Já tinha um tempo que eu não vinha.
Não aparecia.
A saudade continuou presente mesmo na minha ausência, então o que eu poderia fazer senão ceder aos encantos dessa relação desgraçada? Eu não sei.
Eu nunca fui das melhores pessoas pra entender sentimentos, controlar pensamentos ou vontades, muito menos sei calcular ou medir os riscos. E eu sempre faço o que eu quero ali... no momento.
Então é isso.
Aqui estou eu - talvez essa seja a frase que eu mais digo e escrevo aqui.
Na mesma cidade úmida de sempre. No mesmíssimo nono andar, na mesma sala ampla, de branquidão hospitalar. Fumando um baseado com a mesma mulher de sempre, pós sexo casual regado a vinho barato, saudade guardada e amor desesperado grudado no corpo. Parece que eu sempre estou prontíssima pra viver tudo que meu desejo à flor da pele me proporciona. Tudo que a impulsividade de uma mera vontade me faz sentir. Considerando válido viver cada segundo daquilo que atravessa meu peito, minha cabeça e minha existência. Acho. Não é difícil adivinhar que aqui nada muda.
Às vezes sinto que isso é apenas comodidade sexual, conforto. Os anos foram passando e a gente meio que foi se acostumando com a situação. Vai ver ela é meu carma. Vai ser eu sou o dela. Vai saber. Às vezes eu gosto de acreditar que eu não estou mais nenhum pouco emocionalmente investida nessa mulher, pelo menos não como eu era, mas ainda pago pra ver se não sou mesmo a mesma menina apaixonada que fervia a juventude correndo atrás dela e fugindo dela, também. Confuso. A gente nunca foi feita pra ser, mas a gente cismou de querer o que não podíamos ter. E assim a gente foi arrumando uma forma de ficar.
Não fomos mesmo feitas pra ser, mas acontecemos.
A gente acontece desmedidamente, descaradamente.
A gente, simplesmente, acontece.
É intenso. Porque ela me gera amor e me gera raiva, me tira da zona de conforto e caralho, eu nem queria passar minha vida toda escrevendo sobre ela.
Juro.
Mas ela vai estar pra sempre nas minhas palavras. Assim como tem sido nos últimos anos, ela vai viver nos meus versos de amor e morrer nas palavras duras da minha raiva descabida.
Enfim.
Mesmo que eu esconda o sentimento, mesmo que eu não fale abertamente sobre isso, o sentimento me visita. As palavras que eu não disse ainda me ecoam, a saudade me alcança com uma facilidade que me faz perceber a fragilidade do meu interesse romântico. Eu gosto de complicar as coisas, é hobby varrer sentimentos pra baixo do tapete.
Mas ainda assim, estamos aqui, agora. Uma de frente ela outra em uma das conversas mais soltas que já tivemos na vida.
Temos algo que não sei o que é.
Mas sei que é.
E é quase possível tocar.
E é bonito, quando quer.
E é nosso.
E é eterno.
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