segunda-feira, 21 de junho de 2021

o básico

Ainda bem que eu a conheci muito antes do mundo virar essa loucura que tá agora, embora nós estivéssemos no ápice da nossa própria loucura aquela noite, eu pelo menos estava. Só gostei dela de primeira porque ela salvou meu jet, e dessas coisas a gente não esquece. Sigo nas tentativas, hora ou outra frustradas, de evitar os excessos, tanto faz...
A primeira vez que eu a vi, voltando ao assunto, foi no bailinho do amigo, de um amigo, de um amigo do meu melhor amigo, no frio de quase inverno. Na zona leste, baile, brisa, loucura, sempre é. E coincidentemente como é hoje, era Junho também. Ela louca de sei lá o que, estava solta mas estava no controle, simpática até demais e eu quieta e zen, apática até demais. Mulher que invade meu espaço e é efusiva comigo ou me causa ranço ou uma vontade gigante de conhecer melhor, nunca um meio termo. Ela conhecia o meu parceiro mais próximo, sorria como se já me conhecesse também, tocou meu braço uma ou duas vezes. "Sinal de interesse? Será?". Já vi que vai ser do tipo que vai me obrigar a processar e interpretar da melhor forma a situação, acho que chamam isso de jogo da sedução, sei lá. Não sou boa com jogos, gosto das coisas mais diretas, gosto de mulher que quando quer fuder contigo resolve isso até por direct de rede social. Queria ter mais facilidade pra entender emoções. Ela mexe no cabelo enquanto fala, parece que quer atenção. Ela estava lá, mas eu? Eu travei. Ninguém acredita quando eu conto que eu não consegui nada com naquela mulher de primeira, nem mesmo conseguiria tentar algo. Ela também não conseguiu nem amizade direito, comigo travada de droga ruim, só a companhia dela já tava muito bom pra mim. Mas eu sou obstinada. Quanto mais ela sorria, mais exalava a mais pura vibe de mulher que eu nem sei como chegar e pra ser sincera eu não sei o que ela esperava de mim, mas no primeiro baile eu fiquei tão louca que nem lembrei de tentar algo a mais. Eu só queria assumir que eu arrego pra mulher que me intimida, zero dom de atacante, mas da segunda vez... da segunda vez que eu a vi eu dei todas as chances pra ela me atacar, torci até. Eu nunca conto onde estávamos na segunda vez, mas adoro lembrar que na segunda vez eu não fui nada boba, deu pra sacar que ela tem muito dessa energia de caçadora também, e eu adoraria ser abatida, até porque com o olhar ela já me devora, eu me delicio e me divirto com os olhares e as possibilidades. Eu sou toda receptiva também, né? Ela já estava há um passo de me comer. E além do mais a gente sabe, né? A gente sente.
Ela me viu. Me reconheceu. Se manteve perto.
"Eu já falei que odeio ter que interpretar sinais?"
Gosto de pegar mulher quando eu tô muito louca porque derruba minha timidez e sempre dá certo. 1/4 de doce na mente, só pra ficar contente.
A música alta, muita falação ao redor, eu aproveito e só falo baixo pra ela ter que chegar bem próxima a mim pra conseguir escutar.
O beijo dela é daqueles que te induz ao sexo, vou ser bem direta, é sempre praticamente impossível beijá-la sem desejar que ela esteja dentro de mim, eu poderia implorar, ela ri, mas ela sabe que isso não é nenhum exagero meu.
Na foda ela é uma droga que te vicia e te consome mesmo, ela surpreende, ela domina e esquenta, eu cedo fácil. Eu não sou de excessos, nem de droga, nem de xota, nem de porra nenhuma... mas ela nua é puro deleite e apreciação, me obriga a querer muito dela, muito, "demais até", papo de que eu sempre tô animada e quero recomeçar quando termino. O básico. 
Marcas, alguns rabiscos e curvas, do tipo que eu quero muito percorrer com a boca. Gosto de lembrar do quanto ela me deixa calma, que desde a primeira vez que eu a vi ela consegue me fazer um nível de conforto absurdo e entende quando eu quero falar sobre tudo ou sobre nada. Leves beijos no corpo, sem pressa e sou eu quem arrepio, amo quando ela puxa minha calcinha pro lado, confere o quanto me deixa excitada, eufórica tipo droga, a língua dela garante que seca eu não vou ficar tão cedo hoje. Seguro na nuca enquanto ela me chupa, desliza a língua e faz aquela carinha de quem passa fome de buceta, só para quando eu gozo ou peço os dedos. Eu amo as expressões. 
Mal posso esperar para vê-la novamentePor que sexo quando é gostoso e encaixa deixa tanta saudade? 
Minha mente fica divagando entre a vontade e a saudade que eu sinto de vê-la sem roupa nenhuma, louca, sentada rebolando devagar, bem devagar nos meus dedos, eu entro e saio em movimentos fortes e lentos pra acompanhar, sinal que eu gosto mesmo é só os que o corpo dela envia me avisando meio segundo antes dela gozar, eu sempre pensando "Ela goza agora e goza de novo antes de ir embora...". Tipo prêmio. Saudade bate em dobro quando eu lembro dela molhada, do meu rosto afundado, afogado, do cheiro, sabor, textura. De tudo. De cada detalhe. Amo como ela nua me remete à Vênus de Urbino, do Ticiano, mas eu mema só consigo escrever pra ela uns textos medianos, mas sempre inspirados nas nossas trepadinhas secretas, deliciosas e reais. E esse texto, em especial, só escrevi pra reforçar que mal posso esperar para vê-la novamente, saudade, o básico. E nada mais.


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