segunda-feira, 18 de março de 2019

Maria Carabina

Eu lembro exatamente, com bastante precisão do olhar dela quando eu a vi a primeira vez. Era fogo. Queimava e me queimava muito.
Ela é prima da amiga de uma amiga e na verdade eu só consigo lembrar dela naquela noite, só me lembro da presença dela porque de fato ela roubou a cena, aquele jeito que ela me sorriu como se me convidasse pra ficar mais perto. É como se ela, naquele momento, tivesse apagado toda outra qualquer presença daquele baile. Linda. Repito: Linda! Só consegui enxergar ela e a Lua, e caralho... Acho que a Lua completava o brilho daquela filha da puta, eu achei mágico. As duas competiam entre si pra ver quem chamava mais atenção no meu imaginário.
A música alta não foi problema, o alto teor alcoólico contido no meu sangue e na minha fala também não pareceu problema, de primeira a gente riu de coisas bobas, a gente dividiu um baseado falando de cosias bobas da vida, depois eu enchi o copo dela, ela completou minha cota pra bolar mais um e nossa conexão começou ali. Tem uma crença asiática antiga que diz que pessoas destinadas a estarem juntas são ligadas pelo destino por um fio vermelho invisível... Naquele dia o destino nos amarrou. Caiçara filha da puta.
O sorriso dela atravessou minha alma lentamente, me senti como um animal ferido, apunhalado. Acredito que agora seja um pouco tarde pra manobras ou fugas desenfreadas, não há forma de fugir disso. Digo... Fugir daquela mulher.
Ela aparece em tudo, está em tudo, em todos os lugares, em todas as pessoas. Ou não. Talvez eu esteja realmente enlouquecendo e ela só esteja em mim, como uma tatuagem, gravada, eternizada. Ela está aqui por completa, em essência, carne e um sorriso. Ela é a dona do meu sorriso também, nunca lhe disse, mas é. Nós nos conhecemos como um todo e eu gosto do jeito engraçado quando ela fala que eu deveria me apaixonar por ela. Verdade é que não deveria... Mas nem sempre eu faço tudo que não se deve e vice versa.
Sua respiração é calma. Ela fala pausadamente, sorrindo. Eu gosto do sotaque. Mexe cerca de três ou quatro vezes no cabelo quando está tímida. Gosto do seu jeito ”organizado demais”. Acho graça quando ela puxa assuntos aleatórios com pessoas desconhecidas em filas de banco ou qualquer outro lugar onde ela esteja. Eu adoro o jeito como ela se veste, gosto até daquele all star branco sujo que ela fica irritada quando eu digo que ela nunca lavou. Eu adoro a cara dela de sono, sua voz de sono, seu cheiro quando me abraça, seu cabelo bagunçado e lindo quando acorda.
Ela só me mandou "vem me ver?" no whatsapp e lá eu estava, atrasei meu corre e peguei um 99 rapidão só pra dividir aquele verdinho com ela, na sacada de novo, enquanto ela sorria e me olhava, dessa vez ela não falou nada, não me contou sobre seus dias, sua vida, nada. Só me olhava enquanto tragava o beck e fazia carinho no meu rosto. Me deu vários daquele sorriso implacável que só ela sabe dar, que me faz ter certeza absoluta do que ela quer me dar depois. E num piscar de olhos ela vem, sorrindo, senta no meu colo, ela sabe que eu não aguento e quero tirar a roupa dela logo. Ela é uma foda aleatória, minha outra história, papo de amor pra vida toda ou algo que o valha, sabe aquela ligação que você sente com alguém? Conexão carnal, meu amor casual, já chamei de foda semestral... Ela me domina e o que a gente tem? Sei lá, não denomino. Só sei que gosto.


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2 comentários:

Unknown disse...

Aquela,ansiedade para ler e reler de novo.. ..
Há incrível. ❤💭

Unknown disse...

Aquela,ansiedade para ler e reler de novo.. ..
Há incrível. ❤💭