sábado, 13 de julho de 2019

cheque mate

Noite apática, brilho nenhum, noite fria igual o coração de São Paulo. Um baseado e vinho pra esquentar. A vida já estava slow e eu tinha tomado algo antes então foi inevitável, de repente lá estávamos nós. Tão perto. Ao mesmo tempo que sinto o beijo dela, vejo escorrer entre meus dedos promessas de meses e meses descumpridas com sucesso. O destino às vezes nos presenteia com encontros casuais assim. E ela sabe que quando eu olho pra ela, ela não precisa gastar meia hora de conversa comigo.
"Foda-se, eu já tô sentada no banco do carro" - Tento me convencer e bancar a difícil pra mim mesma, já sabendo que pra vê-la sem roupa não importa onde eu esteja sempre saio à francesa. Só ela falar "vem". Eu fui, não é nem duas da manhã e a gente já se encontra dando perdido nos meus amigos e nos amigos dela.
Filha da puta eu, filha da puta ela.
Sinal vermelho, ela para e me dá o sinal verde, não resisto e ela me ganha. Ela acelera e eu acelero muito. Ela molha, eu sinto. Meu sangue ferve e eu coloco um dedo a mais; Tiro o dedo, coloco na boca... o sabor dela carrega um teor altíssimo de vontade. Ela me olha enquanto me pergunta se eu tô com tanta vontade quanto ela.... "Sempre!". O olhar dela continua até hoje me parecendo fogo.
Prende o cabelo e sorri, nenhuma de nós fala em saudade mas é algo nítido, me pede beijo e pra ela eu só derramo respostas positivas. Pra chegar na cama dela falta pouco mais de quatro, no máximo cincos quadras.
No elevador me beija, me leva, me puxa pela cintura e me ganha. Sempre recaio na de ficar me perguntando como nós aguentamos tanto tempo sem a outra e de vez em quando me pergunto se o porteiro tá assistindo enquanto a gente mata um pouco da saudade, com aqueles nossos amassos tão nossos que beiram até a covardia. Abre a porta, me oferece água enquanto me beija, aceito e agradeço. Eu até tento conversas politizadas, falo do clima, faço piada com tudo e ela dá risada... Da porta pra dentro eu até penso que não preciso de mais ninguém, tenho o ménage perfeito: eu, ela e a maconha. Desconto nessas fodas aleatórias o meu misto de saudade e vontade de dar pra ela aquele chá sem pires e nem xícara. Só puxo pra mais perto, eu com dois ou três dedos dentro dela é muito mais que a sorte.
Ela acende o baseado enquanto coloca uma playlist qualquer, rebola em mim, eu beijo o pescoço e preciso dizer que proximidade demais sempre gera um alvoroço na minha libido. Eu sento, ela tira a roupa e sem roupa senta no meu colo, sinto enquanto ela escorre tesão e me molha junto. Me sirvo dela ainda quente, e tão crua... Linda e única, estranhamente me surpreende a cada novo olá. De costas eu puxo o cabelo, xingo no ouvido... Ela tem uma rebolada que me relaxa mais que massagem, virou meu vício, na abstinência do corpo dela chego a sentir seu gosto na minha boca, fico louca. Meses sem ela e não esqueço nem que eu foda todo um harém e qualquer outro alguém. São meses e meses e meses de tesão absoluto, dias e dias e dias de saudades do beijo, da foda, do gosto, do cheiro, do abraço. Já tô acostumada à todo perdido que a gente se dá, sei lá. Às vezes eu só queria vê-la e sentar pra conversar. Eu sucumbo a qualquer pedido que ela me faz, sempre foi assim e acho que assim sempre será. Às vezes queria que ela assumisse que isso que nós temos é cheque mate, não existirá aqui ou em nenhum outro CEP alguém, além de mim, que a foda com a mesma intensidade com a qual a ama. Ela entender que eu até penso nela às vezes numas ideias de ir além da cama...Que relacionamento é construção mas eu quero amor sem drama. Se perguntar eu nego, mas eu amo quando eu estou na maldade e ela me olha e fala: "te amo". Ela não entende como mudaria minha vida tê-la aqui, usando minha camiseta pela manhã ou até mesmo me pedindo pra fazer um chá de camomila, só porque ela teve um dia estressante. Eu provavelmente iria rir e fotografar cada expressão dela ao me olhar, ao falar, ao andar nua pelo apartamento, ou até mesmo quando o Sol das 17h dança na pele dela de um jeito tão bonito...
Já faz tanto tempo que estamos assim, acho que já fazemos parte uma da outra, de alguma forma.

Nada de "Terra à vista!" por enquanto.
Seguimos à deriva.







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