terça-feira, 19 de maio de 2020

peixe francês - cortesia da casa

20h56. "saudade de você"
Saudade de mim... Porra!!! Eu também senti uma saudade gigante de mim mesma.
A sensação é como se meu cérebro derretesse por entre suas unhas vermelhas, naquele tom charmoso que você sabe que eu amo... Você me acelera igualzinho cocaína, me sinto acelerada, ansiosa e eu já não controlo mais pensamento nenhum sobre você.
É como se minha cabeça me falasse "acabou a brincadeira". E acho que de fato, acabou. Nada mais na mulher que você é me apresenta diversão, distração, sensação nenhuma... Nada mais que exista em você é capaz de me arrancar um sorriso sequer. Mas de qualquer forma você segue sendo um assunto delicado e porra... Adeus autocontrole e todo aquele meu rolê de ignorar sua existência, que diga-se de passagem eu até que desempenhei muitíssimo bem esse papel que você me fez assumir, o de ser a mais filha da puta da tua vida.
Fui a melhor da turma, fala tu!
Maldita. Maldita pra caralho.
Filha da puta eu, filha da puta tu.
Minhas mãos soam e mais uma vez me encontro à 100km/h em desencontro de diversas das minhas promessas mais sérias comigo mesma. Apostas que eu não gosto de perder, mas sei que muitas vezes perdi com honra e mérito.
Você não... - É o que eu penso toda vez que você tenta uma volta pra minha vida.
Eu, uma vez ou outra, ainda desacredito das minhas atitudes.
É.
Enfim...
Você.
Saiba... você já foi o lado vazio e mais frio da minha cama, vazio esse que eu preenchi de forma incessante com qualquer outra presença, só por diversão. Calor que faltava... e não veio. Você é equivalente ao café frio de dois dias, a ausência pesada, mas até que muito bem cicatrizada, só que às vezes olhar cicatriz no espelho incomoda. Você é cada uma das borboletas no meu estômago, que com muita dor, sacrifício e empenho eu matei, sou a mulher de mira boa. Mas que mesmo mortas ainda reviram no meu estômago, uma decomposição do que chamei de amor está me causando a maior azia da vida, mas sinto-me feliz em saber que hoje eu não te engulo mais. Você é única e inteiramente responsável pela minha loucura não tratada, é meu inferno astral, e já foi meu choro escutando sertanejo brega e fodido.
Então você me pergunta se é um adeus ou um até logo...
Ouça-me bem, amor...
Engoli todo meu drama, o resto eu lhe escrevo em linhas secas, direta como sempre fui, como quase sempre fomos.
O silêncio que inicialmente você produziu fez tanto barulho e alvoroço na minha cabeça, por tantas horas que eu até já perdi a conta de quanto tempo foi. Fui feita refém do que você tem de melhor, você e somente você me deu a corda com a qual eu me enforquei, eu sei... Mas quem pulou do banquinho fui eu, sozinha e com meus próprios pés.
Quem poderia prever? Eu nunca.
Você me inundou diferentes sentimentos, eu confesso: não tive altura pro tamanho desse sentimento e não deu pé pra mim, você foi como uma maré alta que me engoliu, subiu rápido demais. Nadei, nadei e sequer cheguei na praia. Nunca fui o peixe que nada em águas tão turvas quanto essas águas sujas e escuras provenientes de você.
Eu não te dei sinais, nunca. Eu fui direta, percorri todo o caminho sem precisar de joguinhos emocionais, passei batida, ilesa... sempre em linha reta até você. Se joguei, foi limpo. Me joguei em queda livre, a porta pra você sempre esteve aberta.
Se você insiste em saber: sim, meus braços sentiram tanta falta do formato de seu corpo que eu achei que a qualquer momento eu fosse ficar louca, e aí... só aí que veio uma sucessão de buceta pra curar minha vaidade boba. Minha boca... A mesma que conheceu de cor os seus caminhos, descobriu atalhos e te deu voltas... agora, saiba, silencia um adeus que já nem é preciso de palavras pra dizer.
E foi justamente nessas de sentir tanto a tua falta que eu me acostumei com a falta que você fez, e hoje inacreditavelmente deixou de fazer.
Não sinto mais.
Sua voz, seu corpo, seu rosto já não me soam atraentes como antes.
É.
Você é a vírgula que permanece no meu textinho ruim, ponto final da minha história. Porra de mulher. E sim, eu ainda acho seu sorriso algo que eu consiga me lembrar depois de trinta segundos, memória de peixe. Eu nunca te esqueci, mas me acostumei a não pensar em você. Ou sobre você.
Você levou tudo de mim, juro que por vezes chegou a doer mais que um soco.
Era você... E foi você por tanto que eu nem sabia mais como era com outras pessoas
O amor nunca foi tudo e às vezes nem é o suficiente...
Espero que você se lembre do dia em estávamos naquela motel escroto que você me enfiava semanalmente, onde eu te expliquei sobre minha teoria da mesa e do amor... Como é que encaixa o amor na vida... Você se lembra?
Uma vez você me disse que me achava tão perfeita que eu parecia ser de outro mundo... E hoje concordo: sou de um mundo diferente e extremamente distante do seu. Porque eu me mudei, e mudei. Espero que jamais faça nova viagem até mim, pois me encontro de fronteiras fechadas para você.
Caímos, meu (ex) amor. Aceite, porque mesmo eu sendo cabeça dura, aceitei: Nós falhamos.
Não fomos suficientes para ambas e juro, não há nada de errado nisso. Absolutamente nada.
Lhe desejo somente um mar de felicidade e lindíssimos dias de Sol... para que você aproveite a sua vida com amor e todo afeto do mundo.
Eu criei meu mundo lindo e colorido, fora da sua bolha de uma cor só, da areia movediça que você simboliza para mim.
Sirva-se, minha linda, do silêncio que você me ensinou a produzir... Eu acabei ficando boa pra caralho em não te querer mais.
Eu te avisei sobre as condições do adeus, tudo foi mais claro que água recém trocada de aquário.
Desculpe-me por cumprir minha palavra.
Sinto muito, flor... Muitíssimo... mas eu não sinto mais nada.


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