terça-feira, 12 de outubro de 2021

splish splash

Ela me encara por um segundo, com o rosto encostado na porta da sala me da um oi alegre, me olha nos olhos... o rosto dela me parece um quadro muito, muito bonito, muito bem feito, uma pintura delicada que combina, combina comigo, combina com ela mesma... sei lá, não sou boa em elogios e eu mal saberia mensurar o quão linda ela é, nem se eu quisesse muito. E o olhar nos olhos às vezes eu não consigo retribuir. Eu tô sempre fugindo, dela, de mim, de tudo mas ela... Me deixa estranhamente slow por alguns segundos, meu coração treme, ela me atrai tanto que eu não sou capaz de não desejá-la com todas as minhas forças. Ela é dona dos meus desejos. Dos meus pensamentos mais malucos e gostosos. Dona das melhores memórias.
Eu a encosto na parede, ela fecha os olhos. O beijo é inevitável, minha língua encontra a dela rapidamente, eu amo beijo lento mas com ela é sempre a sensação do mais puro suco do errado que fica. De atrapalhar mesmo, o dia, a rotina, tudo, de não pertencer a nenhum quadro da vida dela e cada dia a sensação sufoca mais, me esmaga mais. Então eu a beijo sempre com muita pressa porque eu não quero perder um segundo sequer ao lado dela. E não vou. O abraço dela é casa, é lar. Eu não queria que o tempo passasse quando eu estou em contato com ela, mas passa. E passa até mais rápido que natural.
Mas ela ainda é improvável, impossível pra mim. Fora do meu quadro também. Eu juro que queria vê-la comigo rasgando as madrugadas geladas da cidade vizinha ou nos bailes em dias onde o verão deixa qualquer ambiente quente demais pra ficar dentro de casa. Queria vê-la durante a madrugada comigo entre becos e vielas. Como também adoraria vê-la comigo nos chalés luxuosos sigilosos e escondidos em Minas Gerais, resumindo... Eu só queria vê-la perto. Tê-la um pouco mais perto. Às vezes penso que queria comigo, pra mim, não no sentido de pertencimento.
Eu sempre entendi que ela não ficaria pra sempre.
E é estranho como ela me faz perder a vontade de ter várias delas, o desinteresse na troca excessiva de parceiras que não são donas de lábios, beijos iguais aos dela e me estranha notar que há muito tempo já não há itens de outras mulheres esquecidos no meu quarto. Ela matou tudo isso sem querer, sem saber. O desinteresse ou equivalente.
Acho que me encantei demais com tudo que envolve ela. E eu não consigo desacelerar, parar agora.


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