terça-feira, 28 de junho de 2022

après ce soir

Tremi assim que apertei o botão de número nove dentro do elevador, o nervosismo de não saber muito bem o que me esperava lá em cima estava lá... ecoando na minha cabeça, ocupando um bom espaço ao meu lado dentro do elevador, a ansiedade batendo de um lado pro outro dentro do meu coração, quase criando uma brecha pra sair de dentro do peito... em contrapartida eu estava totalmente disposta a encarar o que viesse, afim de zerar tudo de negativo. Corajosa ou viciada em ser cúmplice, vítima e algoz ao mesmo tempo? Eu não sei, mas estava pensando primeiramente em mim, nela também claro. Eu respirava fundo numa tentativa de acalmar as sensações, encarar as coisas sem deixar tudo pela metade quando se trata dela é novo pra mim e eu sempre sinto que tem alguma coisa pendente entre mim e ela, algum clima estranho que fica pairando sobre nós em algum momento, principalmente quando a gente entra na brisa de se afastar e dissolver uma a outra do posto de mulher da vida, encaixe ideal ou qualquer equivalente desses. Eu prometi pra mim mesma que nunca mais falaria sobre o que ela fez comigo ou o que eu fiz com ela, eu sei que a amo mas também sei que eu amo muito mais a mim mesma. E ainda assim a nuvem cinza de chuva pesada continua lá... Mesmo que não tenha motivo porque eu não devo porra nenhuma pra ela, nem ela pra mim. E acho que nem mesmo eu conseguindo zerar tudo com essa mulher essa sensação vai passar, só que ainda assim acho importante nos dar a chance de tentar, enfim. Enquanto o elevador subia, por algum motivo a porta abriu, ninguém entrou, mas eu quis descer dois andares antes. Fui pela escada repassando na minha cabeça o quão rápida eu vim até ela hoje. Deixando tudo e todos pra trás mais uma vez, pra depois, pra outro dia e tudo bem. Agora eu tô aqui lutando pra conseguir parecer minimamente normal assim que eu olhar pra ela. O nervosismo sufocava, toda vez que a vejo soa como a primeira. O frio na barriga é inevitável. Degrau por degrau bem devagar.
Sentia-me sem arrependimento nenhum. Nenhum medo. Nada. Só ansiedade mesmo. E mesmo que tivesse algum arrependimento, ela tiraria essa sensação de mim assim que saí da escada e percebi que ela já me aguardava em frente à porta, eu a conheço suficiente pra saber que eu ela tá um pouco ansiosa também. Meu coração amoleceu assim que eu a vi ali. Ela rouba o ar, eu vou sempre falar sobre isso. O ar e as palavras. Burguesa filha da puta, ela me olha e faz os primeiros segundos do encontro ficarem meio em slow. Toda vez.
Eu dei uma respirada fundo, usando a bombinha porque eu sei que ela acha graça. Deu aquela risadinha que eu gosto do som e me olhou com tanta ternura que eu não pude deixar de retribuir automaticamente. Os olhos castanhos não fecharam tempo nenhum e seria um tanto quanto impossível porque já chovia quando eu cheguei, ela quis ser do contra dessa vez. Ela brilha tanto aos meus olhos que eu posso comparar ela ao Sol. Puro brilho em plena madrugada... Brilhando na minha vida. É foda. Me atrai tanto que parece vício. Deve ser vício, coisa da minha cabeça.
Ela me encarava de frente, me prendia. Dei risada da ousadia. Entendi as intenções. Abraço e beijo formais. Sem muita proximidade. Mas as intenções estavam lá.... As piores. Estampadas na bolinha do olho dela. Não nego prazer. As intenções eram as mesmas que as minhas desde que eu bati os olhos nela a primeira vez na minha vida, enfim, ela é especialista em me fazer sentir a falta dela, ela fabrica todo amor do mundo e estoca tudo isso no meu coração. Ela, na verdade, me faz assimilar coração ao amor, enfim. Me tira da realidade, entende? Ela me torna um pouco mais passional. Me faz agir com emoção, quase que zero razão. Quase.
As horas seguintes foram de diálogos leves, soltos, sem atrito. Me contou um pouco sobre a rotina, retribuí a confiança. Nós não tínhamos nada além da vontade pura de estar ali. Deliciosamente regadas somente à sobriedade. Sem álcool, sem drogas... Único estímulo que eu tinha era minha falta de vergonha na cara, a mão dela tocava minha perna do joelho à coxa, descia e subia... Era sutil, gostoso... Mas direto. Me pareceu um convite, eu reconheci a expressão de vontade no rosto dela e então eu a beijei a boca. Sem pressa alguma minha língua deslizou na dela com desejo, tocando com vontade mesmo, nem sempre é isso mas é muito bom quando é, lambi os lábios, sem pressa, que beijo é esse que não me deixa mais parar de beijar aquela boca, lambi o pescoço que tinha gosto de putaria das braba à um passo de acontecer, cheiro de vontade sendo fabricada. Ela vira uma vontade incessante quando está comigo porque quanto mais eu como mais eu tenho vontade de comer. Quanto mais eu entro, mais dentro dela eu quero estar. Num impulso minha mão esquerda puxou o shortinho do pijama dela e a calcinha pro lado e me garantiu espaço pra dois dedos dentro. Ela me olhou nos olhos e rebolou pra encaixar melhor, eu boto e ela rebola... no looping. O que além das maravilhosas e deliciosas memórias celulares que a gente fabrica eu pensaria agora? No que mais eu prestaria atenção senão no gemido gostoso que ela me dá quando eu tiro e entro novamente? Em pouco tempo ela estava nua, minha boca nas costas dela, descendo e mordendo a bunda, virou pra mim e eu segui sem tirar meus dedos de dentro, minha boca, minha língua na buceta dela e eu metendo num ritmo forte e lento, percebi que ela estava tão molhada que eu me afogaria. O cheiro... O gosto... tá aí o meu vício. Voltei meus lábios pros dela e nesse momento é onde eu geralmente me perco e não consigo mais parar, obedeço cegamente a libido. Transamos pra caralho a última noite... foi incrivelmente paz. Mas o que realmente me surpreendeu foi que ela não nublou a manhã seguinte, e isso me deixou doida de vontade de voltar o mais rápido possível depois dessa noite. E tudo bem.


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