quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Pendulum

O silêncio essa hora é perturbador. A porta entreaberta, paredes brancas e sujas, todas as janelas abertas e eu ali, no meio desse meu caos emocional, espiritual, mental. Respirando pausadamente, prestando atenção no trajeto que o ar faz até meu pulmão. O silêncio é tanto que ao fundo eu consigo escutar os carros com pressa na avenida de trás e se eu prestar mais atenção eu consigo escutar os cachorros da mulher do outro quarteirão. Ela tem uns cinco cachorros e eu os escuto nas minhas noites de silêncio, um som perdido, distante. Minha boca não diz nada, não ousaria falar nada. Vou falar o quê? Lembrei-me da primeira vez que te vi. Você mais alta, eu mais ansiosa. Nós duas ali. De frente pro mar. Um abraço e um quase beijo. Não foi preciso mais que isso pra eu confirmar minha necessidade de você. Eu jamais esqueceria disso, mas eu gostaria de não lembrar o tempo todo.
Disseram na TV dia desses que não é possível viver com o coração fora do corpo, me pergunto então: como é que eu tenho vivido se meu coração está contigo? Poeticamente falando ou não, isso é algo que ainda dói. Vez ou outra eu esbarro em algum resquício de você por aí, em alguma anotação, foto ou algo que me lembre. Às vezes tudo parece com você, tudo lembra teu humor idiota. Não sei mais o que fazer com isso, com sua ausência que se faz tão presente a cada dia, com os novos toques que tu recebe. Fico me sentindo idiota por imaginar que tu vai sorrir embalada de novas músicas, novos ares, seu coração vai disparar ao som de um novo "eu te amo". E você não tem ideia do quanto isso dói. Eu morro um pouco a cada dia sem que ninguém se dê conta. Estou me matando por trás desse sorriso que eu insisto em manter. Afundo-me em outros amores na esperança de encontrar um pouco de você, nem que seja uma mínima semelhança, e acabo passando dias trancada dentro desse apartamento branco, sozinha. Vomitando textos ruins e cultivando atitudes deploráveis. Acumulando tudo que eu poderia sentir. Eu sinceramente já não sei o que fazer.
 Mês que vem faz um ano. São trezentos e sessenta e cinco dias. Oito mil, setecentos e sessenta horas. Foram noites e noites rezando pra que eu consiga deixar no passado você e toda essa história. Decidir te esquecer é bem fácil, difícil é não desejar que você se lembre de mim antes de dormir. Eu decidi por tantas vezes te esquecer e percebi que o obstáculo é justamente esse: esquecer. Difícil mesmo é seguir, levantar daqui, difícil mesmo é não desejar que você se lembre de mim antes de dormir. Nunca foi do tipo que sai por aí se apegando, e sinceramente me pergunto todos os dias qual a razão de eu estar presa nisso, existem tantos sorrisos pr'eu conhecer por aí. Vou sair, fumar meu beck, sorrir com as amigas e enfim, pelo menos por algumas horas, te esquecer.
Espero do fundo do meu coração não encontrar com nenhuma memória sua por aí.



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