terça-feira, 23 de maio de 2023

a incerteza nunca espera

Eu continuo vestindo as memórias mais bonitas que tenho com ela, me surpreende o quanto ainda me cabem e combinam tanto comigo, passo horas morando na minha saudade. Apertada. Afogada. Quente. Num último suspiro eu sinto raiva de mim mesma porque eu queria mesmo deletar da minha mente absolutamente tudo que vivemos, esquecê-la, resetar meu cérebro, queria que tudo isso fosse como se eu nunca tivesse a conhecido, a conhecido nua, tateando seu corpo em busca de salvação, a conhecido em tantas situações que fica difícil não associar ela com algo do meu dia. Todo dia. Tirar ela da cabeça, viver plena como se eu não fosse perseguida, capturada e abatida pela saudade todos os dias. Mas pra ser honesta, só de não me lembrar o tempo todo eu já me sentiria muito mais feliz. Seria bom só não reviver essas memórias velhas, com cheiro de naftalina, seria bom não fabricar novas memórias que deixam saudade e não continuar vivendo momentos intensos semanalmente com ela, não ceder, não querer e é isso. Mas eu ainda bebo na fonte da saudade.
Me sinto sempre planando sobre a incerteza do que ela sente, e consequentemente nunca deixando que ela saiba - também - o que eu sinto ou já senti, aí é que tá o erro. Reclamo de quando ela faz o mesmo que eu, mas eu sei que posso ser um bloco de gelo se eu quiser, um paredão, uma porta, eu posso não comunicar nada e ainda assim esperar que ela saiba o que eu sinto, e honestamente ela sabe o que eu sinto, não é possível que não. A incerteza nunca espera pra destruir meu coração, pra amargar minha rotina, minha vida, nunca deixa falhas, vira gatilho, machuca. Enfim... essa merda toda.
Eu seria escrota ao dizer que acho que ela sempre me interpreta de forma errada?
Eu sigo morando numa casa imensa sem espaço nenhum pra mim. E é difícil cortar os laços, se afastar dos abraços, não desejar ela dentro de mim em todos os sentidos, não querer, não derreter dentro da memória que guardo dos meus lábios encostando nos dela, na primeira vez e em todas as vezes após.
Eu não seria capaz de esquecer. O ser humano tende a guardar memórias que machucam, masoquismo, o caminho até esquecer é espinhoso e sempre que eu tô na metade, eu volto correndo pra trás, eu fujo pelas laterais, eu volto. Acho que eu não esqueceria nem com qualquer tipo de terapia, mesmo que eu quisesse, e olha que juro que eu quero. Querer não basta.
E também tem a parte dela, que me dribla, que me tira de mim, que quando me chama me deixa ansiosa igual criança, ela... que é capaz de se aventurar comigo por todos os cômodos daquele apartamento do nono andar, do condomínio, do bairro, dessa cidade, dessa areia... Mas depois sempre vai me deixar morando sozinha com a minha solidão, o apartamento grande fica o dobro do tamanho pela manhã, e mais frio, e tudo de novo logo após: quando eu tô prestes a esquecê-la, ela me chama e me tira a roupa, o ar, a saudade, a vergonha. Minha luta silenciosa segue plena, mesmo quando eu tô trepando com a porra da minha algoz, criando novas memórias, numa corda bamba, tendenciosa sempre pro pior... talvez ela não me interprete de forma tão errada assim.


quinta-feira, 18 de maio de 2023

noites despretensiosas

Acendo um verde, metade do baseado a gente já fica no modo slow, rindo de tudo e o sorriso que ela me direciona deixa tudo em câmera lenta, nunca me tira do foco, me tem nos melhores takes. Lentamente ela me beija, meu coração acelera o batimento, fica doido, descompassado, fico quente rapidamente. Meus movimentos me pareciam pesados, mas ainda assim eu deslizei pro colo dela, no cara a cara a gente não se resiste, não consegue não deixar as coisas fluírem, ao fundo uma playlist da Jill Scott deixava nosso breve silêncio mais delicioso e confortável porque quando fico em silêncio ela me beija, sempre, toda vez. E eu amo ser beijada. Ela crava as unhas no meu quadril e ganha uma rebolada. Eu amo nossas noites sem pretensão de nada, mas sempre acontecendo muito.
As voltas que a língua dela me dá me fazem ficar assim, desejante. Totalmente protagonista das cenas de amor dentro do meu quarto com essa gostosa na minha cama, a gente seria sucesso na Netflix, temos playlist, temos história, carisma como casal principal, a gente tem tudo pra ser o casal mais pik4. Com quantas mulheres eu tive essa química? Nenhuma, ela é foda. O que mais precisa? Toda vez é a mesma fita, não importa o dia, a noite, a vibe. É beijo na boca, trepadas loucas e a TV perguntando se nós ainda estamos assistindo ou a playlist indo e voltando, igual nós.
E seguindo o ritmo, eu quero muito dizer pra ela que no meu corpo ela é a mais deliciosa turista, cada visita me empolga tanto que não consigo esconder, ela tira minha roupa, passeia em mim de um jeito bastante empenhado e empolgado com a boca e me hace cometer muchas tonterías, eu fico impressionada com a velocidade que as coisas evoluem entre nós. Eu não nego que amo um banho de língua, um chá de buceta. E ela é composto por 100% da minha atração. Puta que pariu. Há cinco minutos era só um beck agora ela tá me mordendo e me chupando inteirinha igual chiclete, me deixando marcas pr'eu lembrar depois que a gente transa de um jeito louco. É impossível não ser atraída diretamente pra ela, pro beijo, pro abraço, pra xota, pra tudo. Eu olho essa mulher e já me vem besteira na cabeça.
Eu quero forte.
Ela quer forte.
Não há impasse.
Nem dúvidas.
Ela me tem no colo, na mira, de quatro, totalmente embrulhada pelos braços e mãos dela, eu gosto tanto quando ela me sente, me toca, diz que eu tô encharcada e tá louca pra mergulhar em mim.
E não tem nada mais gostoso que quando eu tô quase gozando e eu peço pra ela botar "só uma mais forte" usando minha cara que impede ela de sair daqui.
E nesse momento a sorte é minha porque hoje ela fica até mais tarde e me beija sem parar, fode até cansar, diverte, fala dos problemas e quando me come ela diz que esquece, sem estresse, parece que nunca cessa minha vontade, o olhar dela é tão profundo que ela é totalmente capaz de me atravessar, me penetrar mesmo, principalmente quando ela me olha eu estando totalmente nua, vestindo apenas os beijos que ela me deu pelo corpo e aff, não tenho mais nada pra falar, bagulho de atração é doido mesmo.


domingo, 14 de maio de 2023

atenciosamente, eu.

Eu já perdi a conta de quantas vezes mergulhei na saudade pulando do ponto mais alto. Mais corajoso. Mais impensado. Mais imprudente. De cabeça direto pro banco de areia, mesmo ato irrefletido, nunca ponderado... Toda vez. Cíclico, chato, o peixe é animal burro, mas e eu que além de ser um animal bem burro, sou apaixonada? Sequer sei nadar e consequentemente - também - já perdi as contas de quantas vezes eu morri de amores por ela, de ódio, de qualquer sentimento que seja porque ela é bem boa nessa parte de me fazer sentir, sentir muito, sentir de tudo. É foda falar que senti ódio por ela algum dia porque esse é o sentimento que eu mais luto pra me livrar diariamente, constantemente.
E ainda assim continuei vivendo pra morrer de novo, pra pular de novo, pra sofrer de novo, pra sentir de novo, pra odiar de novo a cada vez que ela saiu da minha vida ou que eu saí da vida dela. Eu já falei disso tantas e tantas vezes que até cansei, poderia lançar um livro sobre toda nossa treta, este se chamaria "não te ofereço coração, só droga e buceta". E como fingir que eu não me contradisse em todas as vezes que eu disse que não voltaria, o que eu fiz? Eu voltei logo após porque acho que tanto eu quanto ela somos dependentes emocionalmente desse ciclo falido, faz bem pro ego dela e pra minha líbido, mas sempre é isso: sempre recomeçando e deixando pra lá. Sempre reaparecendo na minha vida quando sabe que eu tenho alguém, sempre surtando nos bailes quando eu tô com quem ela sente ciúmes: ela descola, me liga, não atendo, ela sobe a serra, me procura, enche a cara de pó e lança perfume e me acusa de qualquer coisa pra me fazer passar como errada e pra ser honesta, isso cansa. Mesma fita. Acho que ela só é feliz quando tem droga, álcool, festa. Acho que ela só é feliz quando manipula absolutamente tudo usando o dinheiro dela, compra amigos, compra sorrisos, compra comigo, encurta distâncias e me sufoca.
Meu erro é ser extremamente irresponsável quanto a mim, quantas vezes eu não priorizei o agora sem pensar que poderia acordar amanhã com outro clima entre nós? Deveria ter sido egoísta quando foi essa a característica que ela me deu, mas não fui. Queria ser filha da puta igual eu era, mas não consigo mais. Ela bloqueia meu lado cuzona e eu fico apegada à ela como se não houvessem dezenas de coisas para serem vividas por mim, várias outras mulheres pra eu dançar nessa festa, várias outras mulheres pra eu me apaixonar nessa vida. Vários sabores, cheiros, vários corpos pra eu fazer festim, trepar de luz acesa, dar tapa na cara, meter forte até de manhã e chamar de princesa, vários outros pensamentos de outras mulheres pra eu morar e fazer um motim.
Mas...
Às vezes quando eu tô drogada ou bêbada eu acho que a culpa da gente dar errado é só minha porque, segundo ela mesma, eu "só faço as coisas por mim, só penso em mim, sou egoísta, filha da puta e só faço o que eu quero, como quero e quando quero".
Eu ainda sou apaixonada por ela mesmo quando amanhece e ela me repele com veemência, me faz sair como errada em qualquer situação... eu nem entendo a minha parte da insistência, mesmo que eu entenda, respeite e abrace a mulher que eu era antes, tão menina, que jurou que a amava e nunca abandonaria. Minhas metas, atrações são outras mas a vida é muito múltipla. Às vezes eu gosto da forma como ela me olha sabendo que não pode me fazer ficar, fujo mesmo querendo ficar.
E é foda, quando eu baixo a guarda é quando eu sei que estou prestes à escrever pro meu eu do futuro (amanhã)
" - Querida, eu.
Mais uma vez eu cedi e subi até o ponto mais alto da minha saudade, do meu tesão, da minha vontade e pulei. Com uma pedra gigante amarrada aos pés, peixe como somos, escolhi uma atitude burra. Espero que você seja boa em desfazer nós trilenes. 
Sei que saberá fugir.
Espero que nos salve.
- atenciosamente, eu."
Foda é isso! Ela cultua o ego, a si mesma e parece gostar disso, ela me faz achar que o amor é mesmo um masoquismo do caralho.
O peixe se não morre mordendo a isca, fica seriamente machucado. Eu nunca esperei que ela se importasse, por isso sempre me antecipei.
Filha da puta.


avelã

Ela é tipo desejo, tipo vontade forte que não cessa, a cada oportunidade que eu tenho eu aproveito o ensejo e a beijo com paixão porque eu sou mesmo bastante maluca por ela, bastante apaixonada por ela e eu juro, juro, juradinho que eu não vejo forma de ser diferente tendo em vista que eu sou extremamente atraída pela gente.
Ela é a realidade de um sonho pra mim, sempre foi, daqueles gostosos que quando acaba a gente tenta dormir pra voltar pro sonho ou começar tudo de novo, ela é um sonho tão gostoso com recheio sabor creme de avelã. Eu sou fã, sou dela.
Ela é a doçura de uma paixão tão nova, mas que eu sei que vai durar e se eterniza em cada beijo dado, roubado onde quer que seja. Não importa. Eu gosto dela ao ponto de perder o interesse em outros sabores, outros doces, outras fodas. Perder a intenção de viver o frescor dos novos amores, não quero mais nada.
Ela tem cara de poema, olhos cor de avelã, beijo de cinema, cheiro de delícia, qualquer poesia que eu leio carrega teu nome e eu não esqueço nunca, da hora que acordo até quando adormeço.
Ela me tem.
Me ganha.
Me rouba sentimentos.
Me devolve sensações que eu não tenho, mas que quando ela me dá eu sei que sempre quis.
Ela é amor. O meu. Acho que isso resumo tudo e eu espero que ela entenda porque eu não sei falar de amor, mas sentir com ela é muito fácil.



segunda-feira, 8 de maio de 2023

é melhor falar ou fingir que esqueceu?

Ela some, mas ela volta. É uma certeza vazia, convicta, sólida. E daí ela fica nisso, fode comigo e ainda assim continua na moita, em cima do muro, indecisa me prende nisso, se prende nisso, nos faz perder tempo com isso, sabe que me ganha no meio disso tudo, me ganha no olho do furacão emocional que essa mulher é. Eu não me abalo, não me faço presa fácil, eu fujo, sumo, escapo de dentro de qualquer situação que não me vejo obrigada, e faço o meu melhor para que eu saia ilesa, igual rato, sempre pensando em si antes de tudo porque o instinto de sobrevivência grita. Eu pularia do nono andar igualzinho fazem os vilões em fuga, nos melhores filmes de ação. Eu também saio correndo, eu fujo pelas escadas, eu roubo placas, eu bagunço os detalhes, eu também sumo da vida dela, eu também ignoro, eu também revido, eu também sou otária, tenho um milhão de comportamentos escrotos com ela, eu corro léguas mesmo asmática, atravesso dois bairros inteiros para fugir da presença dela. Como revide ela some. Me ignora, me esquece e não faz ideia do quanto isso me perturba, e dói. Me desapruma. Sempre igual. Sempre. Briga, some, surta comigo por erros do passado, porque não me compra igual ela faz com os amigos dela, ela inventa qualquer coisa e jura que me odeia, aparece desesperada e diz que me ama, eu também digo e a gente transa, ela volta, transa, fica, transa, transa, transa mais, fabricamos amor, mais que isso paixão, apaixonada ela diz que vai mas volta, e volta mesmo, vem e me beija, beija, beija, a gente se curte, se ama e transa, e aí ela surta, enxerga meus defeitos e some. Essa atitude me fode. E quando ela volta é sempre equivalente à uma queda brusca, no melhor estilo "surprise motherfucker!", de paraquedas no meio da minha vida de novo, mesmo ciclo, mesma mulher, mesmo beijo gostoso, me assalta os amores, os textos e toda atenção, suspirando, encho ela de poesias baratas e drogas caras queimando as madrugadas afora perigando pela orla, em retribuição ela me dá algumas horas de irracionalidade e uma infinidade de orgasmos, beijos e sentimentos, alguns novos até, mas a maioria deles chega até mim com o mesmo gosto de sempre, a mesma forma gostosa e atraente de sempre, o mesmo rosto de sempre, o mesmíssimo chá de buceta delicioso de sempre, no máximo uma tatuagem nova e um corte de cabelo diferente e pronto: eu esqueço o que ela me fez porque eu não sou rancorosa, eu não consigo remoer o passado a não ser que ela me provoque muito, me faça chegar no limite, mesmo quando eu olho pra ela de forma fria e vazia. Eu não guardo rancor, é por isso que eu volto. Pela inspiração e pelo tesão barato porque agora construir laços maiores com ela novamente me causam algum desconforto estranho.
Eu aprendi à respeitar o que ela sente, à falar o que eu sinto também. Entendendo e aceitando que eu não sou certa nem errada, que muito disso que eu sinto me pertence mas muitas coisas não. Eu dei passagem pro sentimento do início ao fim, ela não ficou porque não quis. Porque não era pra ser. Sei lá. Não quero discutir essas pautas porque eu sou cheia de positividade em relação a nós e ainda assim nada muda.
Toda vez que eu fecho as portas, ela me abre as pernas, faz parecer que minha cama e meu corpo são os melhores destinos turísticos pra ela. Ela me convida, eu embarco na ideia, eu entro nela, furiosa, assim nosso ciclo recomeça. Ela me olha provocativa, penso que essa buceta é armadilha, mas caio, mas entro, bato forte, meto fofo e ela gosta, me solto da armadilha pra cair de novo. Me deixo então ser presa burra propositalmente, deixo a peça longe de mim quando estou com ela pra parecer mais inocente. Cega, de olhos fechados eu puxo ela pela cintura e daí em diante eu pareço hipnotizada, em transe. Se é isso e só isso que ela quer de mim, a gente transa então, tanto faz. Uma foda a menos, uma foda a mais. Ela gosta de mim porque a gente transa encaixado e talvez seja esse motivo que eu não supero, talvez o motivo seja a paixão que eu tenho por estar com ela entre madrugadas de baile, madrugadas de praia vazia, sem medo, madrugadas no apartamento, madrugadas de poesias onde ela me crava os olhos, a ponta dos dedos e tudo mais... e eu invento de sentir paixão.
Sei lá.