Há dias penso nela sem parar, depois do nosso último encontro. Às vezes penso que nunca mais vou conseguir sentir a mesma coisa quando eu a encontro, mas eu sempre sinto, basta meus olhos baterem de frente com os dela que me vem tudo de novo sempre, sempre, sempre. É como se o ar me fosse tirado por nanosegundos e a terra tremesse abaixo dos meus pés. Eu acho que é assim que soa a paixão, né? Ela queima meu peito. Uma sensação física estranha no corpo. Ela me faz tremer por inteira. Toda vez que a vejo.
Há dias, semanas, meses, anos, décadas me perco, como ela pode me olhar os olhos e falar que eu não sinto nada? Como ela pode falar por mim se eu vivo assim? Com ela dando pra mim na madrugada quase falando que me ama e antes da dez horas da manhã gritando "caralho, não dá mais pra mim!"?.
Às vezes penso que eu nunca mais quero olhar pra ela, até olhar pra ela de novo e jurar que eu poderia olhar pra ela todos os dias da minha vida. É cíclico. Eu só desgosto dela quando ela tá longe. Minha paixão é incansável. Eu gostaria de conseguir colocar em palavras a paz que eu sinto com ela ali, me olhando, e se aproximando de mim com sua pele quente, em encontro direto com a ponta dos meus dedos, que sempre buscam por ela. E eu sempre a recebendo com um beijo e um sorriso como se o meu choro estivesse bastante distante, mas eu sei que não está... esse é o ponto. Eu não sei se consigo achar que ela me ama, eu também não busco isso, mas machuca pensar que ela tem isso comigo e com várias pessoas porque eu particularmente não consigo ter essa mesma intensidade com qualquer pessoa. Eu acho que ela só gosta que eu goste dela, pra que ela possa sempre ter um sexo disposto e disponível, nunca se sabe. Eu não quero falar por ela também.
Enfim. Eu acho que o amor que não dá certo sempre encontra um jeitinho de estar sempre por perto. E eu sou viciada em deixar isso dar errado.
Sendo sincera aqui: a vida me embrulha mulheres tão interessantes e maravilhosas, a noite me escorrega pelos meus lábios muitas possibilidades deliciosas pela cidade. Eu me divirto mesmo sabendo que não era exatamente o que eu queria, porque só na cama dela eu encontro poesia. Às vezes também nem quero poesia, só gozar e ser feliz. E eu quero deixar claro aqui: quando outras mulheres me ganham, elas me ganham por inteira. Quando eu estou com qualquer uma delas, eu só não levo o coração pra cama, de resto estou sempre inteiramente ali... Sem dúvidas e nem arrependimentos.
Mas... Basta eu ficar alguns dias novamente em companhia comigo e com meus pensamentos que eu lembro que é preciso um pouco de coragem pra esquecer... E eu não tenho. Eu só tenho um sentimento, que eu tento sufocar inutilmente, que segue palpitando no peito, que entra em combustão, só um sentimento... Esse mesmo, que faz meus dedos escreverem em todos os lugares do meu corpo o seu nome e que não sabe o que é tempo. O que sempre me guia de volta a ela porque eu acho que tudo é um pouco entediante quando ela não está me decepcionando.
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
eu ainda tenho coração
quinta-feira, 22 de agosto de 2024
no guardanapo 31
depois de varar madrugada, esperando por nada...
Quase três da manhã e a mensagem totalmente inesperada pipocou na minha tela:
"Por que você nunca mais escreveu pra mim?" ✓✓
Porra. Eu não sei porque, mas penso em você todos os dias. Todos . Desde quando eu era uma piveta muito chata, que se achava bem adulta aos dezessete e fumava cigarros de maconha escondida na rua de trás da minha escola, desde esse tempo eu penso em você todos os dias, nada mudou totalmente e ao mesmo tempo nada está igual.
Eu ainda moro no mesmo lugar, sabe? Aquela rua do meu bairro ainda cheira a bolacha de baunilha, todas as vezes em que passo por lá eu penso em você, eu lembro dos baseados e das pontas dos seus dedos nas minhas mãos enquanto me ensinava à bolar. Eu aprendi agora, só.
Agora eu penso nas crianças hoje saindo da escola, tão crianças... e me assusto, será que ainda tem pivetes fumantes no meu esconderijo? Nunca saberemos.
Tem dias em que você vem fracionada pra mim ao longo do dia, em pequenas doses de saudades e por dois segundos penso que você é filha caçula, aquariana nata, inteligente, demora a vida pra responder uma mensagem porque passa muito tempo olhando o céu, frequenta saraus, ama física, lê sobre a teoria Gestalt, dormia com o sapato novo quando era criança porque não queria tirar, não dança bem, tem tatuagens engraçadas e tem um seio consideravelmente maior que o outro.
Em outros dias que penso de forma mais encorporada, mais solida. Me vem seus dedos e sua língua, me invadindo deliciosamente a memória, por completo. E penso nos toques hipersensíveis trocados em anos que viraram energia nuclear mega acumulada, segundo você.
Eu sou ainda hipersensível ao seu toque?
Um dia te dei um soneto bobo que te escrevi, atrás de um recibo que encontrei largado na sua cozinha, você leu, pregou ele na geladeira e me abraçou tão forte que eu senti todos meus átomos colidirem violentamente gerando o maior campo de força do universo no meu peito. Naquele dia eu achei que ia virar o maior buraco negro e sugar todo universo pra dentro do nosso abraço. Eu morei naquele momento. Ainda moro, às vezes.
Tem dias que penso no seu olhar que quando me olha causa um impacto de planetas dentro de mim e me rouba o ar todo, e no seu olhar vejo um sopro de felicidade que antecede algum acontecimento muito interessante e um pouco de cansaço.
Eu não sei porque não mais te escrevi, mas eu acho que pode ter a ver com a maioria dos dias em que eu penso em você. Naquele milésimo de segundo que cabe minha vida toda, minha saudade inteira, a vontade que eu tenho de que você esteja sempre em algum lugar aqui, dentro de mim.
Eu não esqueço do filme que marcamos de ver e nunca fomos porque a gente sempre preferiu outras coisas e ele acabou saindo de cartaz e eu nunca vi esse filme depois.
Você assistiu?
E lembra do bar que eu sempre quis te levar?
Fechou há anos, acredita?
Você disse, diversas vezes, que eu sou uma garota dos infernos. Hoje sou uma mulher dos infernos, escuto sempre e a sua voz ainda ecoa quando escuto.
Mas além disso, o depois não cabe mais em mim, não acomoda.
Você faz as coisas que quer fazer. E eu não costumo pensar nada sobre isso.
O tempo passou pra caralho pra nós, sabemos. Mas para que não se esqueça, aqui lhe escrevo dizendo que sim, eu penso em você todos os dias. Não te escrevi porque palavras nunca foram e acho que nunca serão suficientes.
terça-feira, 20 de agosto de 2024
a love supreme
E de repente a cor vermelha toma o quarto dela
Decora nossas peles
Brilha
segunda-feira, 19 de agosto de 2024
no guardanapo 30
e acelera meus áudios no whatsapp
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
quarta-feira, 14 de agosto de 2024
tô precisando de mim, perdi o contato
Gosto de curiosidades aleatórias. Sempre fui de me apegar aos porquês, ao questionamento, de entender como tudo que é alvo da minha curiosidade funciona.
Estive pensando, agora pouco, enquanto passava em frente à farmácia do centro que fechou recentemente: e se eu fosse capaz de juntar todos os comprimidos, as cápsulas, as drágeas que eu já tomei nessa vida pra parar de ficar triste, qual seria a quantidade que eu conseguiria juntar?
Não gosto de coisas sem respostas, então pensei bem, pensei, pensei e bom, vamos lá, hoje são dois ao dia, mas já teve um tempo onde eram sei lá, oito. Tiveram alguns dias onde eu esqueci, desisti, fugi ou simplesmente não quis. E teve dias que eu só acendia um baseado e torcia pra isso passar. Teve uma única vez, aos vinte e três, que eu tomei vários de uma vez e acho que essa não vai contar porque eu vomitei tudo depois.
Assim que cheguei em casa, corri peguei lápis e papel, abri a calculadora... acho que tomei aproximadamente 6.840 cápsulas, comprimidos e drágeas.
Arrendondei vai, 7.000.
Me espantei porque porra, sete mil vezes eu engoli isso numa esperança de não ser mais triste, olhando bem é uma porrada de tristeza pra engolir. Um monte de tristeza, saudade, frustrações desmotivadas, ou sei lá o quê pra fazer sumir, né?
Mas aí... Ainda tomada por uma curiosidade quase infantil, pensei: E se eu pudesse empilhar essas pequenas doses de felicidade artificial e suposta vontade de viver qual a altura que isso alcançaria?
Ri por um momento, quem mais pensaria nisso, senão eu? Lembra que eu falei que sou tomada por uma curiosidade que é muito singular, né?
Mas é sério... quantos quilômetros têm a minha maluquice?
Setenta metros. É sério.
Por cima, assim. Setenta metros.
Será? Bom, pelo menos é o que a minha calculadora e conta maluca chegou.
Ri e pensei que setenta metros é um prédio de aproximadamente vinte e quatro andares, cara. Não é possível!
Mas olhando no mapa online isso não chega a ser do início até o final da minha rua, ou da portaria do meu prédio até a praça na rua de cima. Ué.
Fiquei mais impressionada pelo fato de ser tão curto e ao mesmo tempo tão alto que sequer refleti que caralho: eu tenho setenta metros de espectro e cabeça maluca.
Misericórrrrdia.
Quando eu falo misericórrrrdia eu lembro que preciso parar de imitar o sotaque das pessoas que eu eventualmente conheço por aí.
Enfim. Vinte e quatro andares, gente.
Será que o prédio onde fica a sala do Doutor Álvaro tem mais de vinte e quatro andares?
Por ora, eu não me lembro, mas lembro que o consultório dele fica no décimo segundo andar, que é metade de vinte e quatro, então a subida e descida do elevador são setenta metros de viagem? Setenta metros de ida e volta, subindo e depois descendo, só pra pegar o papel que me prescreveu: tomar sete mil vezes na vida pra tentar ficar menos triste.
Que loucura.
Doutor Álvaro,
eu sinto muito, mas esse tanto de comprimido, drágea e cápsula não deu muito jeito, sabe?
E se eu tomar em gotas?
terça-feira, 13 de agosto de 2024
eu vi glitter onde não tinha, você viu glitter me achou bagunceira
Você me inquieta.
Sempre foi assim.
Desde a primeira vez que eu te vi, sempre notei esse potencial de me fazer parar mesmo, de me fazer te olhar como se você fosse a única coisa existente no planeta naquele milésimo de segundo. Você me inquieta desde o primeiro contato, literalmente, tô nem brincando. Você tem esse potencial de ser a única pessoa no mundo capaz de fazer eu esquecer de tudo enquanto você fica lá, pairando na minha cabeça igual o slogan do DVD. Lembra?
Às vezes era tão bom sentir tudo isso nascendo e vigorando dentro do meu peito. Você nasceu com isso de me gerar amor, incômodo, tanto faz... Eu já nem tenho palavras, também não sei porque insisto em escrever sobre isso se eu sequer quero que você leia. Acho que escrevo pra me livrar de sentir, porque eu só tenho isso... só tenho sentimentos, agora. Só essa vontade imensa de te deixar num canto onde eu nunca mais te encontre, eu adoraria poder fugir dos sentimento que você retém, só queimar nas minhas linhas (ou das minhas linhas) tudo isso que você me faz ser refém.
Eu já te conheço exatamente metade da minha vida, agora. O que isso quer dizer? Nada. Que eu perdi anos nisso. Olho no espelho e tenho alguns fios de cabelo brancos, você também, embora charmosa, esse negócio que chamamos de amor já dura mais tempo que a melanina dos nossos cabelos. Mas ainda assim são anos esperando sempre uma nova tempestade chegando nos teus olhos castanhos, tretas e transas intensas, você escorregou dos teus lábios palavras terríveis de ouvir, e eu acho estranho que eu ainda tenha algum afeto para te oferecer. Estranho que eu saiba que você usa comigo uma máscara de boa menina, enquanto escuto de amigos (mais seus do que meus) sobre o quanto você é capaz de ser filha da puta comigo. Foda-se, né?
Não te culpo.
Eu faria (talvez até faça mas você não saiba) pior do que você imagina.
Você é filha da puta.
E eu sou igual.
E tudo bem.
Não vou te colocar dentro da minha caixinha da moral. Mas também não posso dar moral pro que me rasga o peito.
E é justamente por isso que seguimos com isso. Mascarando as cicatrizes e dançando sobre a imagem distorcida e utópica do que sentimentos.
Você não é legal. Você não é uma boa pessoa mesmo, queria que você soubesse que eu sempre soube disso. Isso, na verdade, é o que todo mundo que conhecemos diz, que você não vale porra nenhuma. Mas eu gosto de um malfeito, lembra? Penso em você mais uma vez, não sei se em Caetano ou em Tom Zé, o tempo passou demais e eu nunca mais ouvi nada de novo sobre você.
E por mais estranho que isso possa parecer: você me causa um pouco de saudade, no entanto.
segunda-feira, 12 de agosto de 2024
do teu abraço não quero largar
domingo, 11 de agosto de 2024
no guardanapo 29
sábado, 10 de agosto de 2024
untold sessions #5: o meu lugar no pódio é um tédio
Você sabe que eu não gosto de você?
Eu odeio quando você me encontra perfumada e me deixa um dia inteiro com seu cheiro, me obrigando a trocar de roupa se eu quiser te esquecer.
Eu detesto que você seja simpática e encantadora, linda, que ganha a atenção de todo mundo por onde passa. Porque você é pura atração.
Como toda boa leonina você é linda, filha da puta e pau no cu! Dona de uma razão que é só sua. Insuportável, egoica. Cheia de achismos babaquinhas. E eu odeio isso em você, mas me divirto e dou corda pra tudo isso.
Mas tá bom... abre esse vinho branco, linda, que hoje eu não quero ouvir você falar de política, do espaço, moda, música ou física, eu só quero ouvir as coisas mais sujas que você vai fazer comigo mais tarde, depois dessa garrafa.
Suas camisas estampadas e coloridas são cafonas, saca? Me incomodam um tanto, então por favor: tira a roupa toda e me envolve num abraço pele com pele, seios com seios, então? Tira logo minha roupa também. Me despe esse ódio da gente se querer tanto. Me derruba do pódio, do pedestal e beija meu corpo inteiro e quando terminar, por favor: comece de novo.
Eu odeio sua playlist de sexo, a minha é infinitamente melhor! Mas a sua enche o quarto com meus gemidos e nossa respiração ofegante, e olha linda, eu tenho uma intensa falta de ar recorrente, mas você não me causa medo quando me rouba o ar.
Nós dividimos a mesma energia, a gente existe na mesma temperatura, na mesma frequência, na mesma vibração, na mesma sintonia, tudo de mais gostoso. E não é curioso que estejamos existindo nessa galáxia, planeta, pais, nessa cama agora, ao mesmo tempo?
Mas eu posso assumir que eu gosto da sua língua nas minhas coxas? Preciso assumir que gosto da sua disposição. Sua barriga na minha lombar enquanto suas mãos fazem um passeio incrível por mim inteira. Inteirinha. Você me devora.
Eu queria dormir, mas você ronca engraçado quando está cansada. Eu sempre te acordo, e você me enrosca numa conchinha quente, você com esse revanchismo otário me acorda, também, no meio da noite dizendo que sou maravilhosa. E aí em dois segundos eu já te boto pra dentro de mim, de novo, de novo, de novo... Uma ocasião especial e deliciosa.
Você só me come pra contar pros seus amigos que eu dou gostoso, pode falar rs
Você só diz que sou maravilhosa no meio da noite, depois de me comer. Já reparou nisso?
Eu não consigo sentir porra nenhuma por você, mas a gente trepa tão gostoso que eu queria sentir.
sexta-feira, 9 de agosto de 2024
sereia do mar de lençóis
O silêncio da vizinhança dela convivia cordialmente com nossos sussurros madrugadeiros. Nós não escutávamos nada lá fora, ninguém nos escutava aqui dentro. Nem mesmo quando eu engasgava com a fumaça do baseado. Nem mesmo quando ela ria alto por qualquer que fosse o motivo. E a gente? A gente se completou dentro daquele quarto.
A entrega com ela é recíproca, é intensa, é verdadeira. Ela é uma companhia deliciosa, desafiadora, inteligente, gostosinha mesmo e tudo que acontece entre a gente é sempre motivo dos meus mais fervorosos pensamentos, da minha mais calorosa saudade. Ela nunca decepciona, nada compromete meu tesão por essa mulher.
A noite começou mesmo umas horas antes, dividimos duas ou três garrafas de vinho tinto, dois ou três baseados e eu já automaticamente sinto uma sensação térmica perfeita e deliciosa pra ficar sem roupa. Ela perde a fala quando me vê nua. Eu gosto disso. Propositalmente busco esse contato, eu não posso negar que gosto da sensação de observar essa mulher descobrindo que eu fico muito molhada depois do beijo, por exemplo. Ou redescobrindo minha capacidade de lamber ela inteira, se ela me permitir.
Mas lá estava eu... Totalmente nua, enquanto ela, também nua, lambia meus seios sem muita direção, brincava com meus piercings, diversão dela é essa, sei lá.
"Gata entra em mim, por favor entra em mim!" - era isso que eu pensava fixamente.
Eu faço aquela cara de cachorro chutado e ela entende tudo. Me bota de quatro, de lado, vem por cima, ela entende tudo mesmo. Me vira do avesso e tira o que quiser de mim.
Eu vou à loucura com a reciprocidade da nudez. Os seios dela nos meus, enquanto meus dedos caminham por entre suas coxas, virilha... eu acho uma delícia quando eu entro nela, uma vez, outra vez, da terceira colocou um pouco de força... ela me soltou aquela respiração quente e ofegante e quando eu sinto que ela está molhada, é o que há de mais gostoso nisso tudo, o prazer nos encontra em qualquer lugar... como eu gosto. É assim que me sinto convidada a devorar aquela mulher por inteira. Às vezes caio em mim e penso na sorte que eu tenho em tê-la, por alguns momentos. Ali. Ela é uma delícia.
E vou falar: a loucura quebra as taças, rasga as mordaças, nos faz dar espaço pro sentimento tomar conta dos nossos corpos. A gente brinca com fogo e se queima toda vez. Tudo entre nós sempre acaba em uma infinidade de assuntos, vinho, buceta e nudez.
Ela tem uma parada de rebolar enquanto eu meto que me deixa fora de mim, ela é má quando me dá, ela é objetiva e cheia de energia isso me faz querer beijar os lábios dela em cada minutinho livre que temos juntas, transar com ela em toda oportunidade que nós temos, eu sou maluca e muy enamorada dessa mulher e eu sinto que poderia flertar com cada pedacinho de vida pulsante que há nela e sempre me apaixonar de novo, de novo e de novo...
domingo, 4 de agosto de 2024
a história vai pra sempre ser lembrada, seja como um amor ou seja um trauma, seja pelo fogo ou pela calma, seja pela dor ou pela falta
2h32.
A ansiedade me encontrou antes mesmo que o Sol pudesse botar as caras no Brasil e transformar essa noite em uma manhã fria e desanimada de uma segunda pós um final de semana mágico, regado a tudo que não presta, ao lado dela, vivenciando inteiramente momentos de intensidade ímpar... Eu não sei não... Um final de semana perfeito demais, por isso o meu pé atrás diz que daqui a pouco a claridade chega com uma vibe de segunda feira pra estragar e roubar o brilho dos últimos dias. Eu me protejo do que ainda não veio, do que às vezes nem sequer virá e é isso que é foda. Eu me antecipo porque eu a conheço bem até demais. Eu sei do potencial dela em qualquer quesito. Ela exerce a plenitude do seu livre arbítrio e eu eu sei disso. Sei que ela pode me fazer morrer de amores, sei que ela pode me matar de raiva.
Enfim.
Eu não conseguia dormir.
Eu também não conseguia ficar parada ou quieta, nada. Quis fugir daqui tão rápido quanto o Taz Mania dos desenhos animados que eu via, derrubar paredes, portas, atravessar montanhas... tudo. Quis sair daqui tão rápido que meu cérebro sequer teria tempo de registrar a ação. Quis estar em casa, nas minhas tardes sozinha, ignorando o resto do mundo, ouvindo lo-fi na máxima nos meus fones brancos, mas eu estava lá... Ao lado dela, numa cama macia, num clima muitíssimo quente entre a gente.
Ela... Ela... Ela... Ela. A mesma mulher de sempre. Ela. Eu estava mesmo ao lado daquela que ainda é meu maior amor veranil, que superou cada uma das estações que vieram.
Sei que pequei pelo excesso e agora estou aqui, semi bêbada, naquela rebordosa de final de rolê contestando minha existência e até a sanidade.
Caminhei um pouco pelo extenso apartamento branco e me senti um pássaro raro preso, atado e dentro uma gaiola inteira feita de ouro, confortável, não muito aconchegante, mas farta.. Mas eu não quero me permitir me sentir pertencente.
Busquei por ar puro e salvação, em vão. Eu ainda estava ali, cem porcento ali. Posturada, com a mente a milhão, mas ainda ali. Desaprendi a fugir e acho que de fato: agora sou um pássaro e não mais peixe, não mais rato. Eu perdi um pouco da minha perspicácia, eu acho.
Quando voltei pro quarto, ela nem sequer tinha se mexido, observei-a dormir por um momento. Pensei que gosto de vê-la dormir. Acho que sinto inveja porque ela dorme.
As curvas do corpo dela embaixo do lençol branco me soaram perfeitas, deliciosas, me fazem entender porque eu fico. Quis acordar aquela mulher pra falar que eu a amo, pra trepar, pra fumar um baseado, pra tomar só mais uma tacinha de vinho, pra dizer que eu vou embora, sei lá...
Eu só escrevo para que ela não se esqueça de mim, acho. Para que ela nunca se esqueça que eu ainda a amo, apesar da velocidade e do assombro do passar desses anos todos.
Ah, sei lá. Eu não sei qual é o contexto desse texto e tudo bem, tudo bem eu acho... E de qualquer forma, eu já vomitei sobre ela todas as palavras arrogantes de amor do meu repertório todo. Eu já nem tenho mais o que falar pra ela.
Acho que tenho medo depois de tudo, depois de tanto... Acho que escrevo para que nós nunca nos tornemos duas estranhas.











