terça-feira, 19 de novembro de 2024

no guardanapo 35

Sina de poeta é viver de amor
e morrer de saudade


quarta-feira, 6 de novembro de 2024

terça-feira, 5 de novembro de 2024

raiva

Eu sei o que você quer
Você quer me ver tirando sua saia preta
Quer foder comigo
Me enlouquecer
Quer que eu cuspa no seu amor e corpo
Que eu dê tapas em seu rosto
Quer meus dedos no seu pescoço
E que eu domine a situação
Para que então você possa sequestrar meu coração
Sem que eu perceba nada
Vai me colocar em sua estante empoeirada
Ao lado de suas outras vítimas amadas
Porque você é uma narcisistazinha de merda
Eu sei o que você quer
Você quer o que eu não dou
O que não ofereço
Amor?
Você me despertou o amor
Mas...
Não tem mais nada aqui
Secou
O que você quer tá seco mesmo rs
O que você quer? Eu sei
Dar pra mim, e só
Atenção
Que meus dedos não se desconectem de seu corpo
Alice me disse que eu posso escrever sobre a raiva
Se eu quiser
Que eu tenha atenção com as palavras
Que eu disser
Que eu posso escrever sobre você ou qualquer outra mulher
Que vier
Você quer meu corpo, Alice não me disse
Mas eu percebi
Você quer meu corpo
Despido de vestes e amor próprio
Você quer ganhar um poema cheio de mentiras
Pra que então você possa exibir minha cabeça na bandeja do afeto
Porque você diz que eu te divirto mais do que as outras
Então eu sou a preferida? Ok
Você rasgou meu coração, amor.
Me faz ter raiva que há outras
Mas eu não sei se ainda te concedo amor
Eu quero que se foda
Eu sou egoísta
Mas nem tanto
Não me obrigue a competir por espaço, amor
Eu não sou boa nisso


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

bitch má feito sonserina

Meus olhos percorreram a expressão facial dela assim que ela abriu a porta e botou os olhos em mim, também. Um oi gostoso de ouvir, aquele sorriso gostoso de se receber, um jeito gostoso que ela tem de mexer os lábios pra pronunciar meu nome e principalmente pra gemer meu nome, uma maneira única que ela tem de me receber e me dizer que estamos em paz, pelo menos por hora. Ela me abraçou apertado e meu coração disparou na mesma hora, ela tem esse dom mesmo e eu não tenho nem palavras pra explicar que mais uma vez por livre e espontânea vontade eu estou no nono andar. Hoje, por incrível que pareça, sem vontade nenhuma de voltar pra trás, nem fugir, nem nada. Só estar aqui e contemplar algumas horas dividindo as horas, o afeto e tudo mais que nosso encontro nos proporcionar, compartilhando minhas gramas e uma garrafa do nosso bom e velho vinho vagabundo de sempre.
E veja só, nada muda. Duas ou três taças daquele vinho doce que eu gosto e pronto, está desbloqueada a versão mais danada de mim. Logo nos embolamos entre línguas, olhares, roupas, toques, ali mesmo no tapete da sala branca, enquanto a Netflix passa uma série que eu já sou humanamente incapaz de prestar atenção, de qualquer forma. Ela pediu nossa playlist pra Alexa e o som ambiente deixou tudo muito mais quente pra gente, a luz caiu um pouco. Ali mesmo, puxei a calcinha dela pro lado e ela me chamou de indecente, e enquanto enfiava a língua na minha boca ela guiava meus dedos pra um passeio íntimo por cima daquele fino tecido, disse que eu sou muito pra frente, mas ela quem se esfregava nos meus dedos. Honestamente? Ela esquece que quando se trata da gente tudo é meio jogo sujo, meio hard, indecente mesmo.
Alguns minutos depois, a luz mais baixa, ambiente propício pra saborear aquela mulher, dona do meu sexo favorito. As curvas do corpo dela combinam com a iluminação quente. Me deu vontade de tê-la na minha boca, sentir seu gosto, matar a sede que eu sinto do seu gozo. Ela me provocava, ativou meu instinto mais animal da coisa.
E que delícia de momento, que delícia é tê-la no alcance do meu amor, da minha libido, da minha vontade, dos meus pensamentos, dos meus dedos, dos meus lábios, da minha língua, corpo, alma, da minha saudade, da minha memória celular, da minha memória afetiva, ela com cheiro de Sundown, Cenoura & Bronze, pele de sal, pés na areia, coisa e tal. Mas tudo bem. Essas palavras todas são como a gente transa gostoso no quarto, na sala, no carro, na Lua, na rua. Em qualquer lugar. Pouco importa, ela me deixa a beira da maluquice, eu não consigo segurar, ela sempre pede calma, eu sempre estou apressada e peço mais, peço rápido, peço pressa no que me interessa.
Ela gosta de me fazer sentir, perceber mesmo o quanto ela tá molhada, animada, aquela cara que ela faz de safada, me chamando de filha da puta... Eu não resisto e sequer tento. Aliás, eu venho pra isso. Escrevo isso, agora, enquanto ela vai buscar algo na cozinha, totalmente nua, desfilando como se me convidasse a observa-la e caralho... eu amo essa mulher, eu sou doida nessas curvas, penso que transar com ela e sentir tudo isso, ajuda muito com o aprimoramento do meu desenvolvimento sensorial.
É, talvez eu seja filha da puta mesmo rs


terça-feira, 29 de outubro de 2024

cotidiano #4

Sou
Boa viajante
Nômade
Sempre itinerante
Peregrinando
Alcançando com cuidado as altas montanhas
De pensamentos e atitudes errantes
Sempre em busca de conhecer melhor
O meu próprio interior
Sempre me aventurando
Em mim


quarta-feira, 23 de outubro de 2024

no guardanapo 33

O pior sexo
sempre foi e sempre será
aquele que é politicamente correto


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

cerol e framboesa

Às vezes eu acho que não há mais nada que eu possa fazer pra reverter a realidade em que viramos apenas duas estranhas, mas com o benefício de se encontrar com uma frequência frenética e transar com uma intimidade que é capaz de nos engolir, de nos fazer largar tudo que tem pra ser feito no dia e matar o tempo trepando lento. Eu já disse que eu acho que talvez a cada vez que ela transa comigo ela transa com alguém diferente, hoje eu transo com uma mulher que me procura, me convida, mas eu sinto ausente, distante de mim, fora da minha realidade.
Mesmo que ela não faça parte do meu presente de forma constante, não há um dia sequer que eu não me lembre das horas vividas, das drogas divididas, dos orgasmos compartilhados, dos segredos contados, da convivência. De tudo, tudo mesmo. E quando eu ameaço esquecer, eu vejo a mancha de vinho naquela minha polo branca. E lembro de tudo de novo.
E volto a sentir saudades.
Por que será que ser humano não é capaz de esquecer o que machuca, o que magoa, o que faz falta?
Por que será que não somos capazes de simplesmente deixar pra lá, seguir a vida?
Pra que tanta saudade?
De onde vem a saudade?
Ela diz que eu não presto, eu digo que ela não vale nada. E a gente vai seguindo assim... Como se um dia desses, magicamente, a gente vá esquecer de tudo, inclusive de nós, se esquecer como se tudo isso não tivesse passado de um surto. Ou sei lá, será que vamos empurrando isso até dar certo? Eu sei que a segunda opção é a mais improvável. O que nasceu com o errado escrito na testa não tem a menor chance de virar coisa certa, por mais que a gente queira ou tente muito.
Entende?


sexta-feira, 4 de outubro de 2024

olha o que a saudade faz...

Mais uma vez eu no nono andar.
Já antecipo aqui - na segunda linha - que nesse texto não há nada de diferente dos centenas de outros que eu já escrevi pra ela, pra mim, uma carta pra ninguém. Não importa. Nada de novo acontece aqui, chega a ser chato até.
Eu já nem sei porque ainda escrevo, porque sinto, porque continuo insistindo nisso, nela, em nós - apesar de todos esses nós que nos prendem coisa e tal. Eu acho que escrevo pra apagar ou suprir uma necessidade subconsciente de me sentir parte de alguma coisa, de um amor, de uma saudade, de um momento congelado no tempo, que eu mesma congelei aliás. Escrevo pra me sentir viva, pra sentir o impulso do que ainda me faz pulsar. E vou me eternizando em letrinhas que transcendem minhas vontades e decepções, e essas linhas mesmo que se tornem inúteis, serão sempre minhas. Ela também se eterniza, em mim, nas minhas palavras, deita e rola nas minhas linhas, mas segue com o devido e merecido anonimato.
É sobre isso, eu acho.
E é incrível o poder que ela tem de me fazer querer depositar todas minhas palavras de amor ao pé de seu ouvido, e me deixar em frente à uma tela branca somente com esse mimimi todo de saudade. Sina de poeta é morrer de amor, eu sei, mas recuso... Nem poeta eu sou!
Sri lá.
Queria não pensar tanto nisso, mas eu penso muito ainda, muito, muito.
Enfim.
Dormi com ela numa noite quente e acordamos numa manhã gélida. Acordei mais cedo e passei o café, bolei um baseado, esperei quieta até que ela acordasse e ditasse o clima.
Estranhei que ela acordou em tranquila, fazia uns três meses que eu não a via, ou mais, eu macetei ela a noite toda e talvez isso nos tenha trazido alguma paz. O olhar dela me desarma, me sinto até mais calma e olha que meu apelido é Taz. A paz que eu busco, talvez, seja mesmo ela nua.
Vai saber.
Pensei em correr pra tirar uma foto da gente ali, uma moldura inanimada, que nos conserve sorridentes, em plena paz, sem guerras matinais conosco ainda de pijama, sem a gente negar que se ama, nada.
Quis guardar esse momento de paz pra eternidade porque nós sabemos o quanto isso é impossível, nesta realidade. É isto.


quarta-feira, 25 de setembro de 2024

PNFCUPM,S? - parte cinco

5


O seu nome, flor, não está no que escrevo... Mas está, entende?
Basta ler essas minhas palavras ainda não escritas
ou
ainda não inventadas
Que não existem, mas existem
Sempre existirão e resistirão
à vastidão do tempo e da distância
O seu nome, flor, está no silêncio
Quando a metáfora
Ultrapassa o tempo
E a linha da vida fica confusa e não se alinha com a verdade
Eu
Daqui
Te envio palavras em pensamentos porque não te tenho ao alcance das mãos e das mensagens online
Pode olhar, flor, veja.
Está claro!
Fale comigo
Comente alguma coisa sobre qualquer assunto
E me diga que você viu
Que
O seu nome não está lá, mas está.
Guardado
Logo ali, onde ele não foi dito
Mas é sempre lembrado
Estamos presas, flor, hipoteticamente, presas em páginas
Brancas e pálidas
Esperando que o acaso e um pouco de sorte nos faça viver mais do que palavras.


terça-feira, 24 de setembro de 2024

PNFCUPM,S? - parte quatro

4

Se eu pudesse todos os meus dias seriam seus, nós seríamos um belo casal, adoraria ver os anos atravessando nosso amor e nos trazendo cabelos brancos.
Eu quis tanto, mas tanto a oportunidade de viver tudo isso.
Se eu pudesse fazer algo ser possível, seria isso.
Eu nos guardo dentro de caixas, nos protegendo através do tempo, eu guardo o seu nome e nossa história, num canto limpo da história, eu penso tanto em você que sequer dá tempo de juntar pó nas memórias.
Eu quero aquilo que nós, talvez, nunca seremos, eu sei, mas... Me deixa querer, flor.


segunda-feira, 23 de setembro de 2024

PNFCUPM,S? - parte três

3

Se eu pudesse voltar no tempo agora
Teria dado um jeito de nunca mais ir embora
Mesmo que fosse loucura, meu bem
Teria descido daquele táxi sem demora
e te beijado - Pelo menos mais uma vez
Pela janela do carro, eu vi
E senti
Suas lágrimas derramadas anteciparam a saudade, flor
Eu nunca teria ido embora se dependesse de mim
Entende?
Suas lágrimas tiveram um peso imenso na minha cabeça
O que veio depois quase me matou
Eu não imaginaria que seria a última vez
Você poderia prever?
Eu não, flor
Eu só tive olhos pra você
Vivemos uma tarde inteira de calor juvenil
Mais que um ano de amor, pra mim
Sempre ali
Fervendo na minha cabeça
Fritando no meu corpo
Queria poder te encontrar agora no auge da minha maturidade
Ou...
...Não

Eu queria mesmo era voltar no tempo e ter descido da porra do táxi
Cinco minutos, dez ou somente um
E ter te beijado debaixo do céu azul
Que abrigou nossa dança do amor solitário
Queria ter te dado um tchau sem medo algum
Porque agora eu guardo, flor
Você
O abraço receoso que não foi dado
As palavras de amor verdadeiro que eu nunca disse
E o beijo que não foi trocado



domingo, 22 de setembro de 2024

PNFCUPM,S? - parte dois

2

Estive pensando nos últimos dias que eu não tenho certeza se eu me lembro exatamente como te conheci ou quando, não lembro a primeira vez que nos falamos, mas lembro da empolgação que senti e sei que vivi esse amor como quem vive pela última vez. Sei que de repente você e eu viramos um casal... Fomos um casal mesmo?
Às vezes acho que você foi um sonho bom e eu despertei, flor. Acordei sozinha na cidade cinza onde tudo é solitário e sem graça. A realidade da distância é o que há de mais terrível.
O tempo me fez superar essa história, entender e aceitar de verdade o fim, mas jamais esquecê-la. Confesso. Nunca seria capaz. Eu sei que existem coisas que ficam mais bonitas quando viram lembranças, mas eu sinto saudades suas.
A saudade me chega ao longo dos dias em pequenas doses, sabia? Me lembro de você com uma frequência que você sequer imagina.
Nos distanciamos de uma vez só, com um band-aid que a gente arranca rápido na esperança de que doa menos, mas a cura pra saudade não acompanhou esse ritmo. A saudade dói, não o tempo todo, não todos os dias, mas ainda dói. Tipo quando a gente bate o dedinho na quina de um móvel e fica aqueles cinco, dez minutos doloridos? É exatamente assim, é igual dor de cabeça, do nada.
E é isso, flor.
Hoje sendo muitíssimo honesta, eu queria que só tivesse você no meu jardim. ♡


sábado, 21 de setembro de 2024

domingo, 15 de setembro de 2024

Eu quero mais, sem calma, depois a gente dá uma pausa e canta aquela do Jão

Você se agarra nas minhas linhas, sem minha permissão.
Você se enrosca em cada frase de amor minha. Passeia no meu peito, brinca com a minha cabeça, dança no meu olhar, que brilha ao te observar chegando. Toda vez. Há muito mais do que um mês que você me ganha, me tem, detém cada vontade maluca que eu tenho na minha cabeça.
Sua pele macia me faz ansear por trocá-la, com a mesma curiosidade que toquei da primeira vez, cada dia te descubro mais e gosto disso. Desejo muitíssimo um relógio com ponteiros parados e a capacidade de esquecer que lá fora o tempo ainda corre, pra que eu possa apenas apreciar você, sem pressa. Calmamente. Mas eu sou apressada, né? Eu sou virada no 360° como você mesma diz, então eu não consigo te olhar sem te querer, parafraseando Skank: Te ver e não te querer é improvável, é impossível. Meu pensamento intrusivo sempre me diz pr'eu te beijar do nada, então me desculpa pelas vezes que eu te beijo sem aviso prévio, amo ocupar seus momentos livres, despretensiosamente habitar em suas curvas, imprimir minhas digitais em seu corpo, preencher você com todo meu amor até você se cansar.
O sentimento que te dedico é combustível da minha felicidade por uma boa parte do meu dia, sorrio com suas mensagens chegando em meu telefone. Amo pronunciar seu nome e perceber que o jeito que você pronuncia o meu é bem gostoso de escutar. Traz uma imensa descarga de felicidade pra mim, amor e bem estar.
Eu adoro cada nude que você me envia de bom dia depois das nossas noites especiais e intensas, nossos almoços juntas via chamada de vídeo, ao meio dia quando seu dia tá muito corrido, eu amo quando já é meio tarde e a gente tá falando sobre a gente, sobre música, fofocando, dividindo um baseado ou falando sobre arte.
Adoro viver histórias ao seu lado, adoro ouvir suas histórias engraçadas do passado, forma como você me diverte é singular e nosso convívio é puro entretenimento pra mim. Quero seu mundo como lar. Guardo nossa diversão em um canto especial da memória afetiva. Eu gosto da sua visão sobre a vida, me encanta caber na sua rotina, caber no seu abraço, gosto de ouvir sua voz, suas ideias, suas vontades, seus planos e aliás... "Como foi o seu dia hoje?"✓✓


sábado, 14 de setembro de 2024

estudo os teus sinais, sedenta, desfrutando dessa insana liberdade

Eu não sei escrever poesia!
Mas ela teima que vai me inspirar uma, algum dia
Eu dou risada
Porque eu não sei juntar palavras
Que façam sentido
Assim, num amontoado de sentimentos gostosos
Que representem o que ela me faz sentir
Principalmente quando pede pra eu fuder com ela
E cantar meu amor desvairado
Sobre seu corpo despido
"Você só quer buceta, né?" - ela me diz
E transamos prazerosamente
Devagar
Vivendo a exploração calma
De dois corpos que se desejam
Enquanto desfrutamos de uma dose de felicidade intensa
Que aquece o peito
E acelera o coração
Com um alto teor de gin, energético e líbido correndo em nossas veias
O único consolo quando sua buceta chora
São meus dedos
Ou minha boca
Minha língua
Que se divide entre seus seios tão bonitos
E seus lábios grandes e pequenos
Minhas mãos impacientes
Que tocam insistentemente seu corpo com destreza e muita
Muita
Muita
Paixão
E muita
Muita
Muita
Vontade
Enquanto de longe Bethânia canta
"Tô com saudade de tu, meu desejo..."
Não é música pra se ouvir despido, eu acho
Mas quem escuta é algum outro apartamento
Então a gente aproveita o embalo
Tomamos pra nós essa trilha sonora
E sorrimos porque entendemos a letra
Porque mesmo que nudez nos tome o corpo
Aquela poesia musicada nos veste bem
Cada palavra dita ali, tudo faz sentido
Mas eu? Porra.
Eu não entendo nada de poesia!
Nada, nadica!
E além do mais o que eu escreveria
Pra mulher que habitualmente me rouba as palavras?
Pra mulher que mantém minha língua ocupadíssima trabalhando em silêncio?
Não escreveria nada, nem de poesia eu entendo
Mas não há nada mais poético que essa foda
Esse beijo
O cheiro dela impregnado em mim
E esse quadril indo pra frente e pra trás, devagar
Devagar 
Devagar
Devagar
Eu sinto ela pulsando
E ela continua abrigando meus dedos em seu casulo
Quente
Apertado
Único
Delicioso
Ela respira no meu ouvido
Mas não diz nada
Geme baixinho
Gosto de transar em pé
E sentada
Porque minha boca chega na dela com tanta facilidade que me cala
Ela diz que paga minhas palavras com seu valoroso mel
Eu não sei só escrever putaria
Ela diz que sabe que não
E me beija os lábios com quem já sabia
Que eu escreveria qualquer coisa sobre ela
Qualquer coisa mesmo
Mas eu sei lá
Eu só não sei mesmo escrever poesia


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

eu nunca deixo ela no tédio

Há dias observo essa mulher, há dias ela me dá água na boca e já é impossível negar o que eu quero e que sim, o desejo veio forte. Fiquei dias pensando muitíssimo na possibilidade de um beijo na boca, um toque mais íntimo, um cheiro no cangote, aquelas coisas. O mais fútil do envolvimento humano, o mais delicioso que acontece entre duas pessoas que se atraem fisicamente, eu quero com ela o sexo mais livre que eu conseguir. Eu quero com ela um momento daqueles que me inspiram linhas de uma putaria gostosa, e me fazem sorrir sozinha ao lembrar.
Ela é dessas danadinhas que as noites quentes me surpreendem ao longo da minha caminhada, dessas que eu já conheço bem, mas essa... Uma delicinha embrulhadinha em uma calcinha amarelinha e envolva em tatuagens, vamos misturar arte hoje - ao que tudo indica.
E posso falar?
Eu só quero, tá?
Era meia noite e pouco quando eu me encontrava em contato com o seu corpo, umas doses de whisky a mais na cabeça e pronto, lá estávamos encostadas uma na outra, coladas e à julgar por mim: também , molhadas. Como se nós duas não pudéssemos mais nos distanciar. Talvez não pudéssemos mesmo, tanto que rasgamos as horas que vieram praticamente sem nos desencostar. E que coisa gostosa de lembrar! Ela dançando cada uma daquelas músicas se dividindo entre dar um corte na água, me beijar os lábios e esfregar em mim o seu rabo. Tipo uma gata, saca?
E porra se ela me levanta o rabo, eu dou tapinha! Se ela me abre a boca e mostra língua quer beijo, quer buceta ou quer balinha.
"Você não faz ideia do quanto eu tô querendo te ver dançar, mas também tô louca pra você falar que quer ir embora!" - eu disse e ela riu uma risada de quem sabe que não vai escapar de trepar comigo hoje porque também quer o mesmo que eu. A paciência é uma virtude, mas o tesão me traz uma certa urgência.
Nem duas horas de uma madrugada realmente calorosa e nós estávamos nos contemplando nuas, dentro do quarto.
Esperava por isso? Sim.
Fiquei surpresa? Também.
Um pouco de beijo, um pouco de papo, mais um pouco de beijo, uma dose de Fireball, me beija com gosto de líbido e canela, e quando o beijo encaixa e molha é perigoso, delicioso e divertido.
Meus lábios beijavam os dela bem devagar, meus seios encostavam nos dela, minha mão na sua nunca entre seus cabelos, seu corpo moreno e morno, esquentava ainda mais minhas intenções.
Lambi seus seios como se eu nunca tivesse visto ao vivo um par tão bonito.
Ela quis dar pra mim de quatro, ela quis dar pra mim de lado, mas o que me pegou demais foi ela de cara pra parede, em pé, levantando o rabo pra mim,.com a minha mão em seu pescoço e aquele gemido abafado que só ela sabe dar.
"Mete em mim..." - ela pediu, eu obedeci, óbvio! Eu não sairia dali a menos que ela me pedisse pra sair.
Ela já estava ficando ofegante, cansada, eu também, mas quando eu olhei pra expressão no rosto dela.... Eu só pensava que eu queria mais. Eu não quero parar. Ela não imagina o tesão que eu tenho em mulher suada e mulher que eu faço suar.
Ela me dobrou na cama, me fez ser criativa, me fez não ter pena quando o tapa estalou em seu rosto e ela, por algum motivo, adorou isso e me sorriu depois, aquele sorrisinho de quem me obrigava a me manter firme dentro dela, calou meus dramas colocando minha face entre suas pernas. Nossos vazios foram preenchidos... No quarto.
Ela me pediu um orgasmo, uma dose de whisky, um trago do meu baseado e uma poesia que carregasse seu nome... Mas o último fiquei devendo porque eu não sou boa com poesias, minha rimas são tão vagabundas quanto nós.


domingo, 8 de setembro de 2024

no guardanapo 32

Eu só entendo
fluentemente
a linguagem do abraço apertado


sábado, 7 de setembro de 2024

diário de bordo #2

Está tudo bem comigo, eu acho, exceto pela minha vontade imensa de voltar, eu gosto de estar sempre por aí, navegando e navegando e às vezes à deriva, mas eu gosto ainda mais dessa mulher. Eu gosto da presença quase que angelical que é estar em terra firme e no mesmo ambiente que ela. É um turbilhão de sensação chegando em ondas dentro de mim. Quando ela me sorri é mais lindo que todos os outros mares mais calmos e límpidos do mundo. Juro.
Todos os dias eu sonho com a paz selada entre nós, uma pedra em cima de cada problema e bola pra frente, mas eu sempre acordo com ela distante... Fisicamente, mesmo. Só em meus poemas ruins eu a encontro. E nos meus sonhos. Sempre sou cuspida de volta à realidade com a mesma velocidade do sonho.
Às vezes enquanto eu tô inteiramente com ela, com meus dedos conectados, eu tenho vontade de olhar pra ela e dizer: "Vai! Me pede pra sair da tua vida agora, diz que me odeia, me manda embora!".
Quando eu tô trepando com ela juro, não é pelos olhos que ela chora, é onde me perco. Me afogo nas ondas do tesão, acreditando que lá estarão os sentimentos que eu procuro nela. Mas quando eu caio em mim, olhando pra nós duas depois de tudo, já secas, eu percebo que só acreditei estar mergulhando num imenso mar de dopamina, mas na verdade era só um pequeno aquário viscoso de algas, egoísmo e interesses particulares.
Alguns encontros são como pequenas ilhas de sossego em um mar revolto, onde atraco, me apaixono novamente, recarrego a bateria do amor, estendo minha toalha na areia e observo o Sol até ele se pôr. Sendo a mulher mais apaixonada por ela que eu posso ser. Há tanto tempo. Ancorando em seu cais e acordando com ela.
Pela manhã restam apenas os poemas e dedicatórias de um amor intenso, rabiscados no muro que sonhamos em derrubar um dia. Mas os muros sempre estiveram lá. Cansei disso, cansei dessa água morna, da situação como um todo.
Toda manhã eu me pergunto se eu ainda sou só "aquela ex" pra ela. Queria respostas ou então, que o barco afundasse de vez.


segunda-feira, 26 de agosto de 2024

eu ainda tenho coração

Há dias penso nela sem parar, depois do nosso último encontro. Às vezes penso que nunca mais vou conseguir sentir a mesma coisa quando eu a encontro, mas eu sempre sinto, basta meus olhos baterem de frente com os dela que me vem tudo de novo sempre, sempre, sempre. É como se o ar me fosse tirado por nanosegundos e a terra tremesse abaixo dos meus pés. Eu acho que é assim que soa a paixão, né? Ela queima meu peito. Uma sensação física estranha no corpo. Ela me faz tremer por inteira. Toda vez que a vejo.
Há dias, semanas, meses, anos, décadas me perco, como ela pode me olhar os olhos e falar que eu não sinto nada? Como ela pode falar por mim se eu vivo assim? Com ela dando pra mim na madrugada quase falando que me ama e antes da dez horas da manhã gritando "caralho, não dá mais pra mim!"?.
Às vezes penso que eu nunca mais quero olhar pra ela, até olhar pra ela de novo e jurar que eu poderia olhar pra ela todos os dias da minha vida. É cíclico. Eu só desgosto dela quando ela tá longe. Minha paixão é incansável. Eu gostaria de conseguir colocar em palavras a paz que eu sinto com ela ali, me olhando, e se aproximando de mim com sua pele quente, em encontro direto com a ponta dos meus dedos, que sempre buscam por ela. E eu sempre a recebendo com um beijo e um sorriso como se o meu choro estivesse bastante distante, mas eu sei que não está... esse é o ponto. Eu não sei se consigo achar que ela me ama, eu também não busco isso, mas machuca pensar que ela tem isso comigo e com várias pessoas porque eu particularmente não consigo ter essa mesma intensidade com qualquer pessoa. Eu acho que ela só gosta que eu goste dela, pra que ela possa sempre ter um sexo disposto e disponível, nunca se sabe. Eu não quero falar por ela também.
Enfim. Eu acho que o amor que não dá certo sempre encontra um jeitinho de estar sempre por perto. E eu sou viciada em deixar isso dar errado.
Sendo sincera aqui: a vida me embrulha mulheres tão interessantes e maravilhosas, a noite me escorrega pelos meus lábios muitas possibilidades deliciosas pela cidade. Eu me divirto mesmo sabendo que não era exatamente o que eu queria, porque só na cama dela eu encontro poesia. Às vezes também nem quero poesia, só gozar e ser feliz. E eu quero deixar claro aqui: quando outras mulheres me ganham, elas me ganham por inteira. Quando eu estou com qualquer uma delas, eu só não levo o coração pra cama, de resto estou sempre inteiramente ali... Sem dúvidas e nem arrependimentos.
Mas... Basta eu ficar alguns dias novamente em companhia comigo e com meus pensamentos que eu lembro que é preciso um pouco de coragem pra esquecer... E eu não tenho. Eu só tenho um sentimento, que eu tento sufocar inutilmente, que segue palpitando no peito, que entra em combustão, só um sentimento... Esse mesmo, que faz meus dedos escreverem em todos os lugares do meu corpo o seu nome e que não sabe o que é tempo. O que sempre me guia de volta a ela porque eu acho que tudo é um pouco entediante quando ela não está me decepcionando.


quinta-feira, 22 de agosto de 2024

no guardanapo 31

Você queria chegar e adentrar meu peito
Como quem chega em casa, eu sei
Mas... me desculpe, eu nunca fui uma boa anfitriã


depois de varar madrugada, esperando por nada...

Quase três da manhã e a mensagem totalmente inesperada pipocou na minha tela:
"Por que você nunca mais escreveu pra mim?" ✓✓
Porra. Eu não sei porque, mas penso em você todos os dias. Todos . Desde quando eu era uma piveta muito chata, que se achava bem adulta aos dezessete e fumava cigarros de maconha escondida na rua de trás da minha escola, desde esse tempo eu penso em você todos os dias, nada mudou totalmente e ao mesmo tempo nada está igual.
Eu ainda moro no mesmo lugar, sabe? Aquela rua do meu bairro ainda cheira a bolacha de baunilha, todas as vezes em que passo por lá eu penso em você, eu lembro dos baseados e das pontas dos seus dedos nas minhas mãos enquanto me ensinava à bolar. Eu aprendi agora, só.
Agora eu penso nas crianças hoje saindo da escola, tão crianças... e me assusto, será que ainda tem pivetes fumantes no meu esconderijo? Nunca saberemos.
Tem dias em que você vem fracionada pra mim ao longo do dia, em pequenas doses de saudades e por dois segundos penso que você é filha caçula, aquariana nata, inteligente, demora a vida pra responder uma mensagem porque passa muito tempo olhando o céu, frequenta saraus, ama física, lê sobre a teoria Gestalt, dormia com o sapato novo quando era criança porque não queria tirar, não dança bem, tem tatuagens engraçadas e tem um seio consideravelmente maior que o outro.
Em outros dias que penso de forma mais encorporada, mais solida. Me vem seus dedos e sua língua, me invadindo deliciosamente a memória, por completo. E penso nos toques hipersensíveis trocados em anos que viraram energia nuclear mega acumulada, segundo você.
Eu sou ainda hipersensível ao seu toque?
Um dia te dei um soneto bobo que te escrevi, atrás de um recibo que encontrei largado na sua cozinha, você leu, pregou ele na geladeira e me abraçou tão forte que eu senti todos meus átomos colidirem violentamente gerando o maior campo de força do universo no meu peito. Naquele dia eu achei que ia virar o maior buraco negro e sugar todo universo pra dentro do nosso abraço. Eu morei naquele momento. Ainda moro, às vezes.
Tem dias que penso no seu olhar que quando me olha causa um impacto de planetas dentro de mim e me rouba o ar todo, e no seu olhar vejo um sopro de felicidade que antecede algum acontecimento muito interessante e um pouco de cansaço.
Eu não sei porque não mais te escrevi, mas eu acho que pode ter a ver com a maioria dos dias em que eu penso em você. Naquele milésimo de segundo que cabe minha vida toda, minha saudade inteira, a vontade que eu tenho de que você esteja sempre em algum lugar aqui, dentro de mim.
Eu não esqueço do filme que marcamos de ver e nunca fomos porque a gente sempre preferiu outras coisas e ele acabou saindo de cartaz e eu nunca vi esse filme depois.
Você assistiu?
E lembra do bar que eu sempre quis te levar?
Fechou há anos, acredita?
Você disse, diversas vezes, que eu sou uma garota dos infernos. Hoje sou uma mulher dos infernos, escuto sempre e a sua voz ainda ecoa quando escuto.
Mas além disso, o depois não cabe mais em mim, não acomoda.
Você faz as coisas que quer fazer. E eu não costumo pensar nada sobre isso.
O tempo passou pra caralho pra nós, sabemos. Mas para que não se esqueça, aqui lhe escrevo dizendo que sim, eu penso em você todos os dias. Não te escrevi porque palavras nunca foram e acho que nunca serão suficientes.


terça-feira, 20 de agosto de 2024

a love supreme

Minhas mãos em seu quadril
Fixadas
Ela para e me encara
Só assim gosto dela me olhando por cima
Chutamos a timidez pra fora
Alexa, luz vermelha no quarto! - ela fala
E de repente a cor vermelha toma o quarto dela
Decora nossas peles
Brilha
Ela diz que sabe do que eu gosto
E do que eu gosto?
Melhor mostrar que dizer
O que um vinho não faz, hein?
"Eu tô apaixonada, caralho, eu tô apaixonada demais e demais..."
Ela é gostosa igual a intro de ashes to ashes do Bowie
Canta enquanto eu meto sem parar
E eu acho isso tão romântico
Vai deitar e rolar na minha playlist
E dizer que não teve a intenção
Não de marcar, pelo menos
Não de deixar um pedaço dela pulsando em mim
Mas deixa
E me deixa refém de sorriso,
dos calafrios, das doçuras e prazer
E principalmente, da saudade.


segunda-feira, 19 de agosto de 2024

no guardanapo 30

Antes, longas e deliciosas conversas, você me ouvia e me via sem pressa
Agora, você me perde nas horas do seu dia
e acelera meus áudios no whatsapp


quinta-feira, 15 de agosto de 2024

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

tô precisando de mim, perdi o contato

Gosto de curiosidades aleatórias. Sempre fui de me apegar aos porquês, ao questionamento, de entender como tudo que é alvo da minha curiosidade funciona.
Estive pensando, agora pouco, enquanto passava em frente à farmácia do centro que fechou recentemente: e se eu fosse capaz de juntar todos os comprimidos, as cápsulas, as drágeas que eu já tomei nessa vida pra parar de ficar triste, qual seria a quantidade que eu conseguiria juntar?
Não gosto de coisas sem respostas, então pensei bem, pensei, pensei e bom, vamos lá, hoje são dois ao dia, mas já teve um tempo onde eram sei lá, oito. Tiveram alguns dias onde eu esqueci, desisti, fugi ou simplesmente não quis. E teve dias que eu só acendia um baseado e torcia pra isso passar. Teve uma única vez, aos vinte e três, que eu tomei vários de uma vez e acho que essa não vai contar porque eu vomitei tudo depois.
Assim que cheguei em casa, corri peguei lápis e papel, abri a calculadora... acho que tomei aproximadamente 6.840 cápsulas, comprimidos e drágeas. 
Arrendondei vai, 7.000.
Me espantei porque porra, sete mil vezes eu engoli isso numa esperança de não ser mais triste, olhando bem é uma porrada de tristeza pra engolir. Um monte de tristeza, saudade, frustrações desmotivadas, ou sei lá o quê pra fazer sumir, né?
Mas aí... Ainda tomada por uma curiosidade quase infantil, pensei: E se eu pudesse empilhar essas pequenas doses de felicidade artificial e suposta vontade de viver qual a altura que isso alcançaria?
Ri por um momento, quem mais pensaria nisso, senão eu? Lembra que eu falei que sou tomada por uma curiosidade que é muito singular, né?
Mas é sério... quantos quilômetros têm a minha maluquice?
Setenta metros. É sério.
Por cima, assim. Setenta metros.
Será? Bom, pelo menos é o que a minha calculadora e conta maluca chegou.
Ri e pensei que setenta metros é um prédio de aproximadamente vinte e quatro andares, cara. Não é possível!
Mas olhando no mapa online isso não chega a ser do início até o final da minha rua, ou da portaria do meu prédio até a praça na rua de cima. Ué.
Fiquei mais impressionada pelo fato de ser tão curto e ao mesmo tempo tão alto que sequer refleti que caralho: eu tenho setenta metros de espectro e cabeça maluca.
Misericórrrrdia.
Quando eu falo misericórrrrdia eu lembro que preciso parar de imitar o sotaque das pessoas que eu eventualmente conheço por aí.
Enfim. Vinte e quatro andares, gente.
Será que o prédio onde fica a sala do Doutor Álvaro tem mais de vinte e quatro andares?
Por ora, eu não me lembro, mas lembro que o consultório dele fica no décimo segundo andar, que é metade de vinte e quatro, então a subida e descida do elevador são setenta metros de viagem? Setenta metros de ida e volta, subindo e depois descendo, só pra pegar o papel que me prescreveu: tomar sete mil vezes na vida pra tentar ficar menos triste.
Que loucura.

Doutor Álvaro,
eu sinto muito, mas esse tanto de comprimido, drágea e cápsula não deu muito jeito, sabe?

E se eu tomar em gotas?


terça-feira, 13 de agosto de 2024

eu vi glitter onde não tinha, você viu glitter me achou bagunceira

Você me inquieta.
Sempre foi assim.
Desde a primeira vez que eu te vi, sempre notei esse potencial de me fazer parar mesmo, de me fazer te olhar como se você fosse a única coisa existente no planeta naquele milésimo de segundo. Você me inquieta desde o primeiro contato, literalmente, tô nem brincando. Você tem esse potencial de ser a única pessoa no mundo capaz de fazer eu esquecer de tudo enquanto você fica lá, pairando na minha cabeça igual o slogan do DVD. Lembra?
Às vezes era tão bom sentir tudo isso nascendo e vigorando dentro do meu peito. Você nasceu com isso de me gerar amor, incômodo, tanto faz... Eu já nem tenho palavras, também não sei porque insisto em escrever sobre isso se eu sequer quero que você leia. Acho que escrevo pra me livrar de sentir, porque eu só tenho isso... só tenho sentimentos, agora. Só essa vontade imensa de te deixar num canto onde eu nunca mais te encontre, eu adoraria poder fugir dos sentimento que você retém, só queimar nas minhas linhas (ou das minhas linhas) tudo isso que você me faz ser refém.
Eu já te conheço exatamente metade da minha vida, agora. O que isso quer dizer? Nada. Que eu perdi anos nisso. Olho no espelho e tenho alguns fios de cabelo brancos, você também, embora charmosa, esse negócio que chamamos de amor já dura mais tempo que a melanina dos nossos cabelos. Mas ainda assim são anos esperando sempre uma nova tempestade chegando nos teus olhos castanhos, tretas e transas intensas, você escorregou dos teus lábios palavras terríveis de ouvir, e eu acho estranho que eu ainda tenha algum afeto para te oferecer. Estranho que eu saiba que você usa comigo uma máscara de boa menina, enquanto escuto de amigos (mais seus do que meus) sobre o quanto você é capaz de ser filha da puta comigo. Foda-se, né?
Não te culpo.
Eu faria (talvez até faça mas você não saiba) pior do que você imagina.
Você é filha da puta.
E eu sou igual.
E tudo bem.
Não vou te colocar dentro da minha caixinha da moral. Mas também não posso dar moral pro que me rasga o peito.
E é justamente por isso que seguimos com isso. Mascarando as cicatrizes e dançando sobre a imagem distorcida e utópica do que sentimentos.
Você não é legal. Você não é uma boa pessoa mesmo, queria que você soubesse que eu sempre soube disso. Isso, na verdade, é o que todo mundo que conhecemos diz, que você não vale porra nenhuma. Mas eu gosto de um malfeito, lembra? Penso em você mais uma vez, não sei se em Caetano ou em Tom Zé, o tempo passou demais e eu nunca mais ouvi nada de novo sobre você.
E por mais estranho que isso possa parecer: você me causa um pouco de saudade, no entanto.


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

do teu abraço não quero largar

você
você
você e tuas mãos
teu corpo
teu cheiro gostoso de amor amanhecido
e tua cara de quem acordou agora
com os olhos de uma oncinha
Prestes à dar o bote
mergulha no meu peito, diz que não se afoga
Porque, segundo você eu sou inofensiva
mesmo que depois você me chame de indomável
Sigo morando na tua voz que me canta (e como me encanta!)
você
você
você e teu jeito de me sorrir discretamente
de me buscar com os olhos pelo ambiente
conversar comigo nesse teu olhar fádico
você e os mistérios
teus assuntos 
a sua calmaria em meio ao meus furacões
E teu jeito de me romper os meus silêncios, terríveis silêncios
você que me roubou pra ti
você
você
você segue sendo farol, eu sigo à deriva (e ainda marujo perdido, sem juízo)


domingo, 11 de agosto de 2024

no guardanapo 29

Que delícia era a paz silenciosa do tempo dos diálogos!
Veja, ex amor.
Agora vivo o barulho da saudade
E a agonia de um pacto de silêncio implacável


sábado, 10 de agosto de 2024

untold sessions #5: o meu lugar no pódio é um tédio

Você sabe que eu não gosto de você?
Eu odeio quando você me encontra perfumada e me deixa um dia inteiro com seu cheiro, me obrigando a trocar de roupa se eu quiser te esquecer.
Eu detesto que você seja simpática e encantadora, linda, que ganha a atenção de todo mundo por onde passa. Porque você é pura atração.
Como toda boa leonina você é linda, filha da puta e pau no cu! Dona de uma razão que é só sua. Insuportável, egoica. Cheia de achismos babaquinhas. E eu odeio isso em você, mas me divirto e dou corda pra tudo isso.
Mas tá bom... abre esse vinho branco, linda, que hoje eu não quero ouvir você falar de política, do espaço, moda, música ou física, eu só quero ouvir as coisas mais sujas que você vai fazer comigo mais tarde, depois dessa garrafa.
Suas camisas estampadas e coloridas são cafonas, saca? Me incomodam um tanto, então por favor: tira a roupa toda e me envolve num abraço pele com pele, seios com seios, então? Tira logo minha roupa também. Me despe esse ódio da gente se querer tanto. Me derruba do pódio, do pedestal e beija meu corpo inteiro e quando terminar, por favor: comece de novo.
Eu odeio sua playlist de sexo, a minha é infinitamente melhor! Mas a sua enche o quarto com meus gemidos e nossa respiração ofegante, e olha linda, eu tenho uma intensa falta de ar recorrente, mas você não me causa medo quando me rouba o ar.
Nós dividimos a mesma energia, a gente existe na mesma temperatura, na mesma frequência, na mesma vibração, na mesma sintonia, tudo de mais gostoso. E não é curioso que estejamos existindo nessa galáxia, planeta, pais, nessa cama agora, ao mesmo tempo?
Mas eu posso assumir que eu gosto da sua língua nas minhas coxas? Preciso assumir que gosto da sua disposição. Sua barriga na minha lombar enquanto suas mãos fazem um passeio incrível por mim inteira. Inteirinha. Você me devora.
Eu queria dormir, mas você ronca engraçado quando está cansada. Eu sempre te acordo, e você me enrosca numa conchinha quente, você com esse revanchismo otário me acorda, também, no meio da noite dizendo que sou maravilhosa. E aí em dois segundos eu já te boto pra dentro de mim, de novo, de novo, de novo... Uma ocasião especial e deliciosa.
Você só me come pra contar pros seus amigos que eu dou gostoso, pode falar rs
Você só diz que sou maravilhosa no meio da noite, depois de me comer. Já reparou nisso?
Eu não consigo sentir porra nenhuma por você, mas a gente trepa tão gostoso que eu queria sentir.




sexta-feira, 9 de agosto de 2024

sereia do mar de lençóis

O silêncio da vizinhança dela convivia cordialmente com nossos sussurros madrugadeiros. Nós não escutávamos nada lá fora, ninguém nos escutava aqui dentro. Nem mesmo quando eu engasgava com a fumaça do baseado. Nem mesmo quando ela ria alto por qualquer que fosse o motivo. E a gente? A gente se completou dentro daquele quarto.
A entrega com ela é recíproca, é intensa, é verdadeira. Ela é uma companhia deliciosa, desafiadora, inteligente, gostosinha mesmo e tudo que acontece entre a gente é sempre motivo dos meus mais fervorosos pensamentos, da minha mais calorosa saudade. Ela nunca decepciona, nada compromete meu tesão por essa mulher.
A noite começou mesmo umas horas antes, dividimos duas ou três garrafas de vinho tinto, dois ou três baseados e eu já automaticamente sinto uma sensação térmica perfeita e deliciosa pra ficar sem roupa. Ela perde a fala quando me vê nua. Eu gosto disso. Propositalmente busco esse contato, eu não posso negar que gosto da sensação de observar essa mulher descobrindo que eu fico muito molhada depois do beijo, por exemplo. Ou redescobrindo minha capacidade de lamber ela inteira, se ela me permitir.
Mas lá estava eu... Totalmente nua, enquanto ela, também nua, lambia meus seios sem muita direção, brincava com meus piercings, diversão dela é essa, sei lá.
"Gata entra em mim, por favor entra em mim!" - era isso que eu pensava fixamente.
Eu faço aquela cara de cachorro chutado e ela entende tudo. Me bota de quatro, de lado, vem por cima, ela entende tudo mesmo. Me vira do avesso e tira o que quiser de mim.
Eu vou à loucura com a reciprocidade da nudez. Os seios dela nos meus, enquanto meus dedos caminham por entre suas coxas, virilha... eu acho uma delícia quando eu entro nela, uma vez, outra vez, da terceira colocou um pouco de força... ela me soltou aquela respiração quente e ofegante e quando eu sinto que ela está molhada, é o que há de mais gostoso nisso tudo, o prazer nos encontra em qualquer lugar... como eu gosto. É assim que me sinto convidada a devorar aquela mulher por inteira. Às vezes caio em mim e penso na sorte que eu tenho em tê-la, por alguns momentos. Ali. Ela é uma delícia.
E vou falar: a loucura quebra as taças, rasga as mordaças, nos faz dar espaço pro sentimento tomar conta dos nossos corpos. A gente brinca com fogo e se queima toda vez. Tudo entre nós sempre acaba em uma infinidade de assuntos, vinho, buceta e nudez.
Ela tem uma parada de rebolar enquanto eu meto que me deixa fora de mim, ela é má quando me dá, ela é objetiva e cheia de energia isso me faz querer beijar os lábios dela em cada minutinho livre que temos juntas, transar com ela em toda oportunidade que nós temos, eu sou maluca e muy enamorada dessa mulher e eu sinto que poderia flertar com cada pedacinho de vida pulsante que há nela e sempre me apaixonar de novo, de novo e de novo...


domingo, 4 de agosto de 2024

a história vai pra sempre ser lembrada, seja como um amor ou seja um trauma, seja pelo fogo ou pela calma, seja pela dor ou pela falta

2h32.
A ansiedade me encontrou antes mesmo que o Sol pudesse botar as caras no Brasil e transformar essa noite em uma manhã fria e desanimada de uma segunda pós um final de semana mágico, regado a tudo que não presta, ao lado dela, vivenciando inteiramente momentos de intensidade ímpar... Eu não sei não... Um final de semana perfeito demais, por isso o meu pé atrás diz que daqui a pouco a claridade chega com uma vibe de segunda feira pra estragar e roubar o brilho dos últimos dias. Eu me protejo do que ainda não veio, do que às vezes nem sequer virá e é isso que é foda. Eu me antecipo porque eu a conheço bem até demais. Eu sei do potencial dela em qualquer quesito. Ela exerce a plenitude do seu livre arbítrio e eu eu sei disso. Sei que ela pode me fazer morrer de amores, sei que ela pode me matar de raiva.
Enfim.
Eu não conseguia dormir.
Eu também não conseguia ficar parada ou quieta, nada. Quis fugir daqui tão rápido quanto o Taz Mania dos desenhos animados que eu via, derrubar paredes, portas, atravessar montanhas... tudo. Quis sair daqui tão rápido que meu cérebro sequer teria tempo de registrar a ação. Quis estar em casa, nas minhas tardes sozinha, ignorando o resto do mundo, ouvindo lo-fi na máxima nos meus fones brancos, mas eu estava lá... Ao lado dela, numa cama macia, num clima muitíssimo quente entre a gente.
Ela... Ela... Ela... Ela. A mesma mulher de sempre. Ela. Eu estava mesmo ao lado daquela que ainda é meu maior amor veranil, que superou cada uma das estações que vieram.
Sei que pequei pelo excesso e agora estou aqui, semi bêbada, naquela rebordosa de final de rolê contestando minha existência e até a sanidade.
Caminhei um pouco pelo extenso apartamento branco e me senti um pássaro raro preso, atado e dentro uma gaiola inteira feita de ouro, confortável, não muito aconchegante, mas farta.. Mas eu não quero me permitir me sentir pertencente.
Busquei por ar puro e salvação, em vão. Eu ainda estava ali, cem porcento ali. Posturada, com a mente a milhão, mas ainda ali. Desaprendi a fugir e acho que de fato: agora sou um pássaro e não mais peixe, não mais rato. Eu perdi um pouco da minha perspicácia, eu acho.
Quando voltei pro quarto, ela nem sequer tinha se mexido, observei-a dormir por um momento. Pensei que gosto de vê-la dormir. Acho que sinto inveja porque ela dorme.
As curvas do corpo dela embaixo do lençol branco me soaram perfeitas, deliciosas, me fazem entender porque eu fico. Quis acordar aquela mulher pra falar que eu a amo, pra trepar, pra fumar um baseado, pra tomar só mais uma tacinha de vinho, pra dizer que eu vou embora, sei lá...
Eu só escrevo para que ela não se esqueça de mim, acho. Para que ela nunca se esqueça que eu ainda a amo, apesar da velocidade e do assombro do passar desses anos todos.
Ah, sei lá. Eu não sei qual é o contexto desse texto e tudo bem, tudo bem eu acho... E de qualquer forma, eu já vomitei sobre ela todas as palavras arrogantes de amor do meu repertório todo. Eu já nem tenho mais o que falar pra ela.
Acho que tenho medo depois de tudo, depois de tanto... Acho que escrevo para que nós nunca nos tornemos duas estranhas.


terça-feira, 30 de julho de 2024

untold sessions #4 - não preciso dizer a quem se refere

não, minha joia, eu não te quero!

o tesão está justamente aí: em não te pertencer nunca mais
Mas sempre vou ser a sua melhor ex, tá?
Depois que terminamos, eu nunca mais te quis, entende?
Eu só quis entrar em você

F e r v o r o s a m e n t e

Só quis e, ainda quero, minha mão no teu pescoço
E satisfazer todas as suas vontades
Ou quase todas
Por mais estranhas que elas sejam

Eu nunca te quis
E também não quero que você me queira
Eu só quero escrever sobre a vagabunda que eu posso ser com você
E te fazer chegar cada vez num orgasmo mais alto
até seu corpo ter espasmos involuntários
E eu te botar sentada nas minhas coxas, na cama
Você gosta, linda? Eu sei que sim
e não sou eu quem diz:
nada mais claro que o seu corpo implorando por mais um pouco

S a b o r o s a


Eu te conheço
Você me conhece
Não esqueço teus lábios me provocando aquele dia de verão no rock club, sabia?
Sua semi nudez
E você colada em mim
Nossa embriaguez que me fez ter vontade de te lamber a cara
e te foder sem dó naquele banheiro imundo mesmo
ou te beijar a boca enquanto
apenas desejava mais uma dose de whisky e mijar, na fila do banheiro

Bêbada e sem educação, eu cuspi o chiclete no chão, com seu olhar na minha direção eu praticamente ouvi você me dizer
"bem poderia me cuspir a cara"
Aquilo não foi uma provocação, foi somente minha má educação
Mas é esse o seu gran finale, né?

Então vamos trepar mil vezes até eu te dar o que você quer?

Meu fetiche é me fazer de sonsa, acho

Mas meu problema não são suas vontades estranhas
E sim suas coxas quentes e amorenadas, seu delineado, seu dente prateado e sua vontade de me roubar a paz, teu rabo encostando em mim em toda oportunidade que tem
E seu jeitinho de me comer com intensidade ímpar
Cheio de interesses instintivos

Quando eu tomo ácido, eu juro que toca seu gemido na rádio
Me pedindo mansinha pra ir "um pouco mais devagar, agora"
mesmo quando eu quero empurrar em você até meu braço cair

Eu sempre te obedeço!

E por mais louco que isso seja
O tesão em te comer de ladinho nunca me deixa em paz.

Linda, lamento em te dizer, mas
acho que você não deveria me procurar.

Porque as memórias celulares me fazem acreditar que agora minha buceta tem o cheiro da sua saliva, da sua boca quando toma vinho.
Que louco, não?
A memória celular é a alma da tua presença espectral em meu corpo.
(?)

E sim, ainda vou te cuspir a cara.



escrevi te amo, te odeio, me esquece, volta comigo...

Vou te ligar agora e dizer que ainda dói. Que eu ainda sinto saudades.
Que eu sinto muito, muito, muito...
E se você não me atender, eu deixo um recado na sua caixa postal dizendo que eu já não sinto porra nenhuma, que não entendo, que nunca serei capaz de entender. Mas aí eu acho que vou me arrepender logo em seguida e te deixar outra mensagem na caixa postal pra dizer que eu te amo, ainda.
E aí... se você não me responder, eu vou jurar que não é que eu não te gosto, é que eu te odeio mesmo, pra caralho. Dizer que a minha vida está diferente. Dizer que eu quero que se foda se a sua está melhor. Dizer que você é assim mesmo, mesmo sabendo que sou eu quem nunca tive a melhor índole, mas eu vou dizer que eu sempre soube que você nunca vai mudar. Dizer que eu esperava um pouco mais do seu caráter. Dizer que eu lamento sobre isso e sobre tudo mais. Dizer que eu me senti enganada.
Mas se você responder e me perguntar como eu estou, direi que estou ótima. Que eu tô paz, como sempre estive. Inclusive, estou mais paz do que nunca e isso é verdade mesmo. Vou te dizer que eu estou mais bonita. Que eu ainda não pensei sobre escrever um livro. Que eu jogo tênis toda semana. Que eu não me arrependi de nenhuma tatuagem. Que eu ainda vou a uns dez casamentos por mês e juro que cada casal é o mais bonito que eu já vi. Que ainda durmo até o meio dia, que ainda tomo café com leite todos os dias. Que ainda fumo maconha, que não cheiro mais cocaína e que ainda escrevo várias linhas sobre mulheres que eu me envolvo, ou quase. Mas não contarei sobre as linhas que escrevi sobre você.
O que você diria?
Que eu não deveria?
Eu sei que você conheceu alguém, e blá blá blá. Aliás, foda-se ela.
Se você me perguntar sobre nós, eu vou dizer que hora ou outra, eu ainda penso em você e que eu faço de tudo para não pensar. Eu juro.
E cá entre nós: eu não quero te esquecer, mas sei que preciso. E vou. E um dia EU SEI que você será só um ponto pequeníssimo na minha história. Eu sonho com o dia em que você será um tanto faz, e você será... De uma forma ou de outra.
Mas agora... Eu só queria falar com você, te dizer que ainda dói, que eu sinto saudades, que eu sinto muito...
Mas não digo.
Porque eu sei que no fundo, nós duas chegamos naquele estágio do fim em que as palavras já não significam mais nada.



domingo, 28 de julho de 2024

eu gosto tanto dela ao ponto de querer tá perto e pronto

Ai, linda...
O que eu vou falar pra você?
Eu gosto da sua cara de vontade escancarada
Do teu beijo gostoso e muito, muito, muito calmo

Eu gosto de você falando comigo fora do horário comercial
E preenchendo minha cozinha com a sua voz por alguns minutos
Naqueles áudios contando sobre seu dia normal
E me perguntando sobre tudo

Você é festa pro meu coração vazio
Você dança, agora, numa pista só sua
Linda, como você pode ser assim tão linda?
Calma e tranquilidade pro meu sentimento arredio

Que seja o amor a nossa maior e mais deliciosa descoberta
Breve, breve, juntas
Porque assim existimos e insistimos

Você, abismo
Me jogo, me visto de amor
Em seu abraço, eu caio e fico
Aconchegada e comprimida


sábado, 20 de julho de 2024

cotidiano #3

Aparentemente tivemos a mesma ideia, ao mesmo tempo: olho no olho e boca na boca.
Nos beijamos como se fosse a única chance, o momento certo, a oportunidade ideal.
Ela é um impulso gostoso pra mim, uma loucura que dá e ferve no corpo, um frio na barriga, um rubro no rosto. Ela é o sabor que o amor tem, o perfume da felicidade. Um beijo que fez parecer que nada ao redor importava muito. Ela me preenche de uma forma gostosa, especial. O corpo dela embola dentro do meu abraço e eu quero ficar agarrada assim... o tempo todo até a gente cansar. As voltas do cabelo dela na minha mão preenchem o vão entre meus dedos e os meus dedos, em recompensa, preenchem o vão entre suas pernas. Sou obrigada a aceitar que a gente se completa.
Nosso amor nasceu bem escondido entre frestas, mas agora está estampado no meu olhar, eu não conseguiria mentir. Como fingir naturalidade depois que nós descobrimos que nossos corpos encaixam? Nossa vibe é muito única.
Não há nada sobre ela que eu não queira saber mais, não há nada nela que não me encante.
Ela é incrível da cabeça aos pés.
Que beijo gostoso do caralho!



quarta-feira, 17 de julho de 2024

meu tempo é fração, meu coração sorveteria

Ela me pediu pra ficar no último segundo. No último mesmo... Eu já estava partindo daqui carregando uma maleta pesada cheia de rancor e mágoas. Os olhos dela estavam marejados, pude ver. Castanhos e vermelhos, os mesmos que ainda me arrebatam. Os mesmos que viram quando eu meto lento. Os mesmos que fecham o tempo.
O que é que há de errado? Eu gosto dessa mulher. É o meu coração partido que complica? Qual é o problema? Eu nunca sei.
A cidade lá fora é fria, e úmida... mas ainda pulsa. Desrespeitando meu sentimento, ela aqui dentro, fria também, me insulta. Ela quer que eu fique pra que nós possamos continuar essa briga até uma de nós voltar atrás e se colocar na posição de culpa, ela gosta de esticar o chiclete.
O que acontece com essa mulher, qual foi? Porque me parece que há duas dela, uma que me entrega seu tempo e seu corpo jurando que é só minha e a outra que perde a linha enquanto tenta se adequar comigo dentro de um silêncio desconfortável e pesado.
Eu não sei o que ela quer eu diga além de tudo que já foi dito. Eu não sei. Eu não sei mesmo. Eu não quero preencher silêncios, nem tempos... Eu não quero - também - passar o resto da minha vida tentando provar pra ela que ela vê coisa onde não tem, que ela imagina além do que há e eu nunca vou cansar de culpar ela mesma pelo nosso declínio. Eu só queria beijar sua boca até sumir seu batom e não borrar seu rímel em quase toda ocasião.
Eu só vivo aqui.
Eu só vivo agora.
Eu só tenho essa fração de segundo. Eu não sei o que virá depois disso.
E agora tudo que eu penso é que eu preciso me livrar dessa bagunça mesmo que nós a tenhamos criado juntas. Sair do olho do furacão, buscar um abrigo seguro. Longe. É por isso a fuga. É foda ter que se defender de tudo, mesmo que ela aponte verdades, mesmo que não.
Sempre que eu vou embora, eu sei que não importa como tenhamos acabado, eu volto no próximo sinal de calmaria desse mar pra me enfiar de novo nesse ciclo tóxico, no meio dessas pernas bonitas, pra fazer o óbvio, o recorrente. Eu volto pra morar no sorriso dela por uma fração de segundos.
Ela diz que eu sou perigosa.
Que se envolver comigo é perigoso.
Eu acho que se envolver com ela é gostoso até a página dois.
Ela pensa que eu sou fria e filha da puta, eu penso que ela é maluca e perturbada, bem mais do que eu jamais poderia ser. Pouco importa.
E a gente vai pensando o que quiser uma da outra...
Mas, honestamente, quando eu paro pra analisar a situação de forma mais fria, numa análise pessoal minha eu vejo que ela nunca foi mesmo bondosa comigo e acho que talvez por isso me garantiu tantas linhas.


terça-feira, 16 de julho de 2024

no guardanapo 28

Uma garrafa de vinho sempre me coloca no seu caminho.



terça-feira, 9 de julho de 2024

você me enlouquece, você me esquece... mas você não me engana!

Ela cochilou no meu abraço. Um sono leve, calmo, distante de qualquer sentimento negativo. Nós duas nuas na cama, ainda suadas, pareceu que de alguma forma eu nunca vou me livrar disso, eu não quis me mexer por alguns minutos enquanto observava ela quase embalando num sono profundo. O tempo cinza e gelado que entrava pela brecha da janela e invadia o quarto não me convidava pra sair debaixo daquele edredom por pelo menos essa noite e um pedacinho do dia também. Eu me senti parte da cena como um todo pela primeira vez. Da cama, do quarto, do apartamento, dela. Tudo. Infelizmente nós duas combinamos uma com a outra, ficamos lindas como um casal e por mais que eu viva dizendo que minha perna não treme com as de sangue azul, lá estava eu... Praticamente um casal com ela. Enlaçada numa paixão conveniente, quente, envolvente.
Eu gosto dessa mulher. Eu gosto mesmo dessa mulher. Muito. Pra caralho. Eu gosto dessa mulher desde sempre. Há anos vivendo uma paixão fervorosa sem compromisso algum, e eu honestamente não sei porque a gente nunca quis dar muito certo mas, eu gosto tanto dessa mulher que quando eu me vejo assim, com ela, um silêncio total e confortável, ela grudada em mim, no ápice da nossa intimidade... Eu sinto vontade de chorar, eu queria que nossas horas juntas fossem diárias, fossem comuns, que nosso tempo em paz fosse esmagadoramente maior que os tempos de guerra. O orgasmo traz essa bandeira pra cama pras nossas vidas, mesmo que temporário.
Sempre que eu olho pra ela e eu penso que eu sou maluca por ela, às vezes acredito que eu poderia viver somente na vida dela e seria feliz assim, exatamente assim... Com ela.
Ela, ela, ela, ela, ela, ela, ela, ela, ela, ela, ela, ela... Sempre ela. Sempre a mesma bicuíra filha da puta. Sempre, sempre.
Sei lá. Eu não sou muito boa pra entender sentimento então eu inventei que sou maluca por ela, acho. Penso assim e me conformo que existem coisas que ficam melhores quando são somente uma ideia do que na prática em si. Acho que é por isso que estamos aqui agora, fingindo uma relação pra esconder o desejo escancarado pela casualidade e o medo dessa paixão bem louca ser consumida pela obsolescência. Ela trepa comigo pensando em não cair no esquecimento, eu trepo com ela sonhando em paralisar aquele momento. Escrevo pra eternizar essa mulher em algum lugar que seja só meu, por isso ela fica escancarada em várias linhas minhas. Acho que no fundo, no fundo.... Eu não quero esquecê-la.
Enfim.
Nem a claridade da tela do meu celular interrompeu o quase sono dela. Será que é assim que soa a paz? O silêncio é barulhento pra mim, mas o barulho da respiração dela ficando mais pesada por causa do sono, me distraiu.
Meu braço começou a formigar e eu me mexi, em resposta ela liberou o espaço do meu braço e se aninhou em mim na cama, o melhor côncavo e convexo. Meu cérebro produziu tanta maluquice ao mesmo tempo só com esse contato que eu não sei exatamente se eu conseguiria, naquele momento, entender qualquer pensamento. Aquele momento me prendeu a atenção, como pode? Se me misturar com ela dá uma briga boa, mas dá uma foda boa também. Muito sentimento envolvido.
Eu sigo vivendo a vida, mas encontrando aquela mulher sempre que posso, beijando seus lábios na calmaria das tardes de segunda até às loucas sextas à noite dando pra ela um  passe ilimitado pro meu mundo, pra invadir meus sonhos, pra corromper meus desejos, dei pra ela a chave da minha cabeça e ela mora lá há muito tempo.
E não há motivo além de uma sincera paixão que me faça ser aberta dessa forma. Ser receptiva. Eu demoro mais que o normal pra aceitar novas pessoas, pra fazer novas amizades, não sei.
Eu sou maluca por ela, repito. Se ela me procura, me pede, eu como. Eu vou fazer o quê? Eu meto com raiva, simulo o sentimento, simples assim, foda-se se depois eu me considero como um fantoche apaixonada ou dominada 100% pela obsessão em tê-la nua, por me observar pintando em seu corpo com meus dedos como se ela fosse uma tela crua.
Eu já estou aqui, né?
Eu já tirei minhas roupas, não foi?
Eu não quero complicar nada.
A culpa é sempre de quem convém e por esse motivo - só por hoje - eu me sinto livre pra não sentir.