquer convite dela quando é feito de forma direta seguido de um possibilidade clara de ação, eu aceito. Odeio tesão, vontade sem possibilidade da execução, sem ação, provocação. Os convites dela são tipo um desafio pra mim.
Basta uma mulher me fazendo uma proposta indecente e eu high as fuck, totalmente vulnerável às minhas próprias vontades, importante lembrar que eu estaria totalmente vulnerável se eu estivesse sóbria, foda-se.
Parece que ela sabe quanto eu tô prestes a saborear novos beijos, a um passo de contato íntimo com outras mulheres, ela saca que eu não recuso prazer. E ela sabe que pode me chamar a hora que for mesmo que ela só queira algum tipo de prazer, que ainda assim eu vou derrubar todas as paredes até ela. Porque é ela. Ela ri dos meus óculos tortos, ela ainda me beija em cada novo encontro. Tudo parece calmo.
E quando estamos aqui em cima, do alto do nono andar... não há nenhuma mágoa mais, situação mal resolvida. Nada. Tudo dissolvido em encontros casuais, em conversas. Ela vivendo sempre os mesmos dilemas e por algumas horas tudo parece ser fácil de lidar. Acho que finalmente está mesmo ficando fácil de lidar. Ela nunca vai conseguir me tirar do posto de amor da vida dela, e vice versa. Eu nunca sequer tentei. E eu tô ficando ótima em transformar o pós encontro em algo produtivo pra minha cabeça, mas ainda é sobre isso, de novo, outra vez, ainda. É sobre ela, sempre. O que trago de novo hoje é que eu não guardei culpas, nem remorsos, nem nada.
Ela me torna um pouco mais passional. Até quando eu me mantenho distante dela ou faço uso do tratamento de silêncio, eu sei que é ridículo mas eu o faço por amor - por mais idiota que isso possa parecer.
Eu gosto de ser livre, aqui dentro, pra assumir que eu gosto dela... pra conseguir lidar com isso de uma forma que o amor não seja uma distração pra mim, pra não atropelar o meus sentimentos e os dela, pra não deixar ela estampar e estrelar meus sonhos.... de qualquer forma, eu nunca falei o nome dela pra ninguém. E pouco importa agora também.


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