"Quando a brisa passar a gente vai acordar juntin?" Ela beija meu pescoço e me pergunta... a resposta é claro que sim. Única pergunta que eu não fujo.
Um montão de meses que eu não a via. Nesse tempo todo de espaço umas vieram, outras se foram. Ela teve um lance mais sério que eu achei que fosse durar, lembro que isso fez eu estar muitíssimo próxima de sentir ciúmes e até hoje eu odeio o facebook por me contar.
Mas hoje... Hoje é um daqueles dias que terminam de um jeito que a gente não espera, quem diria? Assim que ela me avistou de longe, já veio com essa cara de safada que só ela tem, chamou meu nome, chamou meu vulgo, me deu aquele sorriso que eu reconheço de longe, carinha de filha de puta da espécie mais pura, do tipo que consegue fuder minha cabeça, minha vida. Ela sabe disso. E gosta... sempre foi dona de todo meu sim. Dou risada porque hoje ela atravessou todas as zonas de São Paulo na intenção de beijar a boca de alguém desconhecido, meia hora de baile me encontrou e vai encerrar a noite na zona que deve estar meu quarto. E o melhor é que foi ela mesma que escolheu assim.
Ela é brisa boa, é sorte, é paz. É furacão, mas eu lido bem.
Mesmo que a gente decidisse se manter careta na noite de hoje, a lisergia mais preciosa e duradoura é ela quem me causa, a gente se completa igual Psiké e Deloun, juntas somos explosão, amor, afeto, tesão e sempre uma psicodelia braba. Ela é uma fonte infindável. Olha que coisa mais maluca: saber que ela vai acordar comigo amanhã faz até eu curtir o bailão mais relaxada, eu acho graça. Essa mulher é uma graça. Ainda mais quando faz graça pro meu lado. "Calmô!" - a cabeça já avisa pro coração. Vai acordar comigo, amanhã tem um café preto e pão de queijo, tem meu beijo, uns biscoitinhos, tem bom dia e se eu der muita sorte ganho uma rapidinha no estilo "seja meu café da manhã", nada melhor que uma foda matinal e companhia pro meu primeiro beck do dia. Às vezes a gente até parece casal, mas ainda prefiro chamar de dupla. Daquelas imbatíveis. Dupla do tipo que transa em barraca de festival que ela gosta. Dupla do tipo que se encontra de quebradinha em qualquer viela de São Paulo.
Mas é isso... vou mandar mensagem pra amiga dela pra avisar que ela está comigo e pode pá. Meu celular vai direto pro modo avião, ela guarda o dela na minha bag e nada mais interfere quando eu tô com ela. Essa mulher cessa minha busca, brinca e se delicia com meus instintos mais sacanas, ela me desliga do mundo, me reinicia, me dá mais tapas na cara do que a vida.
Eu já fumei tanto do verde que meu olho já parece pesado, eu olho pra ela e ela tá japonesa, mas é certeza que já já ela bola outro. Carinha de Mia Wallace. Sei que ela gosta muito porque quando eu puxo o cabelo, lambo e beijo o pescoço, não passa nem cinco minutos depois e ela me quer firme, forte e ininterruptamente na buceta, explicitamente assim. O que ela me pede que eu não dou? Assunto nosso, comunicação direta e sincera é nosso foco. Eu seguro mais forte no quadril, beijo de novo o pescoço, ela arrepia, me lembra que a gente tá na rua e fala que eu valho bem pouco. Ela nasceu pra casar comigo, nasceu pra ficar comigo, quem falou isso foi meu pensamento e desejo egoísta. Único porém é que nós duas nascemos livres demais para estarmos juntas num estilo de relação clichê, mas eu sou tradicional demais pra querer dividir aquela mulher com alguém. Mas já está decidido: vou casar com ela na próxima vida porque nessa ela me fala que já perdeu as esperanças. Coisas da vida. Um segredo meu é só com ela eu posso ser eu mesma, de verdade, sem personagens e viver o melhor dessa vida. Pesos e medidas
Essa noite é só copão. 700ml, bebe um, bebe outro, divide o terceiro comigo... E dá-lhe água rosa pra segurar e equilibrar a minha brisa. Eu, ela, o jet de sempre. É verão, mas é meu dever cívico e moral fazer chover água de bandida em cima dela se ela quiser. Mas ela... Dispensa água rosa porque é tão fã-girl de dietilamida do ácido lisérgico, que eu só jogo metade na minha língua e a outra metade na língua dela. Minha pupila dilata, o foco é só ela comigo ali. Não importa minha lista de contatinhos ou a dela, entende? É coisa que só bate quando minha pele encosta na dela, aliás... ela é mó vício, mó linda. Ela é, possivelmente, a mulher mais gata que eu já beijei na minha vida.
O bailão segue atravessando a madrugada, a noite esquenta, serena, tranquila, enquanto ela me causa taquicardia rebolando em mim, e eu gosto assim. Ela quebra minha marra no meio quando dança aquele som que ela gosta grudadinha em mim. Ela ganhou meu coração assim, até bom lembrar.
Ano entra, ano vai e ela continua sendo a filha da puta da minha vida. Puxo pra mais perto e ela vem... me encosta, bebe do meu copo. A brisa bate, tudo junto. E eu tô rindo da cara dela agora, e ela sabe porque... Ela também ri porque sabe que só vai poder dar pra mim de quatro e de costas, só essas duas opções porque prometeu pra melhor amiga que não olharia mais na minha cara. Vai cumprir, mas vai gozar. Brincadeiras à parte, só eu sei o quanto é gostoso tê-la aqui. E sempre é bom lembrar que eu também venci juras de meses só porque eu senti tanta saudade e agora acho que ela sentiu também. A companhia dela me faz bem. Nem sempre fez, mas é impossível dizer que eu não gosto quando ela me chama. É impossível negar que eu não gosto quando a gente transa.
A gente é sorte e essa noite, aparentemente, é só isso que importa.
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