terça-feira, 23 de abril de 2019

lembrança do que fomos

Foi um fim de semana desses a última madrugada que cê tava aqui, ainda consigo sentir seu cheiro na minha cama toda vez que eu vou dormir. Você tava tão linda da última vez que eu só consigo desejar te ver de novo uma última vez, que seja.
Acendo um, bolo outro.
A noite voa.
Olho pro canto do quarto, pra minha cama e nada. Nada acontece.
Eu acordada enquanto ela, o corpo sem nome, dorme.
O espelho reflete a fumaça que meu pulmão expulsa, as paredes manchadas e minhas meias coloridas, mas não te reflete em nenhum lugar. Nem na janela que cê costumava fumar sentada e por pelo menos três vezes eu fui multada por isso. Você sumiu e em nenhum lugar eu consigo te encontrar, nem na pista e nem na internet. Invisível igual ar. Impalpável tipo ar. No meio dos surtos eu chego a achar que cê nem existiu de verdade. Que saco.
É que nessas de respeitar o seu espaço eu te dei tanto espaço que cê foi pra longe demais e foi nessas de demonstrar pouco que você se sentiu sendo tão pouco amada, pouco demais pra conseguir ficar, eu sei.
Só que agora teus caminhos são longe dos meus. 
Longe demais pra eu correr e te alcançar, te dar a mão e caminhar ao seu lado, nem GPS encontra aquilo que tivemos. Meus sorrisos agora motivam outros recomeços, não mais teu sorriso como antes era de costume, dos sorrisos felizes só sobraram as fotos e as lembranças do que fomos espalhadas diariamente pelo facebook, me lembrando que você foi mesmo real. Que te amei enquanto estava escondida de você atrás da porta. Já não é mais você aquele alguém que ampara minhas lágrimas, que me motiva a não desistir desse mundo de filho da puta, ninguém mais faz isso, aliás. Acho que ninguém mais se importa comigo e talvez eu nem faça tanta questão assim. Meu olhar já está distante o suficiente pra não iluminar mais os teus. Sinto medo de ficar presa nessa história, de fazer virar só mais uma história largada no meio de outras que você viveu, sinto uma saudade absurda de você, da gente, do seu olhar, do seu cabelo, da sua pele, de você cantarolando músicas ruins nos áudios do whatsapp, do seu carinho, do seu cuidado, da sua respiração no telefone, da sua presença que ocupava cada canto do meu ser, do seu cheiro, do jeito que só você sabia bolar um beck usando aquela técnica maluca que eu desisti de aprender, do jeito como você pronuncia meu nome, de reconhecer sua intenção só pelo teu olhar. Eu sinto vontade de sair correndo daqui, ir te buscar, te abraçar e dizer que tudo vai ficar bem, que eu vou cuidar de você. A verdade é que você nunca vai ser ausente pra mim. Você está em absolutamente tudo, desde outros corpos às fotos que eu colei na porta do meu guarda roupa. 
Acho que pra me lembrar do quanto você é linda.
E o quanto eu sinto toda essa saudade de nós.
É isso.



Share:

0 comentários: